
Na manhã desta terça-feira (18), a Feira do Livro de Frankfurt iniciou oficialmente a sua programação reunindo jornalistas do mundo inteiro para a sua já tradicional Press Conference.
Assumindo um tom político – que também deve ser visto na abertura do evento, no fim do dia – Karin Schmdt-Friderichs, presidente da Associação Alemã de Editores e Livreiros, fez questão de reafirmar a importância da feira de Frankfurt, que volta a ter uma edição presencial praticamente sem restrições por conta da pandemia. “A Feira do Livro de Frankfurt é mais do que a maior feira de negócios do mundo, é um evento cultural e o ponto de encontro onde pessoas de todos os lugares do mundo podem se se expressar democraticamente. Por aqui vemos pessoas com mentes abertas, conversando com os outros e compartilhando opiniões, não imponto suas ideias”, disse.
Karin citou ainda os esforços da feira para ajudar editores e livreiros ucranianos – além de receberem doações, na terça Volodimyr Zelensky participará do evento por vídeo –, e autores russos também terão oportunidade de falar como tem sido vivenciar a guerra. Por fim, a presidente da associação deu um panorama sobre o mercado editorial alemão, falou sobre como a crise de energia tem impactado editores e livreiros e terminou sua fala lembrando que “um mercado editorial estável ajuda a manter uma sociedade estável e cultural”.
Juergen Boos, presidente da feira, focou em destacar as principais atrações do evento e em lembrar a importância da tradução – tema dessa 74ª edição – e também tratou de lembrar da importância de se proteger a democracia e a liberdade de expressão ao citar a guerra entre Rússia e Ucrânia. “Editores, nós temos que olhar para a literatura e cultura da Ucrânia nesses tempos de guerra. Temos que ser a resistência nessa tentativa de acabar com a cultura desse país”, disse, citando mais uma vez os apoios que conseguiram para ajudar o país comandado por Zelensky.
Por fim, Mohsin Hamid, o autor paquistanês convidado para discursar na press conference, lembrou passagens de sua vida e, como sempre, acreditou que o mundo seria um lugar melhor. Pensamento esse que mudou durante a pandemia. Hamid tratou de falar ainda sobre a importância da tradução e dos livros na construção de um mundo melhor. “Escritores não escrevem romances, eles escrevem somente metade. São os leitores que fazem a outra metade e transformam os livros em suas experiências pessoais. Ler um livro é um exercício de cocriação”, disse, lembrando ainda que ler é um ato de resistência e que precisamos dos livros para vislumbrar um mundo melhor.