Filho de Ricardo Ramos e neto de Graciliano Ramos, em sua conversa com André Argolo ele falou sobre o início "tardio" no ramo da literatura. "Em um determinado momento da vida, todo jovem se pergunta ‘o que vou ser quando crescer?’ e a resposta que eu dei pra mim mesmo foi ‘qualquer coisa menos escritor’. Ser escritor na minha família é falta de imaginação", contou. E assim, pensando em fazer algo que fosse o mais diferente possível de escrever, escolheu a matemática e confessa: "Era o medo de ser comparado com Graciliano, medo de ser comparado com meu pai, com o Ricardo Ramos, o medo de que se eu viesse a escrever, eu não teria um caminho fácil”, contou, admitindo que mesmo assim, sempre teve vontade de escrever.
Mesmo procurando um caminho "mais fácil", Ricardo conta que demorou para se formar matemático, fez carreira na informática e só depois pensou que poderia fazer o que realmente gostava. Fez mestrado e doutorado em Literatura na USP e então começou a trabalhar na área. “Acho que me dediquei só à literatura quando fiquei mais maduro para poder lidar com críticas”, admite. Agora, escrevendo um romance ele conta também que é um processo demorado. "Eu vou acabar, mas não sei quando”, brinca.
A conversa sobre a família rendeu mais alguns minutos da conversa. A obra do avô deve entrar em domínio público em 2024. “Se depender de mim, vou brigar muito para que não entre em domínio público”, alertou o herdeiro que se antecipou e firmou um contrato com a Record que continuará pagando os direitos autorais à família até 2029. “Por diversas razões sou absolutamente contra o domínio público do jeito como ele existe hoje, por exemplo, queria entender aonde está o domínio público quando uma obra vai para o domínio público e ao invés de se pagar os 10%, 15% que se paga para a família do autor, o dinheiro fica inteiro para a editora”, critica. "Setenta anos passou a ser pouco tempo dentro de uma expectativa de vida maior. Graciliano vai fazer 70 anos de morte, mas ele ainda tem filha viva, nora viva [que dependem dessa receita para sobreviverem]", completou.Sobre a UBE, Ramos conta que sua história com a entidade começou cedo, já que seu pai também já foi presidente da organização. Ele conta ainda que só aceitou ser presidente quando viu que havia a possibilidade da União acabar. “A entidade já vinha há alguns anos numa crise, sem dinheiro e com o número de sócios diminuindo”. Seu objetivo principal desde então, é trazer mais gente pra a UBE e fazer a instituição voltar a crescer “e eu acho que está dando certo”, disse.
Nessa ano de pandemia, Ricardo aproveitou a "oportunidade" para transformar a UBE numa entidade virtual. “A gente fez uma conta no Zoom; fazemos toda terça-feira entrevistas com escritores – que está indo muito bem -; incrementamos o site, que ficou um site mais moderno; nos direcionamos para quitar as dívidas e aumentar o número de sócios e hoje a gente está com um superávit, estamos no positivo”, elencou orgulhoso, não deixando de fora o Prêmio Juca Pato, importante para a entidade e que esse ano premiou Ailton Krenak. A cerimônia de premiação deve acontecer - virtualmente - em dezembro.
O seu trabalho como roteirista, a ética, o capitalismo e a tecnologia também fizeram parte do bate-papo.
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