Nesse espírito é que, com o fim da União Soviética, a definitiva ascensão neoliberal e do unipolarismo ocidental, lá pelos fins dos 1980, o pós-modernismo assumia a cena do pensamento político-filosófico. Esse pensamento, com fortes raízes na França e Estados Unidos, de certa forma adiantava muito do sentimento do hoje: de vazio diante do caos, da necessidade do silêncio diante do barulho, da solidão e busca da horizontalidade frente à vertigem de crescimentos verticais (e exponenciais) – o que talvez explique o catatonismo diante de gente muito nova a fazer milhões de dólares, e todos mal saídos do ensino médio.
Por outro, não esqueçamos, a unipolaridade acabou e o seu neoliberalismo finda. Onde antes havia quem dissesse que caminhávamos para um governo único e planetário, tudo mudou. Sim, há muitos e incríveis desníveis entre nações e dentro de economias, o que impede qualquer tentativa totalizante. E a tal loucura de bolsas de valores e lucros 24/7 (24 horas por dia e 7 dias da semana), ainda permanece restrita a certos polos. As raízes do alegado lucro fácil e virtual felizmente não chegaram tão longe como se imaginava.
Sendo assim, é preciso não só regulação, é preciso ação, é preciso atualização jurídica e eficaz, é preciso ação estatal e vontade pública de se frear a mentira e a violência digital e informativa. A sensação é que aquele pânico da transmissão por rádio, lá nos 1950 nos EUA, da história da Guerra dos Mundos, hoje pode ser traduzido pelo mesmo pânico diante dos imigrantes nos países ricos e do fascismo nos países pobres, ou até do apoio decadente ao massacre de Israel na Palestina.
O que está sobre a mesa é a capacidade de se mentir e de se elevar a mentira não somente à categoria imediata de verdade (como naquela Guerra dos Mundos), mas de provocar ondas de violência e automutilação sem precedentes na história humana. E tudo turbinado por muito, mas muito dinheiro aportado por quem ganha, ou acha que ganha, com o pânico, a desinformação e o genocídio. E no centro, bom, isso é quase uma platitude, está a informação digital, onipresente feito um deus dentro de cada um. Cuidemo-nos, pois.
Paulo Tedesco é escritor, editor e consultor em projetos editoriais. Desenvolveu o primeiro curso em EAD de Processos Editorais na PUCRS. Coordena o www.editoraconsultoreditorial.com (livraria, editora e cursos). É autor, entre outros, do Livros Um Guia para Autores pelo Consultor Editorial, prêmio AGES2015, categoria especial. Pode ser acompanhado pelo Facebook, BlueSky, Instagram e LinkedIn.
** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.
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