Relembrei de episódio que vivi em 2011, quando me deparei com um simpático imóvel, uma lojinha fechada, na Rue Bonaparte, 19, de propriedade da Prefeitura de Paris, e que estava sendo alugado através de uma imobiliária com a finalidade exclusiva de funcionamento de uma livraria no local, com a expressa determinação do Município de preservar o comércio cultural do Quartier Latin.
Quantas farmácias e igrejas – nada contra a saúde do corpo e da alma – poderiam ser evitadas se aqui funcionasse a obrigatoriedade de ao menos existir uma livraria em cada bairro? Ou mesmo uma biblioteca pública.
Relembrando o tema, fui pesquisar na semana passada se a oferta de locação de 2011 se transformara em contrato e ocupação desejada. Passeando pelo Google Maps fui até o nº 19 da Rue Bonaparte e me deparei (touché!) com a charmosa livraria da Editora de livros de arte Diane de Selliers.
Moro no bairro do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, e sou cliente assíduo da Livraria Janela, que a exemplo da Bertrand de Portugal, aderiu ao sistema de oferta de simpático carimbo no frontispício dos livros que lá forem adquiridos, se o cliente assim o desejar. É mais um vínculo do leitor com a livraria onde ele aumenta seu ativo intelectual.
Dando umas voltas pelas páginas mundo, no fim de semana, vejo que a saborosa livraria Strand, de New York, comemorou o êxito da campanha “Shop Local”, que estimula o comércio por livrarias independentes, chegando a pedir desculpas por alguns atrasos devido a enorme afluência e demanda de compras.
Na Itália, o site Bookdealer reúne rede de livrarias independentes para a entrega rápida de livros, que são localizados entre as integrantes de uma plataforma ágil de comércio eletrônico.
Na Argentina também se encontra a Librerias on line, seguindo o mesmo modelo de união de livrarias independentes para oferta variada de produtos com entrega rápida.
Na Espanha igualmente existe a rede de Librerías Independientes, que congrega 100 livrarias, em 60 cidades, para melhorar a oferta e escoar a produção editorial.
Conversando com a sagaz e atenta Cindy Leopoldo, discutíamos como chamar a atenção das pessoas (o leitor já foi aplicado, falo do não leitor) para o entretenimento livro. Quem sabe após um filme de TV a cabo apareça a oferta de venda do livro em que se baseou o audiovisual, baratinho, valendo por 30 minutos, ou uma campanha eficaz seduza o consumidor e gere a ... “leirica”.
Os atores do mercado de entretenimento se movem. Chamar o cliente e manter sua atenção sobre a tela ou o papel é difícil. O audiovisual seduz, o audiolivro facilita a “leitura” pela longa auris.
A reação das livrarias é briosa e bonita. O necessário isolamento da população facilita a leitura no casulo (literalmente casinha). Editoras e livrarias unidas representam movimento adequado e sustentável do mercado para enfrentar a pandemia. Também os novos Prefeitos devem atentar para o que está acontecendo no mundo, e repensar a relevância das livrarias no zoneamento urbano, ainda mais na atual conjuntura.
Gustavo Martins de Almeida é carioca, advogado e professor. Tem mestrado em Direito pela UGF. Atua na área cível e de direito autoral. É também advogado do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e conselheiro do MAM-RIO. Em sua coluna, Gustavo Martins de Almeida aborda os reflexos jurídicos das novas formas e hábitos de transmissão de informações e de conhecimento. De forma coloquial, pretende esclarecer o mercado editorial acerca dos direitos que o afetam e expor a repercussão decorrente das sucessivas e relevantes inovações tecnológicas e de comportamento. Seu e-mail é gmapublish@gmail.com.
** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.
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