
Shafak é autora de 10 minutos e 38 segundos neste mundo estranho, A ilha das árvores perdidas e O manuscrito, publicados por aqui pela HarperCollins. Com o segundo livro, foi finalista do Women’s Prize em 2022. A obra – narrada por uma árvore – fala sobre um acontecimento interrompido pela guerra e de como os encontros e desencontros decorrentes desse fato reverberam por décadas a fio.
Em seu discurso na Feira de Frankfurt, Elif deve falar sobre os temas das mudanças climáticas, sobre a guerra, censura e sobre o papel da literatura no mundo de hoje. Quando escreveu The bastard of Istanbul – que trata do genocídio armênio de 1915, que o estado turco ainda não reconhece – Shafak foi processada na Turquia por "insultar a turquidade". Logo depois, também foi investigada por obscenidade por conta da obra 10 minutos e 38 segundos neste mundo estranho.
“Havia grupos nas ruas cuspindo na minha foto e queimando bandeiras da UE. Fui acusada de insultar a identidade turca, embora ninguém soubesse o que isso significava. E foi bem surreal, porque as palavras de personagens fictícios foram retiradas do romance e usadas como evidência no tribunal, como resultado disso meu advogado turco teve que defender meus personagens fictícios armênios”, disse em entrevista ao The Guardian em agosto. “Em termos de autoridades, é muito difícil ser uma romancista na Turquia, especialmente do jeito que escrevo, porque questiono os silêncios em nossa história”, completou.
Por enquanto, a conferência de imprensa da Feira de Frankfurt também terá a participação de Juergen Boos, diretor da feira; e Karin Schmidt-Friderichs, presidente da Associação Alemã de Editores e Livreiros.
Nos últimos anos, figuras como a ativista Gaia Vince (2023), Mohsin Hamid (2022), a vencedora do Prêmio Nobel da Literatura Olga Tokarczuk (2019), Chimamanda Ngozi Adichie (2018) e Salman Rushdie (2015) partilharam as suas opiniões sobre a atualidade na conferência inicial da Feira.