Depois de dois anos de pandemia, 2022 chegou com a expectativa de retomada, principalmente relacionada às feiras e festivais literários nacionais e internacionais. O que de fato aconteceu.
O mercado do livro se adaptou ao on-line, realizando lives e lançamentos de forma virtual, mas a vontade de voltar ao presencial era grande. Em 2020, quando apresentou os resultados da edição virtual da Feira do Livro de Frankfurt – a mais importante do setor – o presidente da feira, Juergen Boos, comentou que ao mesmo tempo que sabemos que nada pode substituir o encontro pessoal, "aprendemos muito para podermos realizar as feiras do livro que virão, tanto no que diz respeito a eventos físicos quanto digitais”. Em 2022, eventos em todo o mundo tentaram adaptar o que foi aprendido durante a pandemia.
O calendário internacional de eventos começou em março com a 59ª edição da Feira do Livro Infantil de Bolonha. O evento, que homenageou o emirado de Sharjah, deu destaque para os quadrinhos. Por aqui, quem abriu o calendário nacional foi o Flipoços, que realizou uma edição virtual em abril. A festa contou com 120 convidados e 60 mesas de debates.
Vale lembrar que um mês depois da realização do evento, Andy Ventris, até então diretor da Feira, deixou o cargo.
Já em maio, retomada também do LER – Salão Carioca do livro que chegou à sua 4ª edição expandindo seu tamanho. Este ano o evento ocupou mais pavilhões do Píer Mauá, além do entorno do Porto Maravilha, para abrigar 30 espaços com diferentes atividades.
Em junho: uma nova feira em São Paulo. Idealizada por Paulo Werneck, presidente da Associação Quatro Cinco Um e editor da revista de mesmo nome, a Feira do Livro ocupou a Praça Charles Miller, em frente ao Estádio do Pacaembu, e contou com a participação de mais de 120 editoras. Sem patrocínio em sua primeira edição, o evento ao ar livre trouxe autores importantes para sua programação e conseguiu reunir um bom público, mesmo com a chuva que caiu em São Paulo nos dias da Feira.
Em julho, a Festa Literária Internacional da Mantiqueira (Flima) voltou a realizar uma edição presencial trazendo o tema do decolonialismo e homenageando Conceição Evaristo.
Um dos eventos literários mais aguardados do ano, a Bienal Internacional do Livro de São Paulo também aconteceu em julho. A 26ª edição do evento teve nove espaços oficiais, mais de 1,5 mil horas de programação e recebeu 660 mil pessoas, número 10% superior ao público da edição de 2018.
As editoras, por sua vez, reportaram recordes nas vendas, com destaque para a influência do TikTok nessa edição do evento: nas vendas, na construção dos estandes e na programação.
Durante a Bienal, o PublishNews também realizou a sexta edição do Interlivro – Encontro Internacional de Profissionais do Livro. Parte da programação do Papo de Mercado, o evento trouxe debates relevantes para o setor e contou com a participação de nomes como James Daunt, CEO da Barnes & Noble; Juergen Boos, presidente da Feira do Livro de Frankfurt; Margot Atwell, diretora da Feminist Press; Ronald Schild, CEO da MVB; e Karine Pansa, vice-presidente da International Publishers Association.
Contando também com o estande coletivo A grande livraria, a Bienal do Livro de São Paulo terminou sua edição de 2022 movimentando quase R$ 350 milhões e gerando 3,4 mil postos de trabalho.
Em setembro, o Flipoços realizou sua edição presencial, reunindo no Teatro da Urca, em Poços de Caldas (MG), uma intensa programação que contou com a presença de Ney Matogrosso.
As editoras brasileiras que participaram do evento através do BP movimentaram ainda US$ 928 mil em novos negócios, somando acordos já fechados para a venda de livros físicos e de direitos autorais e novos contratos a serem acertados nos próximos 12 meses.
Além disso, o CreativeSP, programa de internacionalização da economia criativa do Governo do Estado de São Paulo, levou mais dez empresas paulistas para a Feira e que puderam participar de reuniões e uma sessão de matchmaking.
Com o tema Traduzir. Transferir. Transformar e tendo a Espanha como país homenageado, Frankfurt discutiu os temas mais relevantes para o mercado editorial mundial como audiolivros, direitos e tradução e se manteve antenada ao continuar se posicionando em assuntos políticos mundiais, como a guerra entre Rússia e Ucrânia. O PublishNews mais uma vez esteve presente e cobriu todos os dias do evento.
Na semana seguinte à Feira de Frankfurt, o calendário mundial do mercado tem seu espaço reservado para a Feira Internacional do Livro de Sharjah, que ano após ano vem mostrando sua relevância para o setor.
Junto com a “Bienal da retomada” todos estavam ansiosos para a 20ª edição da Flip, que este ano – em razão da pandemia – ocorreu em novembro. Com um trio curatorial e homenageando Maria Firmina dos Reis, a Flip 2022 contou também com a presença da Nobel Annie Ernaux e uma programação intensa.
Do lado das casas parceiras, o PublishNews teve um recorde de anunciantes, diversificou sua programação e trouxe para todos os dias do evento as suas tradicionais happy hours.
Encerrando o ano, a 36ª Feira Internacional de Guadalajara ocorreu logo depois da Flip, no final de novembro, e contou com a participação de dez editoras brasileiras.
Além dos eventos já citados, muitas outras feira e festas literárias pipocaram pelo território nacional durante o ano. Destaque para o Fliaraxá, que realizou sua 10ª edição em formato híbrido; o Flic - 1º Festival Literário e Cultural de Itu; o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, que realizou sua primeira feira de livros; o VII Salão do Livro Político, que também voltou ao formato presencial; a Bienal Mineira do Livro, que ocorreu em maio; a Bienal de Pernambuco, que movimentou R$ 12 milhões em negócios; o Flipop, evento realizado pela editora Seguinte e chegou a sua 6ª edição; e vários outros.