A cidade de São Paulo está vivendo um dos piores momentos dos últimos tempos em se tratando de uma política para a promoção do livro e da leitura. O prefeito João Doria e sua equipe estão diminuindo o acesso ao livro e à leitura do paulistano. Como bem diz Antônio Candido, a Literatura é um direito incompressível, ou seja, que não pode ser suprimido em detrimento de outros direitos. Literatura como Direito Humano, assim como alimentação, moradia, educação, entre outros.
Outra ação da administração atual foi anunciar a privatização das bibliotecas públicas, disponibilizando a gestão destes equipamentos a terceiros. Esse é um risco muito grande para uma política pública nesta área, o prenúncio de um descompasso. Desde 2011, num movimento puxado pelas bibliotecas comunitárias do Polo LiteraSampa, realizou-se um processo de discussão, agregando muitos promotores da leitura e o poder público. Todo esse trabalho resultou na aprovação do Plano Municipal do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas de São Paulo. Fato que Doria e seus secretários de Cultura e de Educação parecem desconhecer. Neste plano existem objetivos, metas, ações pensadas e realizadas por aqueles que trabalham no dia a dia para construir uma cidade mais politizada, onde o cidadão tenha acesso à informação, conhecimento e ficção. Talvez por isso, a gestão pública esteja "sentada em cima do plano".
Na semana passada, foi anunciado mais um ato de desrespeito à educação, à cultura, ao leitor, ao cidadão. Para aumentar o número de salas de aula destinadas à educação infantil, o prefeito mandou fechar as brinquedotecas, salas de leitura e salas de informática. Um ato que vai contra os avanços que as creches e escolas infantis tinham conquistado. Um ato que vai contra a Lei n. 12.244/10 que exige que até 2020 toda instituição pública ou privada tenha uma biblioteca. Em nome do racionalismo (pragmatismo?), vamos alfabetizar e ensinar a somar - eliminando o lúdico, o prazer, a socialização, a filosofia, a ficção. Cortamos a necessidade da criança se expressar em troca de sílabas, de números e de uma gestão descomprometida com o humano, com a sociedade.
Buscar na palavra ou na imagem diferentes significados, diferentes formas de comunicação, diferentes possibilidades de se posicionar, parece não ser o projeto de Educação e Cultura desta gestão. Existem governos que ficam em ponto morto, outros engatam a primeira e nunca passam para a segunda ou a terceira. Mas até o momento o que vimos é que Doria e sua equipe engataram a marcha ré.
Volnei Canônica é formado em Comunicação Social – Relações Públicas pela Universidade de Caxias do Sul, com especialização em Literatura Infantil e Juvenil também pela Universidade de Caxias do Sul, e especialização em Literatura, Arte do Pensamento Contemporâneo pela PUC-RJ. É Presidente do Instituto de Leitura Quindim, Diretor do Clube de Leitura Quindim e ex-diretor de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas, do Ministério da Cultura. Coordenou no Instituto C&A de Desenvolvimento Social o programa Prazer em Ler. Foi assessor na Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). Na Secretaria Municipal de Cultura de Caxias do Sul, assessorou a criação do Programa Permanente de Estímulo à Leitura. o Livro Meu. Também foi jurado de vários prêmios literários.
** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.
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