“Esse ranking diz respeito às editoras com maior performance de faturamento em relação ao catálogo”, explica o diretor da Bookinfo, Eduardo Cunha. “Na prática, é a editora que mais acerta, ou seja, faz mais dinheiro com menos títulos”.
O country manager da Nielsen BookScan no Brasil, Ismael Borges, explica que o relatório está ranqueado pelo faturamento da editora dividido pelo tamanho do seu catálogo movimentado naquele ano. “É possível ver editoras de diferentes dimensões convivendo na mesma lista. É também importante destacar que a ordem em que as editoras aparecem na lista não significa que elas sejam melhores ou piores entre elas, mostra apenas a diversidade de estratégias que cada uma segue”, afirma.
Para o editor executivo do Grupo Citadel Editorial, Marcial Conte, um dos principais fatores que colocam a casa no topo da relação é a concentração do foco do trabalho nos títulos.
“Não estamos interessados no volume de lançamentos, mas sim na qualidade do trabalho editorial, de divulgação e de venda”, explica o editor. “Se tivermos que lançar apenas um livro no mês, lançaremos, mas desde que todos tenham a plena certeza de que aquele vale a pena. Quando um livro é lançado aqui, pensamos em todas as possibilidades de promoção, divulgação e venda. Enquanto todas elas não estiverem esgotadas nós não pararemos. Nunca olhamos para trás e pensamos: ‘puxa, um livro com grande potencial, mas não vendeu por falta de divulgação’. Isso é inaceitável aqui. Enquanto todas as possibilidades de divulgação não estiverem esgotadas, não nos daremos como vencidos com aquele título”.
Para o fundador e diretor da Buzz Editora, Anderson Cavalcante, estar bem posicionado neste ranking é também resultado de um princípio da empresa.
“Lançamos de dois a três títulos por mês porque realmente acreditamos que devemos lançar somente aqueles títulos que serão capazes de causar uma transformação na vida e nos negócios dos nossos leitores”, afirma ao PublishNews. "Por isso nosso slogan é: 'Não é você que vira a página, é a página que vira você'. Escolhemos a dedo nossos autores e projetos, e trabalhamos fortemente cada título no texto, na capa, e toda campanha. Seja foda!, por exemplo, foi reescrito sete vezes até vender mais de um milhão de exemplares. E temos ainda um modelo de negócio com muita venda direta através de eventos organizados por nós ou nossos parceiros no Brasil e no mundo. Números esses que não aparecem nas listas de mais vendidos”.
Os dois editores também indicam que medidas de governança e sustentabilidade têm a ver com a alta performance dos seus títulos.
“Ter um controle de estoque e organizar as impressões e volumes de armazenagem também são ações que estão diretamente ligadas ao potencial de melhor aproveitamento do catálogo”, comenta Conte. “Com isso, há uma regulação saudável da relação estoque/reimpressão/impressão de lançamentos. Essa gestão é crucial e, aqui, ela parte da diretoria da empresa, o que, consequentemente, nos torna sustentáveis e mais organizados logisticamente falando”.
Para Cavalcante, o foco em ações de longo prazo garante o índice de vendas. “Não acredito que tenha certo ou errado no mercado editorial, mas nós não decidimos o que vamos fazer amanhã no impulso, e, sim, atuamos e maturamos bem cada estratégia para que ela seja altamente sustentável e consistente. Na Buzz, não sabemos correr os 100 metros rasos, mas somos bons em fazer uma ultramaratona. Somos do jogo do longo prazo. Por isso nossos livros são long-sellers, assim como nossa relação com os livreiros e autores”, explica o editor, que tem 30 anos de experiência no mercado editorial.
Marcial Conte entende que um bom posicionamento num ranking como esse pode dar sinais positivos tanto para os leitores quanto para o mercado, e até para os autores. “Para o leitor, é uma garantia de qualidade de publicação e de possibilidade de encontrar os títulos da editora”, comenta. “Já para o mercado, é uma segurança de que aquele título tem um potencial grande de venda, uma vez que terão a certeza de que a editora está fazendo o possível – e às vezes o impossível – para que aquele título tenha uma grande performance. De forma mais direta, ele sente mais confiança de que os livros da Citadel vendem; por fim, para o autor, é a esperança e a garantia de que aqui é o lugar, a casa editorial, onde o livro dele terá mais chances de sucesso, chegará aos leitores e provavelmente seu potencial será extraído ao máximo”.
Dicas para performar melhor com o catálogo
A pedido do PublishNews, os editores sugeriram algumas medidas que podem contribuir para uma melhor performance do catálogo nas vendas. Aqui estão algumas delas:
- Não ter um volume mensal muito grande de lançamentos;
- Pensar na capacidade de absorção do mercado;
- Não ter livros que concorram entre si, ou seja, lançar livros para o mesmo público em meses separados;
- Marketing deve ser recorrente: a força maior de marketing está nos primeiros meses de lançamento, mas todo o catálogo da editora deve ser trabalhado de forma uniforme
- Oportunidades de divulgação e promoção não estão limitadas aos lançamentos; muitas vezes, é no fundo do catálogo em que existem oportunidades de divulgação mais baratas;
- Evitar lançamentos “oportunistas”;
- Procurar conectar verdadeiramente autores e leitores;
- Trabalhar para que os livros sejam gostosos de ler;
- Cumprir a promessa aos leitores, ou seja, não vender gato por lebre.
Veja as dez primeiras posições nos rankings de performance do catálogo em 2023 (o número em parênteses se refere à quantidade de ISBNs movimentados pelas editoras no ano):
Bookinfo*:
- Citadel (233)
- Editora Sextante (1.283)
- Buzz Editora (186)
- Intrínseca (1.178)
- DarkSide (471)
- Editora Gente (610)
- Arqueiro (739)
- Faro Editorial (442)
- Catapulta (301)
- Todavia (376)
* Dados de 2023 coletados das livrarias conectadas ao sistema da Bookinfo (cerca de 450).
Nielsen Book*:
- Citadel Editora (230)
- Editora Sextante (1.853)
- Intrínseca (1.124)
- DarkSide (451)
- Pipoca e Nanquim (162)
- Editora Antofágica (59)
- Buzz Editora (182)
- HarperCollins BR (1.802)
- Fato Editorial (439)
- Todavia (385)
* Dados de 2023 do Nielsen BookScan.