Sônia Machado Jardim fala sobre a redescoberta do livro no Sabatina PN
PublishNews, Thales de Menezes, 03/08/2022
Presidente do Grupo Editorial Record foi a décima entrevistada do programa e comentou os efeitos de crises econômicas e da pandemia no mercado editorial, enaltecendo a força do TikTok e a esperança nos leitores jovens

Sonia Machado Jardim no Prêmio Avena PublishNews em 2018
Sonia Machado Jardim no Prêmio Avena PublishNews em 2018
A décima edição do Sabatina PublishNews, o programa que entrevista personalidades do mercado editorial brasileiro, recebeu na última terça-feira (02) Sônia Machado Jardim, presidente do Grupo Editorial Record. A experiência dela à frente de uma das maiores casas publicadoras do país e sua atuação no centro das discussões das questões livreiras, inclusive com presidente do Sindicato Nacional de Editoras de Livros (SNEL), de 2008 a 2014, embasaram fortemente suas respostas diante de uma mesa de entrevistadores que contou com Elga Pedri, diretora da rede Livrarias Curitiba; o editor Paulo Tadeu, da Matrix; e a jornalista Yasmin Santos.

O programa, com mediação de Talita Facchini, editora-assistente do PublishNews, está disponível no canal do PN no YouTube.

Sobre a percepção de que o número de livrarias e editoras aumentou desde o início da pandemia, Sônia disse que “talvez a única coisa boa que a pandemia possa ter trazido é a redescoberta do livro. Primeiro, cresceu a venda dos clássicos. As pessoas pensaram que não poderiam morrer sem ter lido Cem anos de solidão. Depois, a maior venda de livros de fantasia, um certo escapismo para os jovens", analisou.

Ela acredita que os problemas terríveis sofridos por outros mercados podem ter impulsionado pessoas a tentarem o negócio dos livros. “O mercado prosperou, despertando interesse em abrir novas editoras e livrarias. No Brasil, nunca se sabe qual é a próxima crise. Veja a Record completando 80 anos. Poderíamos estar numa situação muito difícil. Ao contrário, estamos completando 80 anos comemorando muito esse momento positivo.”

Falando a respeito do recorde de vendas da editora na última Bienal de São Paulo, ela citou uma piada interna na Record. “A gente brinca que, quando alguém um dia estiver deprimido, o melhor é ir Bienal do Livro. A gente vê aquela multidão avassaladora de jovens, você vê ali o futuro do mercado editorial. É um espetáculo, essa paixão, determinados atores tratados como astros de rock. Você se sente no Rock in Rio!"

Sônia vê a influência do TikTok no mercado livreiro como algo interessantíssimo, “porque foge de tudo o que a gente sabia sobre lançamento de livro”. Ela cita o exemplo da autora americana Colleen Hoover, que tem o livro mais vendido este ano no Brasil, É assim que acaba. “Os comentários no TikTok têm grande responsabilidade por revigorar esse título lançado originalmente em 2018! Você vê um livro crescer nos ambientes que as pessoas criam no TikTok para discutir literatura, é fantástico!”

A executiva ressalta que essa movimentação fez a Record duplicar seu investimento em marketing, mas principalmente na inteligência em rede social. “Temos um time esperto montado para isso”, conta Sônia, ressaltando que depois de um início de dominação total dos mais jovens, o TikTok está se abrindo para um público mais maduro.

A respeito da crescente preocupação com a representatividade das editoras junto ao movimento feminista e a questões de gênero e raça, ela explicou que a Record sempre esteve e segue atenta a isso. “Nosso selo de questões feministas, Rosa dos Tempos, está aí desde os anos 1990. E autores negros estão no nosso catálogo desde sempre. Agora vivemos o sucesso da autobiografia da Viola Davis”. Sônia conta que a editora tem a preocupação de procurar tradutores negros parta autores negros. “A evolução da sociedade muda o vocabulário, palavras passam a não ser mais usadas.”

Para finalizar a conversa, ela deu como conselho a pessoas dispostas a se aventurar na mercado editorial que é preciso unir a paixão pelos livros com um conhecimento sólido de negócios. Uma coisa sem a outra não se sustenta.

Programa do PN, o Sabatina já recebeu nomes como Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza; Marcus Teles, diretor da Livraria Leitura; a deputada Fernanda Melchionna; Marcos da Veiga Pereira, ex-presidente do SNEL; Marcos Guedes, ex-CEO da Saraiva; Luiz Schwarcz, CEO da Companhia das Letras; Lucia Riff, fundadora da Agência Riff; Eduardo Giannetti, autor e economista; e o também autor Ilko Minev.

[03/08/2022 12:00:00]