Três perguntas do PN para Omar Souza
PublishNews, Thales de Menezes, 17/08/2022
O editor do selo Novo Céu, lançado pela Ediouro para livros evangélicos, fala sobre os planos para a área, define o perfil dos autores que quer publicar e explica a necessidade de ter um evangélico na equipe

Omar Souza
Omar Souza
A Ediouro anunciou nesta semana a criação de um selo para publicações evangélicas, chamado Novo Céu. À frente da área está Omar Souza, que criou a Editora 106 e tem um currículo parrudo no mercado do livro. Entre outras editoras, ele trabalhou na Thomas Nelson Brasil por oito anos, período em que ela se transformou de apenas mais um selo de autoajuda para uma das líderes do mercado editorial evangélico.

Segundo o editor, o público evangélico brasileiro está em crescimento. “Ele precisa da leitura para sustentar a própria fé, é um público que já tem o desejo de ler. A gente tem muita confiança que há espaço para coisas novas e inovadoras nessa área e, felizmente, estamos fazendo isso por uma editora que tem décadas de experiência e direção visionária, para apoiar iniciativas inovadoras.”

Omar fala ao PublishNews sobre os planos para o selo, que chega às livrarias com dois lançamentos, As mais lindas histórias da Bíblia, de Aline Barros, e Criação de filhos baseada na graça, do americano Tim Kimmel. “Vamos crescer aos poucos, formar catálogo, uma coisa a médio prazo. Estamos confiando que vai dar certo esse projeto.”

PublishNews - Como você define o tipo de livro que a editora busca colocar no mercado?

Omar Souza - A Novo Céu quer trazer para o público evangélico obras que promovam desenvolvimento pessoal e desenvolvimento dos valores espirituais, familiares. Essa é a base da escolha dos títulos. Não vamos iniciar com livros de alto teor teológico. A ideia é lançar livros para qualquer leitor cristão, seja evangélico ou não, católico, espírita, qualquer um que veja aqueles títulos e se sinta motivado para se desenvolver espiritualmente.

A princípio nós vamos trabalhar com autores brasileiros e estrangeiros. Vamos revezar, trabalhando a princípio com um ou dois lançamentos por mês, querendo ampliar esse número, sempre valorizando os escritores brasileiros. Eu acho que quem tem mais capacidade para falar sobre espiritualidade cristã brasileira é o líder, o pregador, o teólogo ou o pensador cristão brasileiro. Mas há material estrangeiro de muita qualidade, que serve para o Brasil, tem uma linguagem universal sobre os valores espirituais. Buscamos autores estrangeiros que já tenham uma credibilidade, que tenham desenvolvido uma plataforma lá fora, para a gente ter o respaldo de sucesso em outros mercados. E com resultados tanto em termos de aceitação quanto de vendas. A gente precisa de produtos com apelo comercial para sobreviver.

PN - Aline Barros, que abre as publicações, é um grande nome, uma garantia de retorno, não?

OS - Aline é uma pessoa que ganhou celebridade e credibilidade sem abrir mão em momento algum dos valores dela. Cantora consagrada, é também pastora, mãe, esposa. Ela dá um testemunho muito positivo a partir dos valores nos quais ela acredita. A gente precisa de pessoas assim. Ela tem uma plataforma muito vasta, uma respeitabilidade muito grande. Assim como o juiz William Douglas, que vamos publicar. Ele tem um reconhecimento não apenas por parte da igreja, mas também como escritor. Publicou vários livros que foram sucesso de vendas, é uma pessoa pela qual temos muito carinho. Outro nome forte é o Rodrigo Silva, uma das grandes autoridades quanto o tema é a Bíblia. Arqueólogo, tem conhecimento imenso da história bíblica. Publiquei livro dele e sei como seu trabalho é sério. Tem valor enorme para todas as denominações evangélicas .

PN - Existem características especiais necessárias para o time do selo? É preciso ser evangélico para ter um bom desempenho nessa empreitada?

OS - Não é requisito para todo o processo editorial que a pessoa seja evangélica. Um diagramador, por exemplo, fará o seu melhor mesmo não sendo ligado à igreja. Mas em alguns processos a gente tem que necessariamente ter um evangélico, uma pessoa que conheça o linguajar específico, conheça a teologia, os costumes que são caros aos evangélicos e protestantes. Por exemplo, a captação. Não podemos entregar a captação de títulos a alguém sem esse conhecimento, tem que ser alguém que possa dizer que isso ou aquilo não bate, não está de acordo com o pensamento evangélico. Sempre vai ter um evangélico a ver o trabalho do autor.

Tenho responsabilidade nisso também, claro. Lembro que em livros que publiquei, às vezes a tradução da palavra “pray” era “rezar”, um termo que o evangélico não usa em hipótese alguma, isso é um termo católico. Esse tipo de processo sempre tem que ter o crivo de um evangélico.

[17/08/2022 11:00:00]