– Boa pedida. Ela é a especialidade da casa.
Na primeira mordida admirei a textura do recheio. Foi a massa, porém, que me surpreendeu.
– Vai uma dose de pinga que faz toda a diferença. – me confidenciou a moça enquanto me servia água.
E segui para a segunda mordida, certa que aquela tortinha faria a minha tarde mais feliz. O sabor inicial explodiu até o céu da boca. Mas bateu certa culpa: há tempos não comia doce à luz do dia, ainda queria expurgar dois intrusos quilos que se instalaram em meus quadris desde um feriado gastronômico na casa de um amigo cozinheiro.
A terceira mordida foi com vontade: “primeiro o prazer, depois a culpa.”, lembrei do conselho nada ortodoxo de meu pai. E minha boca entorpecida pelo doce agradeceu meu progenitor.
A quarta mordida, afobada, não teve gosto, só hábito. Tal qual cigarro com café depois do almoço para aqueles que fumam e tomam café.
Água. Boca limpa. Com a derradeira mordida veio um amargor imprevisível. Mas como amêndoa, açúcar, manteiga, farinha podem amargar uma boca? Pois foi o que aconteceu. O prazer inicial deu lugar a sensações desagradavelmente familiares. Estômago um tanto embrulhado. Leve inchaço. Esôfago afogueado e boca, putz, boca inerte.
E, assim, me deparo com uma intolerância que jamais imaginei me atingir.
Amêndoa nunca mais. Se for transgredir, fuja dos intolerantes.
Luciana Pinsky é editora da Contexto, escritora e jornalista. Publicou o romance Sujeito oculto e demais graças do amor (Record) e mantém seu blog de crônicas. Há dois anos publica uma coluna sobre livros infantis no site Boraí.
** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.
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