Por força do ofício, frequento no Facebook os grupos de leitura e outros do ambiente editorial, como um em que fui adicionado como administrador, e até hoje sigo cuidando, o Mundo das Editoras. Em tais grupos, a quantidade de gente a oferecer livro pirata digital, e até pirata em papel, é impressionante. Livros em PDF não são nada difíceis de conseguir, inclusive há links de drives virtuais com uma gama enorme de títulos.
Sempre que posso reclamo abertamente e denuncio, ou chamo a editora responsável pelo título, mas sou isolado. Não faz muito, chamei a Editora 34, pois, como fã da literatura russa, me senti ofendido com a liberação de livros da 34 num grupo de mais de 30 mil seguidores. E, embora tenha demorado, a editora reagiu e conseguiu mudar o cenário.
Mas nem só de vítimas as editoras e os autores se apresentam nesses grupos. Qual não foi a surpresa quando um leitor avisava que ocorriam erros grotescos de português, e em abundância, num livro de direito autoral liberado e de impressão recente. A sucessão de questionamentos e perguntas, no fio da postagem, também surpreendia. Muita gente trazia outros casos, ou dava pitaco sobre o que o leitor, indignado com toda a razão, deveria fazer.
Jane Austen era a paixão deste leitor, e, me parece, ele havia juntado suadamente o dinheiro para ter a obra dos sonhos, e ao começar a jornada da leitura, deu com erros muito além de digitação ou de algum deslize do revisor. Na reclamação inicial, que por mais de uma semana ainda gerava novos e inúmeros comentários, citava que a editora era ligada a uma grande livraria virtual. Embora não tradicional em livros de ficção, era realmente estranho uma livraria ter se aventurado num selo e em publicação por conta.
Nos comentários da mensagem inicial deste leitor, soube-se que a editora de fato era ligada à livraria, e que havia retornado dizendo verificar o que ocorrera. E aqui fica a reflexão nesse longo texto em tempos de textos curtos: um esforço editorial gigantesco, como todos os que resultam em livros com editoras, não deveria ir para o lixo, não dessa maneira.
Piratear gratuitamente ou por poucos reais, não seria, então, o melhor? Afinal, comprar um livro, esperar às vezes 20 dias para receber, e o livro aparecer com erros gritantes, é de uma tristeza pela qual quem gosta de livros de imediato sente arrepios. E, diante da situação, não é nada difícil imaginar o pensamento dos milhares de leitores e frequentadores desses grupos nas redes sociais...
Paulo Tedesco é escritor, editor e consultor em projetos editoriais. Desenvolveu o primeiro curso em EAD de Processos Editorais na PUCRS. Coordena o www.editoraconsultoreditorial.com (livraria, editora e cursos). É autor, entre outros, do Livros Um Guia para Autores pelo Consultor Editorial, prêmio AGES2015, categoria especial. Pode ser acompanhado pelo Facebook, BlueSky, Instagram e LinkedIn.
** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.
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