O segundo dia na Feira de Frankfurt foi notavelmente mais tranquilo em comparação ao primeiro. Havia um total de quatro palestras agendadas, além de um happy hour brasileiro e a cerimônia de recepção para os premiados do ano e ganhadores da bolsa de estudos de Frankfurt.
Com um número menor de palestras, pude aproveitar mais tempo para explorar os pavilhões e também tive uma reunião marcada às 14h com os representantes da Nielsen. Ciente de que a correria poderia comprometer o almoço, decidi tomar um café da manhã reforçado. Isso resultou em um pequeno atraso para a primeira palestra agendada, mas nada que uma corridinha não resolvesse, e cheguei a tempo.
Iniciei o dia com a palestra sobre Sustentabilidade para Editoras de Pequeno e Médio Porte, promovida pelo Publishing Perspectives. A conversa, conduzida por Sherri Aldis e Rachel Martin, Diretora Global de Sustentabilidade na Elsevier, enfatizou a importância da aplicação de estratégias sustentáveis na produção de livros. Independentemente do porte da editora, é possível dar os primeiros passos, e o mais importante é ter um objetivo claro. Fiquei especialmente animada com o projeto de Rachel, que envolve a criação de uma metodologia específica para calcular a pegada de carbono no universo dos livros. Pesquisei mais sobre o assunto na internet, mas acredito que o ideal seja entrar em contato com ela para obter mais informações. Deixei os contatos salvos e já elaborei algumas perguntas para enviá-las.
Logo após, na mesma sala, ocorreu a palestra sobre Inteligência Artificial. Foi fascinante ouvir as perspectivas dos profissionais do ramo literário sobre esse tema. Em resumo, todos concordam que a tecnologia está avançando rapidamente e que precisamos nos adaptar. Podemos usá-la a nosso favor, mas a criatividade e o intelecto dos artistas devem ser preservados. Não poderia concordar mais. Fiquei muito satisfeita ao ouvir a agente literária presente abordar o tema da tradução de livros e destacar a importância de preservar também os tradutores.
A palestra terminou por volta das 13h, o que me deu uma hora para almoçar e explorar outros pavilhões. Minha reunião com a Nielsen estava marcada para às 14h no Salão 6, enquanto eu estava no Salão 2 no momento.
Apesar do tamanho imenso do local, hoje me senti mais confiante em encontrar os salões e as salas de palestras, inclusive sem recorrer ao mapa no aplicativo. Optei por ir para o Agora, um amplo pátio a céu aberto no centro dos prédios, com lugares para sentar.
Decidi experimentar o hot dog, com a famosa salsicha alemã. Confesso que não criei muitas expectativa, mas para minha grande surpresa, era realmente saboroso! Inclusive, acabei comendo outro, quem diria. (Mas nada se compara ao "dogão" de Osasco).
Durante esse trajeto, encontrei minha mais recente amiga, Maria, vencedora do prêmio Rising Star 2023 do Reino Unido. Como meu tempo estava corrido, marcamos de nos encontrar e irmos juntas para o evento da noite, o Frankfurt Fellows reception.
Ao chegar no salão, deparei-me com um cenário lotado e muitos estandes de editoras com nomes familiares, como a HarperCollins e a própria Penguin Random House. Às 14h, participei da reunião com a Nielsen. Tive uma ótima conversa com as representantes do Reino Unido. Discutimos os desafios e os projetos que temos para o próximo ano e ainda combinamos de nos encontrar novamente no Happy Hour do Brasil mais tarde.
Finalmente, me vi sem compromissos até os eventos noturnos e comecei a explorar os salões. A vontade era de comprar todos os livros que via, mas ao abrir, percebia que todos eram em alemão, e embora tenha achado as edições em alemão lindas, não pude comprá-las. Fiquei impressionada com a semelhança de comportamento dos leitores em todo o mundo. Muito parecido com a Bienal, observei os mais jovens tirando fotos nos estandes, animados para pegar marcadores e outros brindes, e fazendo filas para conversar com os autores.
Foi um momento de grande estudo de mercado. Senti que havia muitas semelhanças com os eventos que temos no Brasil, não apenas na estrutura, mas também no comportamento do público. Assim, tirei muitas fotos para usá-las como inspiração e referência no futuro. Em dois estandes, fiquei bastante surpresa ao ver audiolivros físicos, ou seja, CDs, sendo vendidos e com uma ótima exposição. Já sabia que esse modelo era forte no exterior, mas ainda assim fiquei surpresa com a alta exposição e ênfase nas vendas durante o evento.
Encerrei o dia visitando os estandes com happy hours do Brasil e da Argentina, e encontrei Maria no estande das Filipinas. De forma bastante inusitada, fomos abordadas para tirar fotos com a equipe do estande, nos ofereceram bebida e comida, e sentaram conosco para conhecer mais sobre nossas carreiras. Fiquei extremamente feliz com essa interação tão espontânea, que acabou rendendo boas risadas depois.
Finalizei a noite no Frankfurt Fellows reception, onde encontrei alguns conhecidos e, junto com Maria, conversei com alguns editores de Londres. Alguns comentários chamaram minha atenção, especialmente quando afirmaram que acham a feira muito cansativa e que sobra pouco tempo para lazer e para conhecer a cidade. No entanto, ressaltaram que muitas pessoas e histórias que conhecem lá não seriam possíveis em outros lugares. Chegaram inclusive a dizer que consideram a Feira de Frankfurt mais enriquecedora do que a de Londres, enfatizando que em Frankfurt há uma presença internacional mais forte, proporcionando uma troca mais rica.
Apesar de um dia mais tranquilo em relação às palestras, foi agitado em termos de networking. Tive a oportunidade de trocar experiências e ideias com pessoas de diferentes países, e confesso que senti um orgulho imenso ao finalizar todas essas conversas em inglês. Quem diria que todas aquelas horas traduzindo músicas da Avril Lavigne resultariam em algo assim, não é mesmo?
Esse dia se resumiu a um grande exercício de inglês na prática, trocas culturais e, novamente, muita observação! Agora, estou ansiosa para ver o que o próximo dia me reserva, talvez uma oportunidade para explorar mais a cidade e, na parte da tarde, voltar para a feira. Vamos ver o que está por vir.






