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Futuros Compostos | Novos faróis para orientar a navegação nas águas revoltas dos algoritmos
PublishNews, Lu Magalhães, 02/07/2025
A iniciativa Bookshop.org​ desde 2020 tem impulsionado mais de 2,3 mil livrarias independentes dos EUA, ajudando-as a gerar US$ 34 milhões

Lu Magalhães em visita à Indonésia: World Changing Ideas | © Arquivo pessoal
Lu Magalhães em visita à Indonésia: World Changing Ideas | © Arquivo pessoal
Gosto bastante de analogias poéticas, porque elas conseguem nos munir de elementos e de uma moldura lúdica para explicar realidades singulares. Em viagem à Indonésia – arquipélago no sudeste asiático com mais de 17 mil ilhas –, me veio à mente que o mundo trocou bússolas por algoritmos; mapas por tendências. Navegamos por mares revoltos em um presente que nos atravessa como um vendaval: crises climáticas, colapsos institucionais, infodemia, solidão digital e uma infinidade de desafios inéditos para a humanidade. Entretanto, em meio a um contexto que nos parece sombrio, há pessoas que dedicam suas vidas para criar um futuro melhor; indivíduos que são verdadeiros faróis – desempenhando um papel fundamental na nossa navegação, orientando e protegendo os navegantes em suas jornadas.

Essas pessoas – atuantes em empresas e organizações – são destaques do prêmio anual World Changing Ideas, da Fast Company, que homenageia os que estão desenvolvendo soluções criativas para os problemas mais urgentes do nosso tempo. De acordo com o comunicado da premiação, em 2025 foram analisados centenas de projetos que abordam desafios nos eixos de energia, saúde e mudanças climáticas. Entre os destaques, iniciativas que trabalham para tornar os refeitórios escolares mais sustentáveis, levar carregadores de veículos elétricos para bairros urbanos e transformar abrigos de ônibus em Los Angeles para que sejam mais seguros e protetivos. Há, no grupo, projetos que usam a inteligência artificial para eliminar medicamentos falsificados, ajudar pessoas a recorrer de recusas de seguros e agilizar reformas residenciais com eficiência energética – além de soluções inovadoras para a infraestrutura de reciclagem.

E o que isso tem a ver com o futuro do livro e da leitura, essência da coluna Futuros Compostos? Uma das soluções tem muito a ver! A iniciativa Bookshop.org desde 2020 tem impulsionado mais de 2,3 mil livrarias independentes dos EUA, ajudando-as a gerar US$ 34 milhões. A lógica é que, diante dos grandes players do mercado – tais como Amazon –, as pequenas livrarias não conseguiam competir no e-commerce.

Para endereçar esse desafio, a Bookshop.org lançou uma plataforma que permite aos clientes das lojas físicas locais comprarem diretamente delas, online. Com a meta de ter mais de 3 milhões de títulos, a iniciativa dá um passo crucial em direção à democratização do mercado livreiro norte-americano em um momento em que um terço dos leitores usa versões digitais e compra de plataformas, como o Amazon Kindle.

Em comunicado, os gestores afirmam: “a Bookshop.org trabalha para conectar leitores com livreiros independentes no mundo todo. Acreditamos que as livrarias locais são centros comunitários essenciais que fomentam a cultura, a curiosidade e o amor pela leitura, e estamos comprometidos em ajudá-las a prosperar.”

Na prática, a plataforma oferece às livrarias independentes – identificadas pelo consumidor no momento da compra – ferramentas para competir on-line e apoio financeiro para ajudá-las a manter a presença em comunidades.

Em tempos em que os algoritmos definem a nossa leitura, iniciativas como a Bookshop.com são essenciais para nos lembrar que uma livraria local é mais do que um comércio – é um território de encontro, imaginação, memória e construção de futuros possíveis.

*Lu Magalhães é fundadora do Grupo Primavera (Pri, de primavera & Great People Books), sócia do PublishNews e do #coisadelivreiro. Graduada em Matemática pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), possui mestrado em Administração (MBA) pela Universidade de São Paulo (USP) e especialização em Desenvolvimento Organizacional pela Wharton School (Universidade da Pensilvânia, Estados Unidos). A executiva atua no mercado editorial nacional e internacional há mais de 20 anos.

**Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.

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