Um leitor, numa das redes sociais, comentou: por onde andavam os números sobre o mercado editorial que embasariam o que eu afirmava? Falava ele sobre recuperar o investimento com autores nacionais. De imediato respondi, polidamente, que bastaria buscar as referências feitas sobre outra editora e algumas matérias, aqui no PublishNews, e logo teria sua resposta.
Impetuoso, o leitor insistiu, mas afirmar sem números que comprovem é dar um balão ao leitor, dentro, só ar. Claro, ele havia me provocado, como assim? Ou estaria ele certo? Eu havia cometido um pecado mortal em defender algo como tendência sem comprovar informações através de números?
Redargui: mas observe, amigo, o que fiz foi comentar o que parece estar dando certo, a se ver as primeiras posições entre os mais vendidos a cada nova pesquisa publicada. Confesso que já pensava que a coisa iria enveredar por paixões políticas e radicalizações à direita ou ao esquerdismo.
Mas ele persistia numa nova esgrimada não menos ousada: “O senhor seleciona pessoas para responder ou não? Não acha 'meio estranho' essa eugenia de interlocução? Só gostaria de saber números. Se eles não são relevantes, ou o senhor também não sabe, melhor usar outro argumento. É muito estranho fazer apologia de eficiência e assertividade sem dados”.
Não deixei, dentro de mim e em meu silêncio de leitor, soar o esperado touchê! O famoso grito quando a espada toca o adversário e o elimina sem recurso algum. Não me dei por vencido e e a defesa foi no calor, aliás, no morno quase frio da rede social: se ele se recusasse a ver as provas, como o depoimento da editora Rosely Boschini, que, então, prestasse atenção nos dados da Amazon e outras.
Por fim, completei em nova publicação no mesmo espaço: ora, caro amigo, o mercado editorial é diferente. Aqui os números nem sempre aparecem. Aliás, raramente. A própria gigante Amazon, com estimados 50% do mercado, só libera seu ranqueamento por gênero, se tanto. Outras, ou ainda a maioria das livrarias, nem isso. Que ele fosse atrás dos boletins e pesquisas do PublishNews/Nielsen e Bookinfo, e teria sua teimosia aplacada.
Dito isso, me recolhi e à espera da réplica – muitos opinadores de rede social, em geral, gostam de bate-boca que tende ao vazio. Mas nada aconteceu, e esse nada, ou seja, nenhum comentário, terminou me trazendo à esta coluna: o amigo leitor quer aprender sobre o mercado editorial? Quer entender a cabeça do leitor? Entenda, aqui a música, ou melhor, a escrita, acontece diferente. O mundo dos livros é o mundo de uma mídia muito particular. Absolutamente complexa e mais antiga que todas as outras mídias juntas.
Temos muito a fazer, é verdade. Mas ao longo dos meus 50 anos vi o mundo do livro brasileiro ser revolucionado talvez como nenhum outro, e ainda assim deixando novas questões abertas. Tudo porque livro é CULTURA! Livro é arte! Livro é muito, mas muito maior do que a IA, do que a dor do governador que quer terminar com ele, ou de alguém que certo dia acordou e disse: preciso de dados, dados e mais dados para saber o que tomar no café da manhã. Ora, quem só deseja números e não compreende contextos e subtextos, jamais entenderá o que é viver de textos, como todos do mundo do livro o fazem.
Paulo Tedesco é escritor, editor e consultor em projetos editoriais. Desenvolveu o primeiro curso em EAD de Processos Editorais na PUCRS. Coordena o www.editoraconsultoreditorial.com (livraria, editora e cursos). É autor, entre outros, do Livros Um Guia para Autores pelo Consultor Editorial, prêmio AGES2015, categoria especial. Pode ser acompanhado pelo Facebook, BlueSky, Instagram e LinkedIn.
** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.
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