
Na quinta-feira (21), o dia começou com uma entrevista com o americano Andy Hunter, fundador da Bookshop.org, organização que já arrecadou mais de US$ 40 milhões para livrarias independentes nos EUA. O site funciona como uma espécie de marketplace em que as livrarias se cadastram e podem vender seus livros – simultaneamente, os leitores/consumidores podem comprar diretamente do site e escolher livrarias locais para apoiar financeiramente.
“A simplicidade de uso tanto para o cliente quanto para o livreiro foi fundamental na criação da plataforma”, contou Hunter – ele teve um problema na viagem ao Brasil, e a entrevista, mediada pela jornalista e editora Raquel Cozer, foi realizada de maneira virtual. O americano contou que a receita prevista no site em 2025 é de US$ 75 milhões – e que 90% das livrarias locais dos EUA têm algum tipo de cadastro no site.
“Cerca 30% das livrarias são muito ativas no site, mas esse alcance entre as lojas supera todas as nossas expectativas. Mesmo quem só se cadastra e não faz nenhum tipo de ação pode ganhar de US$ 3 a 5 mil por ano. Na média, quem trabalha com o site com frequência leva de US$ 30 a 50 mil, mas as lojas mais ativas podem levar até US$ 100 mil por ano. Uma livraria já lucrou US$ 2 milhões com a plataforma”, compartilhou.
Hoje a empresa tem 47 funcionários, e, segundo Hunter, apenas 2% da receita é investido em marketing digital. “Confiamos muito no poder das comunidades”, concluiu.
PNLL
Outra mesa abordou o estado atual do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), com duas representantes do governo federal.
Após o encerramento do período de consultas públicas – foram cerca de 1,5 mil contribuições –, o projeto do Plano passa agora pelas consultorias jurídicas dos ministérios da Educação e da Cultura, e depois vai para a Casa Civil. A previsão é que o texto seja publicado, em formato de decreto, em outubro.
Segundo a Coordenadora-Geral de Livro e Literatura do Ministério da Cultura, Andressa Marques, uma reunião do Comitê do PNLL está marcada para o próximo dia 27, para consolidação final do texto-base. A minuta do decreto também já está pronta.
Foi consenso entre os representantes do mercado presentes na mesa que a publicação do Plano é um momento fundamental para o setor do livro nos próximos anos.
Marketing
O marketing também foi tema de uma mesa, que reuniu Bruno Zolotar (da Rocco), Luciana Fracchetta (da Companhia das Letras), e o professor da ESPM Cristiano Amaral, mediada pelo editor e professor Daniel Lameira. Uma das conclusões foi a de que o marketing editorial hoje em dia pode tirar proveito da fragmentação dos selos e dos nichos de mercado, bem como dos micro influenciadores.
“Ainda estamos aprendendo a usar o fenômeno dos influenciadores, as coisas mudam muito”, pontuou Amaral. “Sempre que uma marca depende de uma pessoa, fica de certa forma vulnerável. Micro Influenciadores acabam se tornando um bom caminho. Se houver algum erro, o problema é menor. Mas ele tem mais credibilidade para construir comunidades do que o Felipe Neto, por exemplo. Funciona da mesma maneira se for fazer anúncio na Globo ou em um canal da TV a cabo. Se a editora quiser conteúdo de fato, orgânico, o micro influenciador pode desempenhar um papel melhor”, concluiu.
Outros assuntos
Em outro momento do dia, o distribuidor Roberto Leal e a curadora e especialista Renata Costa apresentaram o modelo de feiras literárias municipais desenvolvido pela Associação Brasileira de Difusão do Livro (ABDL), em cidades do Rio de Janeiro, como Maricá.
Já na manhã de sexta-feira (22), o dia começou com uma entrevista entre Maria Fernanda Rodrigues (editora de Cultura do Estadão) e Rafaella Machado (editora-executiva do Grupo Editorial Record), sobre tendências e boas práticas de aquisição e edição de livros, especialmente os voltados para jovens adultos. Machado – líder dos selos Galera Record e Verus – destacou como o trabalho com livros voltados para essa faixa etária precisam se renovar a cada cinco anos, aproximadamente, porque os leitores passam para obras adultos e uma nova geração chega com diferentes interesses.
Mais tarde, Daniel Rodrigues, sócio-diretor na Livraria Leitura, e Nelson Naspitz, diretor de operações na Editora Sextante, conversaram com Mariana Brandão, executiva de vendas do Grupo Ediouro Publicações. A conversa abordou como as editoras e livrarias se utilizam de diferentes dados – tanto das pesquisas, quanto do Nielsen BookScan e dados internos – para tomar decisões comerciais.
A penúltima mesa do dia tratou de como incentivar a leitura com ebooks, audiobooks e bibliotecas digitais, com Adriana Alcantara, Country Manager na Audible Brazil; Antônio Hermida, Gerente de produtos digitais na Companhia das Letras; e Isadora Cal, Líder Global de Channel Operations na Bookwire. A mesa teve mediação do jornalista Leonardo Neto.