
Na opinião da CBL, no entanto, o dólar em alta (a cotação da última sexta fechou a R$ 3,76, um pouco abaixo dos R$ 4,14 de duas semanas atrás) pode beneficiar as editoras brasileiras. “Para quem está em Frankfurt pensando nas exportações, a hora é essa”, argumentou Luiz Alvaro. No entanto, é sabido que, apesar dos esforços da CBL e do BP, o Brasil é ainda um grande comprador de direitos. Segundo dados do Relatório de Gestão 2011-2014 da própria CBL, a estimativa era de que a participação brasileira em Frankfurt no ano passado gerasse um volume de negócios de US$ 330 mil em vendas de direitos e de livros físicos nos 12 meses subsequentes à feira.
Quem vai para a Feira de olho nas compras de direitos, vai com cautela. Sérgio Machado, presidente do Grupo Editorial Record, por exemplo, não está muito animado. “Vamos negociar caso a caso para tentar baixado os valores dos adiantamentos”, disse ao PublishNews, em tom de desânimo. No ano passado, a Record mandou a Frankfurt oito profissionais. Nesse, o time foi reduzido pela metade. “Não estou com muita expectativa. Não vai dar para fazer grandes negócios”, disse ao PublishNews. Para a Nielsen, que monitora o mercado de livros no Brasil (e em outros nove países), o cenário é desfavorável e preocupa. “Se em 2014 a Copa do Mundo e as eleições apareceram como desafios a serem superados, em 2015 o esforço é para encarar a crise no varejo e, na outra ponta, as contornar as condições mercadológicas na ‘fabricação’ de livros, já que o câmbio desfavorável deixa Frankfurt, Bolonha, Londres e Guadajara mais distantes. Haja criatividade para oferecer bons e rentáveis produtos para o mercado”, comentou Ismael Borges, gerente do Bookscan Brasil, a ferramenta da Nielsen de monitoramento da indústria do livro.
O aumento dos valores pagos em adiantamentos e em royalties de livros traduzidos no Brasil poderiam impactar o preço ao consumidor final? Sérgio Machado defende que sim. “O preço do livro tem que subir. Os insumos são em dólar e as editoras não têm outro caminho se não repassar aos consumidores”, disse. No entanto, o próprio Sérgio reconhece que subir preços nesse momento poderia ser um tiro no pé e completa: “no momento, só nos resta torcer para a situação melhorar. O que a gente está fazendo é boiar e tentar não afundar”.