A maturidade tem a questão central de que o hoje não é necessariamente o amanhã, de que o hoje precisa da reflexão e da sabedoria, porque os limites estão logo quando se acorda, quando se medica naquela lista cada vez maior de remédios nas primeiras horas do dia.
Apesar dessa urgência de se revalorizar o que se vive e dessa busca entre as raízes e rastros das vivências (não à toa o sucesso de redes sociais ao procurarmos amigos de escola e parentes distantes), apesar disso tudo, a maturidade logo nos diz que o amanhã pertence aos jovens, à sua energia e capacidade, ainda que errática, de dar novo rumo às coisas.
Ganha, portanto, relevo, destaque, pensar num amanhã com seriedade e preocupação. Um amanhã em que a alegria e a felicidade possam vir a ser fruto das melhores decisões do hoje. E sim, falo de assuntos que nos são caros, a exemplo da cultura e da arte, da saúde e do corpo, da liberdade e da democracia.
Somos reféns de um sistema que, na sua maioria, não permite que exerçamos a saúde preventiva, antevendo doenças e prevenindo dores. Os planos médicos são proibitivos para uma gigantesca maioria da população, e têm limitações para muito tratamento. Enquanto à saúde pública, embora reconhecidamente presente e atuante, vide o maravilhoso trabalho na pandemia do Covid-19 – nadando contra a corrente do poder central, essa não consegue nos atender nessa saúde comprometida com a prevenção.
Mas o assunto aqui é sim dos livros e da cultura também, e nessa janela entra a capacidade física e mental de se poder ler, de se poder enxergar e manter a concentração. E a maturidade nos rouba um pouco, às vezes muito, da visão e do foco. Tivéssemos óculos gratuitos e uma economia que permitisse a maturidade comprar mais livros, tivéssemos programas universais e permanentes em todas as escolas públicas de erradicação do analfabetismo, de promoção da leitura em todas as idades, a leitura no Brasil, seus índices, seria outra.
E isso serve de recado para a campanha presidencial que se encerra breve e definirá os rumos pelos próximos e longos anos. A escolha correta de quem opta pela cultura e pela liberdade, pela democracia e respeito a todas as idades, pela saúde pública e pela educação gratuita e universal, por verbas para a educação superior e suas imprescindíveis pesquisas, e, no nosso caso, pelo indispensável incentivo à educação através de compras de livros e da reaproximação dos autores das escolas, do incentivo à bibliodiversidade, às feiras do livro e a pressão pública nos preços dos insumos do livro, tudo isso e principalmente a recuperação do Ministério da Cultura com verbas e infraestrutura robusta, seria, e é, o essencial para o compromisso com o amanhã.
Votemos conscientes e pela democracia, por menos remédios e mais saúde em qualquer idade.
Paulo Tedesco é escritor, editor e consultor em projetos editoriais. Desenvolveu o primeiro curso em EAD de Processos Editorais na PUCRS. Coordena o www.editoraconsultoreditorial.com (livraria, editora e cursos). É autor, entre outros, do Livros Um Guia para Autores pelo Consultor Editorial, prêmio AGES2015, categoria especial. Pode ser acompanhado pelo Facebook, BlueSky, Instagram e LinkedIn.
** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.
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