
O faturamento geral do setor, incluindo nesse número tanto as vendas a mercado quanto àquelas feitas ao governo, diminuiu 25% no comparativo entre 2006 e 2018. O número de exemplares vendidos, no entanto, apresentou discreto crescimento. Na mesma base de comparação, o número saltou de 318,6 milhões em 2006 para 352 milhões em 2018. O preço médio dos livros nesse mesmo período se corroeu em 34%. Isso evidencia que a aposta do mercado em manter os preços baixos surtiu efeito no aumento no número de exemplares, mas não o suficiente para fazer crescer o faturamento.
“Isso é um desastre”, declarou Marcos Pereira, presidente do Sindicato Nacional dos Editores (SNEL) durante a apresentação que aconteceu na sede da Câmara Brasileira do Livro (CBL) na manhã desta terça-feira. As duas entidades que encomendam a pesquisa à Fipe. “A grande questão é como a gente reverte isso, como indústria. Recuperar a gente não recupera mais. Isso já foi. A gente não tem mercado para isso, mas precisamos olhar para esses números e fazer análises para transformar esse mercado e torná-lo mais saudável”, completou.
A situação se tornou mais severa depois de 2014, quando se instalou crise econômica no país. De lá até o fim de 2018, houve queda de 27% no número de exemplares vendidos. Em números absolutos, foram menos 74,7 milhões de livros vendidos. A crise fica mais evidente na análise dos subsetores de Obras Gerais e Científicos Técnicos e Profissionais (CTP). Entre 2014 e 2018, os dois subsetores tiveram queda no número de exemplares vendidos de 24% e 50%, respectivamente. Em termos absolutos, são 27,09 milhões de exemplares vendidos a menos pelas editoras de Obras Gerais e 15,84 milhões de exemplares a menos vendidos pelas editoras de CTP. Em faturamento, o subsetor de Obras Gerais perdeu no período 32% e o de CTP perde 46%, já considerando nesses números tanto as vendas a governo quanto ao mercado.
O subsetor de Didáticos apresentou uma queda real de 23% de 2006 a 2018. Por conta dos programas governamentais, é o segmento com maior participação das vendas ao governo, que responde por cerca de 40% do seu faturamento. O subsetor de Religiosos é o que apresenta melhor resultado, mas mesmo assim apresentou decréscimo de 20% entre 2006 e 2018.
Mariana Bueno, a economista responsável pela pesquisa, participará do Podcast do PublishNews que vai ao ar na próxima segunda-feira (03) e aprofundará na sua análise.
Clique aqui para baixar a Série Histórica da Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro.