A cada ano, os influenciadores e produtores de conteúdo digital têm sido integrados ao calendário oficial do mercado editorial brasileiro. A pesquisa Retratos da Leitura 2024 deu ainda mais destaque à participação dos profissionais entre suas categorias. Eles estão presentes como mediadores e atrações em grandes festivais literários, protagonizam ações em grupos de leitura, escrevem livros e, como o próprio nome diz, exercem influência nas escolhas e no interesse pela leitura. Entre os leitores de literatura, os influenciadores e produtores de conteúdo aparecem como 22% dos responsáveis pela origem do interesse por literatura – número importante, mas ainda atrás de indicações de professores, familiares e amigos, bem como filmes e músicas inspirados em livros.
Influenciadores dentro do mercado editorial brasileiro
Outro caso de participação solidificada dentro do calendário do mercado brasileiro é o do bookster Pedro Pacífico. O advogado integrou painéis na Flip 2024 e na Bienal do Livro, e participou da bancada do Roda Viva que entrevistou Édouard Louis, em outubro deste ano. Em 2024 a TAG Experiências Literárias lançou um projeto com ele, o clube Bookster pelo mundo. No próximo ano, ele também será um dos curadores da Bienal do Livro Rio 2025.
"Se queremos que o país leia mais, é preciso equalizar o tom de voz ao falar sobre literatura com todos e não apenas com alguns. Claro que, como em qualquer área, é necessário filtrar quem realmente faz um bom trabalho, mas temos muitos produtores de conteúdo comprometidos em falar sobre livros de uma maneira mais horizontal, em que o foco é sempre o livro e não a pessoa", diz o influenciador Rodrigo de Lorenzi. Ele está no Youtube, Instagram e TikTok como o moço do vinho. Um de seus vídeos recentes de maior sucesso corresponde a um comentário sobre o principal resultado da pesquisa, de que 53% da população brasileira não lê.
O alcance dos influenciadores
Com mais de 2,5 milhões de publicações, a comunidade do #BookTokBrasil é uma das maiores do TikTok, e se coloca como possível espaço de encontro entre leitores, autores e fãs de livros, ao mesmo tempo em que estimula a venda de obras que se tornam tendência entre o público. Taty Leite lembra uma pesquisa realizada pelo INEP em 2023, que dizia que no Brasil, 88% das pessoas com 10 anos ou mais de idade utilizavam a internet. Nesse sentido, torna-se impossível desconsiderar o movimento de criadores de conteúdo: "Influenciadores falam com uma comunidade engajada e se transformaram em fontes confiáveis de indicações", comenta.
A linguagem empregada por eles é essencial para compreender o alcance de seus conteúdos. "Falar sobre literatura de maneira mais leve, divertida, olho no olho, é uma ferramenta de comunicação poderosa", afirma Rodrigo. "No meu trabalho como influenciador, tento ter muito cuidado para que minha linguagem seja entendida tanto pelo público que vai à Flip quanto pelo público que nunca abriu um livro, mas que talvez se sinta incentivado a abrir. Acho que nós, influenciadores, tiramos a literatura desse pedestal e a colocamos no mesmo nível de todos, porque, afinal, todo mundo pode falar sobre livros".
Números da Pesquisa Retratos da Leitura 2024 sobre influenciadores
- Influenciadores aparecem com 22% na origem do interesse por leitura (entre respostas múltiplas)
- Influenciadores aparecem com 24% na origem do interesse por leitura entre leitores de livros de literatura
- Influenciadores aparecem com 19% na origem do interesse por leitura entre leitores de livros por outros meios
- Influenciadores aparecem com 2% em fatores que influenciam na escolha de um livro (resposta única)
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