Publicidade
Publicidade
Futuros Compostos | A inteligência artificial e o 'Homo Faber' escritor
PublishNews, Lu Magalhães, 24/09/2024
Esse 'homem que faz' está associado à ideia de ter a criatividade como atributo humano inerente, que nos leva a construir objetos artificiais que nos ajudam a controlar o nosso ambiente

'A lógica é que os robôs serão os nossos novos colegas de trabalho'; imagem gerada por inteligência artifical | © Image by freepik
'A lógica é que os robôs serão os nossos novos colegas de trabalho'; imagem gerada por inteligência artifical | © Image by freepik
Os tempos verbais compostos sempre me atraíram. Acredito que seja porque demandam um exercício quase lúdico do pensar, nas dimensões mental e emocional. Quando comecei a especular nomes para esta coluna, alinhados à ideia de investigar como presente e futuros tecnológicos impactarão a nossa forma de consumir e produzir livros, o título “Futuros Compostos” me pareceu perfeito! Consultei o ChatGPT4 e ele concordou comigo, classificando-o como “uma ótima escolha para uma coluna sobre tendências cruzadas”.

É disso que Futuros Compostos trata. Da ideia de combinar diferentes elementos e tendências para criar uma visão abrangente e exploratória das possibilidades do amanhã no mercado livreiro, nos hábitos de leitura e na produção intelectual. Ou seja, as mudanças de comportamentos e hábitos – sob o impacto das tecnologias – têm indicado novas formas de consumir, escrever e compreender os livros. A minha proposta é analisar pesquisas de futuros e deslocar o meu olhar, com hipóteses interpretativas, para entender esse leitor e escritor contemporâneo: seus movimentos e suas preferências.

Antes de entrarmos no tema, preciso me apresentar de maneira breve e informal. Sou daquelas pessoas da área de exatas – graduada em Matemática – que sempre amou os livros. Essa fixação permeia a minha vida pessoal e profissional. Por mais distante dos livros que a minha carreira estivesse, sempre os tive por perto. Em um dado momento, resolvi assumir que o mercado editorial era o meu território desejado. Fundei a Primavera Editorial (hoje, Pri de Primavera) e me tornei sócia da PublishNews. Há mais de 20 anos, respiro o mercado editorial nacional e internacional.

Eis que hoje, nesta primeira coluna, gostaria de falar sobre cinco aplicativos, com inteligência artificial generativa, que têm auxiliado escritores na produção. Acredito que o uso de tecnologia na produção literária conversa muito com a tendência de superar o medo de ser substituído para uma postura homo faber – aquele com capacidade de controlar o seu quotidiano e se tornar artífice do próprio destino. Esse “homem que faz” está associado à ideia de ter a criatividade como atributo humano inerente, que nos leva a construir objetos artificiais que nos ajudam a controlar o nosso ambiente. Ou seja, uma tecnologia mais semelhante a um artefato.

A lógica é que os robôs serão os nossos novos colegas de trabalho – em uma melhor versão, aquele assistente ultrainteligente e organizado, dotado de uma memória imbatível. Dito isso, o primeiro aplicativo que testei é o Squibler, que oferece ferramentas para ajudar na organização e escrita de livros – uma espécie de assistente que conta recursos generativos, como sugestões de palavras, frases e ideias para ajudar a impulsionar a criatividade durante o processo de escrita. O segundo é o Plot Generator, cujo foco é fornecer ideias de enredos para histórias em diferentes gêneros; na prática, o usuário insere informações básicas sobre o livro que está escrevendo e o app sugere tramas e reviravoltas.

The Most Dangerous Writing é o terceiro. Projetado para ajudar a superar o bloqueio de escritor, ele permite que o autor defina um tempo-limite para escrever sem interrupções; quando ele parar de digitar por muito tempo, o texto escrito até aquele momento será perdido! É controverso, claro, mas essa IA defende que isso incentiva a escrita contínua e ajuda a liberar a criatividade.

O quarto e quinto são AI Dungeon – jogo de aventura baseado em texto que usa inteligência artificial para criar histórias interativas, nas quais o usuário elenca uma das narrativas para explorar – e Hiveword, que embora não seja especificamente um aplicativo generativo, é uma ferramenta de escrita que ajuda a organizar ideias, personagens, cenas e enredos em um só lugar. Está mais para um instrumento para estruturar e planejar um livro; um facilitador da escrita.

Na próxima coluna, espero falar, entre outros temas, sobre Dark Romance e Healing Fiction, dois subgêneros que têm mobilizado os leitores no mundo.

*Lu Magalhães é fundadora do Grupo Primavera (Pri, de primavera & Great People Books), sócia do PublishNews e do #coisadelivreiro. Graduada em Matemática pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), possui mestrado em Administração (MBA) pela Universidade de São Paulo (USP) e especialização em Desenvolvimento Organizacional pela Wharton School (Universidade da Pensilvânia, Estados Unidos). A executiva atua no mercado editorial nacional e internacional há mais de 20 anos.

**Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.

Publicidade
Leia também
Será que as vendas, a visibilidade das obras e a movimentação de novos circuitos de consumo podem se beneficiar?
Em diálogo com literatura, filosofia e história, Kályton Resende convoca os livros para se tornarem instrumentos de resistência
Pioneira nos estudos da Economia Prateada no Brasil e na América Latina acredita que os livros são peças-chave na construção de novos imaginários
Educadora, palestrante, pesquisadora e consultora, com vivência LGBTQIAPN+ e amparada por livros, costura caminhos autorais para apoiar empresas
Da educação às narrativas, da ética à cultura pop asiática, passando pela inteligência artificial e pela reconfiguração dos afetos, escritora defende que o futuro já está entre nós
Publicidade

Mais de 13 mil pessoas recebem todos os dias a newsletter do PublishNews em suas caixas postais. Desta forma, elas estão sempre atualizadas com as últimas notícias do mercado editorial. Disparamos o informativo sempre antes do meio-dia e, graças ao nosso trabalho de edição e curadoria, você não precisa mais do que 10 minutos para ficar por dentro das novidades. E o melhor: É gratuito! Não perca tempo, clique aqui e assine agora mesmo a newsletter do PublishNews.

Outras colunas
Livro se aproxima da tradição dos romances de formação tardia, ou seja, histórias de adultos que, em meio ao colapso de certezas, descobrem que crescer não é apenas uma questão de idade
Será que as vendas, a visibilidade das obras e a movimentação de novos circuitos de consumo podem se beneficiar?
Publisher Luís Américo Tousi Botelho destaca a evolução da editora ao longo de três décadas
Livro costura ficção e realidade, levando o leitor a refletir sobre dilemas pessoais, políticos e coletivos
Livro exerce função essencial no debate ambiental para além das negociações de chefes de Estado
Me divirto tanto que não escrevo na frente de ninguém, só da minha mulher.
João Ubaldo Ribeiro
Escritor itaparicano

Você está buscando um emprego no mercado editorial? O PublishNews oferece um banco de vagas abertas em diversas empresas da cadeia do livro. E se você quiser anunciar uma vaga em sua empresa, entre em contato.

Procurar

Precisando de um capista, de um diagramador ou de uma gráfica? Ou de um conversor de e-books? Seja o que for, você poderá encontrar no nosso Guia de Fornecedores. E para anunciar sua empresa, entre em contato.

Procurar

O PublishNews nasceu como uma newsletter. E esta continua sendo nossa principal ferramenta de comunicação. Quer receber diariamente todas as notícias do mundo do livro resumidas em um parágrafo?

Assinar