Não se preocupem, não darei nenhuma receita e simpatia contra os nós que você se deparará em sua empresa ao começar o setor editorial digital. Vou ser bem prática, prometo! Sem superstição!
Como comentei na coluna passada, me deparei com uma série de nós nos setores da editora ao me atrever a entrar no digital. Vamos falar disso e darei possíveis saídas (algumas temporárias e outras definitivas). No início queria culpar somente um setor, mas qual foi minha surpresa ao ver dificuldades em todos os setores da empresa: comercial, editorial e financeiro.
Primeiro nó: Setor Comercial
Os principais “atrasadores” deste setor estão ligados à confecção dos contratos e adendos contratuais para comercialização das obras digitais. Outra dificuldade é começar a enxergar novas oportunidades com o digital e vê-lo como um novo produto. Solução: colocar o setor comercial para consumir o produto e fazer modelos de adendos contratuais simples para os autores. Os livros internacionais, a maior parte das editoras do lado de lá, já enviam os adendos para digital. Fechando as partes contratuais e ideológicas do comercial, a bola vai para a produção, o Editorial. Atenção, o consumo do produto é essencial para know how.
Como um setor poderá falar sobre novos produtos e visualizar o futuro do mercado se nem sabem do que se trata? Como responderá as perguntas dos autores sobre pirataria e DRM?
Segundo nó: Setor Editorial
Aqui o bicho pega! O editor em si já é um nó (gente, sou editora e ex-nó...). Hoje mesmo, falando com uma editora super importante e renomada no mercado, ouvi uma posição interessante: “O maior empecilho do mercado é o editor, pois o leitor quer facilidade e acesso fácil. O editor quer manter a qualidade do papel, se importar com gramatura e se prender a rotina (que existe desde Gutemberg). Ele sim é o apaixonado pelo suporte livro de papel”.
Então estamos diante do primeiro dificultador. O segundo é o setor de produção editorial. Para ser mais específica, os diagramadores, que passarão a ter que estudar e se aproximar bastante do papel de programador, mexer com XML, HTML etc. Dá uma preguiça! Solução: cursos na área tanto para o editor quanto para o diagramador (atenção, são coisas diferentes) são fundamentais. Entender da área de marketing digital também é muito proveitoso. A solução de consumir o produto também se aplica aqui. O editor que for empreendedor e visionário tende a se apaixonar pelas possibilidades. Aqui também se aplica o horroroso slogan: ou se adapta, ou fora! Infelizmente em alguns casos, essa é a única solução. O setor editorial é estratégico, merece a maior atenção. Não adianta fechar contrato e não ter livro pronto.
Terceiro nó: Financeiro
Bom, aqui... Se não funcionar, a empresa não recebe e não repassa ao autor. O maior problema é que não existe legislação ainda que englobe o comércio de livros digitais. Não há ainda uma rotina dos contadores. Os contadores não entendem do que se trata. Os programas financeiros não estão preparados para receber este produto. Solução: explicar do que se trata, dar aula mesmo (o que é e-book, como comercializa etc). A outra solução, que tenho observado e que está sendo feita pelas principais editoras e livrarias que já estão no mercado é agir como se fosse livro físico, sem incidência de impostos, como se fosse uma edição diferente da obra... Isso até que seja feita a legislação. Repetindo para enfatizar: O incentivo à cultura de isenção de impostos está sendo replicada aqui para o digital, até que o governo fale o contrário. Os programas fiscais estão sendo atualizados. Se a empresa que provê seu programa não está se mexendo, mude antes que seja tarde.
Bom, fui bem sucinta e aguardo suas dúvidas e feedbacks. Continuo devendo a resposta da coluna dos Porquês. Quero também parabenizar a paciência da equipe Publishnews na cobertura do Congresso do Livro Digital. Não perderam nada e chego à conclusão que eu também não =0)
Será que consigo responder os porquês no próxima coluna?
Obrigada Cris Alhadeff pela linda ilustração!
camila.cabete@gmail.com
Camila Cabete (@camilacabete no Twitter e Instagram) tem formação clássica em História. Foi pioneira no mercado editorial digital no Brasil. É a nova Head de Conteúdo da Árvore e a podcaster e idealizadora do Disfarces Podcast.
camila.cabete@gmail.com (Cringe!)
** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.
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