Professor de filosofia e autor de livros dessa área do conhecimento, Kaag tem se dedicado a escrever sobre a intersecção de tecnologia e cultura em veículos como The New York Times, Wall Street Journal e Washington Post. Na sua visão, a inteligência artificial é uma oportunidade de revolucionar a forma como lemos; ele a enxerga como uma forma de aprimorar e personalizar a experiência de leitura.
No início da palestra, Kaag comparou a ascensão da IA ao impacto da prensa de Gutenberg – da mesma forma como a inovação do século XV tornou os livros mais acessíveis, a inteligência artificial pode representar um novo salto na disseminação do conhecimento. Pausa para ressaltar que a grande revolução não estaria no ato de gerar novos textos, mas na capacidade de curadoria.
Ele ressaltou que já conhecemos o enorme potencial da tecnologia aplicada à personalização da leitura, criação de diálogos inteligentes e ampliação do acesso ao conhecimento (tópico que ainda tenho dúvidas!). Com o apoio da IA, plataformas de leitura assistida podem replicar a experiência de um tutor humano, oferecendo insights e contexto sobre os textos, tornando clássicos mais acessíveis e enriquecendo discussões literárias – como o abordado no artigo anterior, no qual eu trouxe fragmento da conversa com Rafael Silva, diretor de Estratégia e Tendências da Futures Unit, na Box 1824.
De um processo passivo e solitário (na maioria das vezes), o texto escrito – segundo o professor – sempre foi visto como algo morto, justamente pela incapacidade de interação com o leitor em um formato audível. Com a IA, elimina-se esse “problema” do silêncio, revertendo essa “limitação” ao permitir que obras conversem com aqueles que a acessam. Desculpem-me pelas inúmeras aspas, mas acho que elas são muito necessárias!
O outro lado da moeda é que estamos começando a perceber os desafios. Kaag nos alerta sobre os riscos da homogeneização do pensamento e do impacto dos comentários gerados pelos usuários na qualidade do debate literário. Se a leitura sempre equilibrou introspecção e deu suporte à troca de ideias, a IA adiciona uma nova camada a essa experiência, exatamente porque pode expandir horizontes ou reduzir o pensamento crítico; pode conectar leitores ou uniformizar debates; pode democratizar o conhecimento ou apenas moldá-lo sob filtros algorítmicos. E essa é uma conversa que precisamos ter!
A decisão não caberá às máquinas, mas a nós. No fim, a tecnologia não determina o futuro da leitura – essa responsabilidade é toda nossa! A grande questão é se usaremos a IA para aprofundar a relação pessoal com os livros ou permitiremos que ela nos interprete antes de iniciarmos a leitura como a conhecemos.
*Lu Magalhães é fundadora do Grupo Primavera (Pri, de primavera & Great People Books), sócia do PublishNews e do #coisadelivreiro. Graduada em Matemática pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), possui mestrado em Administração (MBA) pela Universidade de São Paulo (USP) e especialização em Desenvolvimento Organizacional pela Wharton School (Universidade da Pensilvânia, Estados Unidos). A executiva atua no mercado editorial nacional e internacional há mais de 20 anos.
**Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.
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