Editoras se destacam na performance de vendas de catálogo com diferentes estratégias
PublishNews, Guilherme Sobota, 16/05/2024
Listas divulgadas agora pelo PublishNews apontam quais editoras se posicionam melhor quando o assunto é faturamento por ISBN vendido

Listas evidenciam diferentes estratégias de editoras de tamanhos diversos | © Livraria da Vila
Listas evidenciam diferentes estratégias de editoras de tamanhos diversos | © Livraria da Vila
Dados de relatórios do mercado do livro, com informações de 2023 e divulgados agora com exclusividade pelo PublishNews, identificam as editoras com melhor performance do catálogo, ou seja, com maior faturamento por ISBN vendidos. Tanto na lista da Bookinfo quanto da Nielsen Book, a Citadel aparece em primeiro lugar, seguida pela Editora Sextante. Outras casas bem posicionadas são Buzz Editora, Intrínseca, DarkSide Books, Editora Gente, Arqueiro, Pipoca e Nanquim e Antofágica.

“Esse ranking diz respeito às editoras com maior performance de faturamento em relação ao catálogo”, explica o diretor da Bookinfo, Eduardo Cunha. “Na prática, é a editora que mais acerta, ou seja, faz mais dinheiro com menos títulos”.

O country manager da Nielsen BookScan no Brasil, Ismael Borges, explica que o relatório está ranqueado pelo faturamento da editora dividido pelo tamanho do seu catálogo movimentado naquele ano. “É possível ver editoras de diferentes dimensões convivendo na mesma lista. É também importante destacar que a ordem em que as editoras aparecem na lista não significa que elas sejam melhores ou piores entre elas, mostra apenas a diversidade de estratégias que cada uma segue”, afirma.

Para o editor executivo do Grupo Citadel Editorial, Marcial Conte, um dos principais fatores que colocam a casa no topo da relação é a concentração do foco do trabalho nos títulos.

“Não estamos interessados no volume de lançamentos, mas sim na qualidade do trabalho editorial, de divulgação e de venda”, explica o editor. “Se tivermos que lançar apenas um livro no mês, lançaremos, mas desde que todos tenham a plena certeza de que aquele vale a pena. Quando um livro é lançado aqui, pensamos em todas as possibilidades de promoção, divulgação e venda. Enquanto todas elas não estiverem esgotadas nós não pararemos. Nunca olhamos para trás e pensamos: ‘puxa, um livro com grande potencial, mas não vendeu por falta de divulgação’. Isso é inaceitável aqui. Enquanto todas as possibilidades de divulgação não estiverem esgotadas, não nos daremos como vencidos com aquele título”.

Para o fundador e diretor da Buzz Editora, Anderson Cavalcante, estar bem posicionado neste ranking é também resultado de um princípio da empresa.

“Lançamos de dois a três títulos por mês porque realmente acreditamos que devemos lançar somente aqueles títulos que serão capazes de causar uma transformação na vida e nos negócios dos nossos leitores”, afirma ao PublishNews. "Por isso nosso slogan é: 'Não é você que vira a página, é a página que vira você'. Escolhemos a dedo nossos autores e projetos, e trabalhamos fortemente cada título no texto, na capa, e toda campanha. Seja foda!, por exemplo, foi reescrito sete vezes até vender mais de um milhão de exemplares. E temos ainda um modelo de negócio com muita venda direta através de eventos organizados por nós ou nossos parceiros no Brasil e no mundo. Números esses que não aparecem nas listas de mais vendidos”.

Os dois editores também indicam que medidas de governança e sustentabilidade têm a ver com a alta performance dos seus títulos.

“Ter um controle de estoque e organizar as impressões e volumes de armazenagem também são ações que estão diretamente ligadas ao potencial de melhor aproveitamento do catálogo”, comenta Conte. “Com isso, há uma regulação saudável da relação estoque/reimpressão/impressão de lançamentos. Essa gestão é crucial e, aqui, ela parte da diretoria da empresa, o que, consequentemente, nos torna sustentáveis e mais organizados logisticamente falando”.

Para Cavalcante, o foco em ações de longo prazo garante o índice de vendas. “Não acredito que tenha certo ou errado no mercado editorial, mas nós não decidimos o que vamos fazer amanhã no impulso, e, sim, atuamos e maturamos bem cada estratégia para que ela seja altamente sustentável e consistente. Na Buzz, não sabemos correr os 100 metros rasos, mas somos bons em fazer uma ultramaratona. Somos do jogo do longo prazo. Por isso nossos livros são long-sellers, assim como nossa relação com os livreiros e autores”, explica o editor, que tem 30 anos de experiência no mercado editorial.

Marcial Conte entende que um bom posicionamento num ranking como esse pode dar sinais positivos tanto para os leitores quanto para o mercado, e até para os autores. “Para o leitor, é uma garantia de qualidade de publicação e de possibilidade de encontrar os títulos da editora”, comenta. “Já para o mercado, é uma segurança de que aquele título tem um potencial grande de venda, uma vez que terão a certeza de que a editora está fazendo o possível – e às vezes o impossível – para que aquele título tenha uma grande performance. De forma mais direta, ele sente mais confiança de que os livros da Citadel vendem; por fim, para o autor, é a esperança e a garantia de que aqui é o lugar, a casa editorial, onde o livro dele terá mais chances de sucesso, chegará aos leitores e provavelmente seu potencial será extraído ao máximo”.

Dicas para performar melhor com o catálogo

A pedido do PublishNews, os editores sugeriram algumas medidas que podem contribuir para uma melhor performance do catálogo nas vendas. Aqui estão algumas delas:

  • Não ter um volume mensal muito grande de lançamentos;
  • Pensar na capacidade de absorção do mercado;
  • Não ter livros que concorram entre si, ou seja, lançar livros para o mesmo público em meses separados;
  • Marketing deve ser recorrente: a força maior de marketing está nos primeiros meses de lançamento, mas todo o catálogo da editora deve ser trabalhado de forma uniforme
  • Oportunidades de divulgação e promoção não estão limitadas aos lançamentos; muitas vezes, é no fundo do catálogo em que existem oportunidades de divulgação mais baratas;
  • Evitar lançamentos “oportunistas”;
  • Procurar conectar verdadeiramente autores e leitores;
  • Trabalhar para que os livros sejam gostosos de ler;
  • Cumprir a promessa aos leitores, ou seja, não vender gato por lebre.

Veja as dez primeiras posições nos rankings de performance do catálogo em 2023 (o número em parênteses se refere à quantidade de ISBNs movimentados pelas editoras no ano):

Bookinfo*:

  1. Citadel (233)
  2. Editora Sextante (1.283)
  3. Buzz Editora (186)
  4. Intrínseca (1.178)
  5. DarkSide (471)
  6. Editora Gente (610)
  7. Arqueiro (739)
  8. Faro Editorial (442)
  9. Catapulta (301)
  10. Todavia (376)

* Dados de 2023 coletados das livrarias conectadas ao sistema da Bookinfo (cerca de 450).

Nielsen Book*:

  1. Citadel Editora (230)
  2. Editora Sextante (1.853)
  3. Intrínseca (1.124)
  4. DarkSide (451)
  5. Pipoca e Nanquim (162)
  6. Editora Antofágica (59)
  7. Buzz Editora (182)
  8. HarperCollins BR (1.802)
  9. Fato Editorial (439)
  10. Todavia (385)

* Dados de 2023 do Nielsen BookScan.

[16/05/2024 10:10:00]