As pessoas com empregos “normais” que vão até a firma todos os dias não têm muita escapatória e precisam esperar os feriados e férias para conseguirem viajar, pegando trânsitos homéricos e passando raiva. O freelancer, na teoria, não deveria se preocupar com essas coisas, mas agora eu pergunto, colega freela, você aproveita a sua liberdade?
Aposto que não. Por causa das distrações existentes em casa, acaba trabalhando mais horas por dia e mais dias por semana (em geral de segunda a segunda), afinal, o computador está ali mesmo, você está de bobeira e seu prazo está chegando. Viajar? Nem pensar, tenho que terminar isso, entregar aquilo ou fazer aquela outra coisa.
Pois digo que sim, você pode viajar. Sim, você deve se controlar para não trabalhar o tempo inteiro, senão chegará a um ponto que o trabalho não vai render. E a chave para isso é o mesmo que falei na coluna passada, a disciplina, que é a base principal para quem trabalha em casa. É importante que a meta que você se imponha por dia também tenha uma base de horas para que não faça só isso.
Há um mês, na época de lançamento da minha primeira coluna, tive que fazer uma viagem de última hora para Houston (de uma semana) para resolver uns problemas familiares, mas também estava na fase final da entrega de tradução de um livro. Não tive dúvida e fui, levei meu laptop e me impus algumas metas. Não consegui cumprir 100%, mas trabalhei todos os dias e não fiquei desesperado ao voltar tendo o prazo de entrega próximo.
Mas volto a frisar a importância da disciplina, principalmente se você estiver viajando com esposa (marido), namorada (o) ou amigos, que vão querer que você saia, aproveite, desencane e com isso a tentação de não trabalhar triplica. Por outro lado, também não adianta você ser o chato que não faz nada, leva o computador para a praia, não sai a noite, pra fazer isso é melhor nem ir. Você pode (e deve) balancear seu tempo para poder trabalhar um pouco (em geral gosto de acordar cedo e resolver logo a parte do trabalho) e se divertir no resto do tempo.
O mesmo vale para os dias comuns, você pode aproveitar e ir ao cinema na hora do almoço que está mais vazio e é mais barato e trabalhar antes e depois disso. Eu, por exemplo, quando vejo que está dando onda, pego um dia da semana, acordo muito cedo, vou surfar no Guarujá (uma hora de SP) e por volta de meio-dia já estou de volta e posso trabalhar a tarde e a noite. Mas levei bastante tempo para me convencer de que poderia fazer isso.
O bom de ser freela é exatamente o fato de ser livre, de poder trabalhar em qualquer lugar e a qualquer hora graças aos avanços tecnológicos. Por isso é negócio é ter um laptop, internet móvel e pronto, você está livre para fazer seu trabalho de qualquer lugar, mas também não deixe de aproveitar a vida, pois com isso sua cabeça ficará mais tranquila e seu trabalho renderá melhor.
Cassius Medauar (@cassiusmedauar) é formado em Jornalismo pela Cásper Líbero e está no mercado editorial há vinte anos, tendo trabalhado como editor (Conrad, Pixel/Ediouro e JBC), tradutor e jornalista freelancer. Fanático por quadrinhos, cultura pop em geral e esportes, traduziu coisas como Beber, Jogar e F@#er, O vendedor de armas, a série Dexter, as biografias de Michael J. Fox, Tim Burton e Lily Allen, Cicatrizes (HQ), entre outros. Nos sete anos como Gerente de Conteúdo da Editora JBC, foi responsável pela mudança de qualidade da linha de mangás e HQs da editora e a implantação de seu modelo digital (publicações em e-book e mídias sociais). Sua coluna aborda especialmente o mercado de quadrinhos e geek, mas digital, trabalho freelancer, surfe e futebol podem marcar presença.
** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.
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