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Livraria do bairro
PublishNews, Gustavo Martins de Almeida, 24/11/2020
Em sua coluna, Gustavo Martins fala sobre as reações e ideias de algumas livrarias ao redor do mundo para se manterem abertas e atrativas para o público

No último artigo tratei do movimento de estímulo à compra de livros na “livraria do bairro”, que impulsionado pela necessidade dos leitores, floresceu em vários países.

Relembrei de episódio que vivi em 2011, quando me deparei com um simpático imóvel, uma lojinha fechada, na Rue Bonaparte, 19, de propriedade da Prefeitura de Paris, e que estava sendo alugado através de uma imobiliária com a finalidade exclusiva de funcionamento de uma livraria no local, com a expressa determinação do Município de preservar o comércio cultural do Quartier Latin.

Fotografei o imóvel e o cartaz e usei esse exemplo durante anos em aulas e palestras, sempre lembrando o papel da Poder Municipal que, de certa forma, interfere na economia e no zoneamento urbano, no caso para preservar características culturais, de determinado bairro.

Quantas farmácias e igrejas – nada contra a saúde do corpo e da alma – poderiam ser evitadas se aqui funcionasse a obrigatoriedade de ao menos existir uma livraria em cada bairro? Ou mesmo uma biblioteca pública.

Relembrando o tema, fui pesquisar na semana passada se a oferta de locação de 2011 se transformara em contrato e ocupação desejada. Passeando pelo Google Maps fui até o nº 19 da Rue Bonaparte e me deparei (touché!) com a charmosa livraria da Editora de livros de arte Diane de Selliers.

Livraria Diane de Selliers
Livraria Diane de Selliers
Pequena, fachada em azul vivo, com um site delicioso, fui descobrir que a dona tem vasta experiência na área editorial e de artes, apoia o mecenato e, é amiga do meu compadre Marc Pottier. Passeando pelo site também encontro carta por ela endereçada aos livreiros, em maio de 2020, reafirmando a essencialidade de sua atuação e a importância do trabalho conjunto de ambos. A campanha de apoio as livrarias na França (Soutenons les Librairies) se difundiu de forma intensa.

Moro no bairro do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, e sou cliente assíduo da Livraria Janela, que a exemplo da Bertrand de Portugal, aderiu ao sistema de oferta de simpático carimbo no frontispício dos livros que lá forem adquiridos, se o cliente assim o desejar. É mais um vínculo do leitor com a livraria onde ele aumenta seu ativo intelectual.

Dando umas voltas pelas páginas mundo, no fim de semana, vejo que a saborosa livraria Strand, de New York, comemorou o êxito da campanha “Shop Local”, que estimula o comércio por livrarias independentes, chegando a pedir desculpas por alguns atrasos devido a enorme afluência e demanda de compras.

Na Itália, o site Bookdealer reúne rede de livrarias independentes para a entrega rápida de livros, que são localizados entre as integrantes de uma plataforma ágil de comércio eletrônico.

Na Argentina também se encontra a Librerias on line, seguindo o mesmo modelo de união de livrarias independentes para oferta variada de produtos com entrega rápida.

Na Espanha igualmente existe a rede de Librerías Independientes, que congrega 100 livrarias, em 60 cidades, para melhorar a oferta e escoar a produção editorial.

Conversando com a sagaz e atenta Cindy Leopoldo, discutíamos como chamar a atenção das pessoas (o leitor já foi aplicado, falo do não leitor) para o entretenimento livro. Quem sabe após um filme de TV a cabo apareça a oferta de venda do livro em que se baseou o audiovisual, baratinho, valendo por 30 minutos, ou uma campanha eficaz seduza o consumidor e gere a ... “leirica”.

Os atores do mercado de entretenimento se movem. Chamar o cliente e manter sua atenção sobre a tela ou o papel é difícil. O audiovisual seduz, o audiolivro facilita a “leitura” pela longa auris.

A reação das livrarias é briosa e bonita. O necessário isolamento da população facilita a leitura no casulo (literalmente casinha). Editoras e livrarias unidas representam movimento adequado e sustentável do mercado para enfrentar a pandemia. Também os novos Prefeitos devem atentar para o que está acontecendo no mundo, e repensar a relevância das livrarias no zoneamento urbano, ainda mais na atual conjuntura.

Gustavo Martins de Almeida é carioca, advogado e professor. Tem mestrado em Direito pela UGF. Atua na área cível e de direito autoral. É também advogado do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e conselheiro do MAM-RIO. Em sua coluna, Gustavo Martins de Almeida aborda os reflexos jurídicos das novas formas e hábitos de transmissão de informações e de conhecimento. De forma coloquial, pretende esclarecer o mercado editorial acerca dos direitos que o afetam e expor a repercussão decorrente das sucessivas e relevantes inovações tecnológicas e de comportamento. Seu e-mail é gmapublish@gmail.com.

** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.

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