O que estou lendo: Ing Lee
PublishNews, Beatriz Sardinha, 02/09/2024
Ing Lee é ilustradora freelancer e é uma das finalistas do Prêmio Jovens Talentos do PublishNews

Ing Lee é ilustradora freelancer. Nasceu em Belo Horizonte, mora em São Paulo, é surda oralizada, filha de pai norte-coreano e mãe brasileira. Iniciou sua carreira expondo em feiras gráficas com projetos experimentais de HQs e fez sua primeira capa de livro em 2021: Amor, mentiras e rock & roll (Seguinte), do autor coreano-americano David Yoon. Desde então, foi ilustradora convidada do Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte 2024, dando o tom à identidade visual do evento, e se tornou cofundadora dos selos Pólvora e O Quiabo, selos editoriais de publicações independentes. Ela também colaborou com a Fósforo, Gutenberg, Penguin UK e mais. Seu currículo inclui ainda a criação da identidade visual do Grupo Companhia das Letras na Bienal do Livro Rio em 2023; o comando de cursos, workshops e palestras em instituições como Tomie Ohtake e Sesc; e a participação no programa Amigos da Embaixada da Coreia em 2022 como promotora da cultura coreana no Brasil.

Em 2024, Ing é uma das finalistas do Prêmio Jovens Talentos, do PublishNews. No dia 9 de setembro, durante a programação do InterLivro, na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, será anunciado o vencedor do Prêmio Especial que viajará para Frankfurt com as despesas de passagem e hospedagem custeadas pela organização do prêmio.

O PublishNews perguntou a Ing Lee o que ela está lendo, e esta foi a resposta:

"Recentemente, li Impostora: Yellowface (Intrínseca), de R.F. Kuang, romancista sino-estadunidense. A trama é narrada por uma escritora que, desiludida por não conseguir se inserir no mercado editorial, não somente projeta suas frustrações em sua amiga, uma autora de ascendência chinesa que se encontra no ápice de sua carreira, como também se apropria de seu manuscrito após presenciar o acidente fatal da estrela. Contudo, o tema da obra roubada trata-se de uma temática delicada envolvendo trabalhadores chineses durante a 1ª Guerra Mundial, sendo ela uma escritora branca. Partindo do termo "yellowface" que, análogo ao "blackface", trata-se de um conceito que Kuang explora ao trazer uma roupagem contemporânea às caricaturas que exotificam e desumanizam pessoas leste-asiáticas, tecendo diálogos com o Orientalismo de Said. Assim, o leitor é convidado a entranhar nos mais sórdidos pensamentos e conflitos da protagonista com o público e consigo mesma, que instrumentaliza seus privilégio de raça para receber validação, oscilando entre delírios persecutórios e manias de grandeza".

[02/09/2024 10:00:00]