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O que é Romance de entretenimento, a nova categoria do Prêmio Jabuti
PublishNews, Pedro Almeida, 25/03/2020
Curador do Prêmio Jabuti esclarece, em sua coluna no PublishNews, as principais dúvidas sobre a nova categoria da premiação

Desde que lançamos a nova categoria do Prêmio Jabuti, toda a grande imprensa divulgou a novidade, que lhes pareceu alvissareira, mas, nas redes sociais, algumas pessoas não entenderam os propósitos. Venho então esclarecer, de forma sucinta, alguns pontos.

O que é literatura de entretenimento?

No mercado internacional, bem mais profissionalizado que o nosso, há uma divisão clara sobre ficções: Ficção Literária, aquela em que a forma como o romance é escrito é o grande destaque da obra, e Ficção Comercial, em que o destaque está na arquitetura do romance, no enredo, na história. Exemplos clássicos: Agatha Christie, John Grisham, Dan Brown, Khaled Hosseini, Stephen King, Jo Nesbo etc.

Há diversos outros nomes dados para a ficção comercial, como Mass Market, General Interest, Cross Over etc.

A Spread the Word, agência britânica que coordena um prêmio de literatura para ambos os tipos de romances, esclarece essa definição neste link. Vale a leitura.

Como surgiu a ideia de criar essa categoria?

Durante os últimos quatro anos, nós da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Prêmio Jabuti, vínhamos tentando encontrar uma forma de incluir esses romances numa categoria. O motivo: por se diferenciar no aspecto “invenção” literária, mas por se destacar na arquitetura da narrativa, não é possível comparar um com o outro. Para um romance literário, temos um júri especializado em crítica literária, mas este não poderia julgar os romances de entretenimento com a mesma régua.

Sobre o nome

Ao iniciarmos as conversas, uma das maiores dificuldades foi escolher um nome para a nova categoria. Romance de Gênero, de Entretenimento, Comercial foram as opções.

De Gênero, pouca gente conhece o termo, que começou a ser citado apenas recentemente por alguns autores no Brasil, com destaque para Raphael Montes, em sua coluna de O Globo.

Comercial, a todos soava pejorativo. No mercado internacional, o preconceito com “comercial” não existe, mas foi unânime esse pensamento aqui.

Romance de Entretenimento nos pareceu mais adequado. Não traz a carga que tem o romance comercial e nem o desconhecimento do termo romance de gênero. E o melhor: há diversos estudos acadêmicos publicados explicando o termo.

Encontrei um artigo de Leandro Antônio de Almeida, da Universidade Federal do Recôncavo Baiano, que explica isso. Também vale a leitura.

Mas isso não é restringir um livro a uma categoria?

Não. O autor do romance pode escolher em qual das duas categorias o livro dele se encaixa. Se ele entender que um júri literário será mais apropriado para avaliar seu livro, deve inscrevê-lo na categoria tradicional.

É preciso observar que, nos últimos 60 anos, os romances de entretenimento sempre foram inscritos no Prêmio Jabuti e em outras premiações de literatura, por falta de uma outra categoria que os acolhesse e, no entanto, nenhum deles foi premiado nessas seis décadas.

Para deixar ainda mais claro, fizemos uma atualização dos termos da categoria Romance de Entretenimento, indicando que, independentemente do gênero, cabe ao autor/editor a escolha de inscrever em cada categoria.

Então o Jabuti quer premiar literatura ruim?

Não. Isso é preconceito. Se você considera ruins Agatha Chistie, Conan Doyle, Bram Stoker, Jack London, George R. Martin, Neil Gaiman, Philip Dick, então essa categoria não é a literatura de sua preferência.

Para nós, há tanto valor no texto literário quanto no de entretenimento que, em geral, não foca na arte no uso da língua, mas traz uma narrativa especial, criativa, que “prende” o leitor mais por seu enredo.

Premiar essa categoria fará mal à Literatura?

De forma alguma. O Prêmio é um reconhecimento aos melhores trabalhos e insere mais dez livros na possibilidade de premiação, que estarão na lista de semifinal e receberão mais atenção do público e da imprensa, por conta dessa exposição inédita na história do mercado editorial brasileiro. Trata-se de inclusão, não de exclusão. E, valorizados, pretendemos ajudar a promover, ano após ano, a qualidade dos livros, editoras e autores que os produzem, além de reconhecer o amplo universo de leitores que bebe e se inspira nessa fonte.

Dúvidas, sugestões, todas são bem-vindas. Basta enviar para: jabuti@cbl.org.br

Pedro Almeida é jornalista profissional e professor de literatura, com curso de extensão em Marketing pela Universidade de Berkeley. Autor de diversos livros, dentre eles alguns ligados aos animais, uma de suas paixões. Atua no mercado editorial há 26 anos. Foi publisher em editoras como Ediouro, Novo Conceito, LeYa e Saraiva. E como editor associado para Arx; Caramelo e Planeta. É professor de MBA Publishing desde 2014 e foi presidente do Conselho Curador do Prêmio Jabuti entre os anos 2019 e 2020. Em 2013 iniciou uma nova etapa de sua carreira, lançando a própria editora: Faro Editorial.

Sua coluna traz exemplos recolhidos do cinema, de séries de TV que ajudam a entender como funciona o mercado editorial na prática. Como é o trabalho de um ghost writer? O que está em jogo na hora de contratar um original? Como transformar um autor em um best-seller? Muitas dessas questões tão corriqueiras para um editor são o pano de fundo de alguns filmes que já passaram pelas nossas vidas. Quem quer trabalhar no mercado editorial encontrará nesses filmes algumas lições importantes. Quem já trabalha terá com quem “dividir o isolamento”, um dos estigmas dos editores de livros. Pedro Almeida coleciona alguns exemplos e vai comentá-los uma vez por mês.

** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews

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