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Distribuição Digital
PublishNews, 24/02/2011
Como é feita a distribuição digital hoje

No maravilhoso mundo digital, todos os problemas de distribuição deveriam estar solucionados... E estão! Quando uma editora já adaptou sua produção, começou a produzir eBooks - tanto em ePub, quanto em PDF - surge a grande dúvida: e agora? Pra onde eu mando? Vou distribuir meu conteúdo por aí? Essa foi uma fase com a qual me preocupei bastante- tanto como editora, quanto como empreendedora. Foi a partir daí que comecei a estudar e cheguei às conclusões e soluções que descrevo a seguir:

1) Distribuição no Brasil: existem várias formas para distribuir seus eBooks com segurança por aqui, inclusive posso até dizer que não deixam a desejar e até superam muitos sistemas lá de fora. A forma que a @CakiBooks decidiu distribuir foi através da Xeriph.

Para quem não conhece, a Xeriph tem um sistema agregador simples, onde cadastra seus eBooks com metadados completos e distribui para mais de seis lojas já integradas (fora as que estão em processo de integração), com total transparência com os relatórios em real time. O melhor da Xeriph (além do fato de que eu faço parte da equipe como consultora =0) – ah gente...) é o controle total de quanto cada livraria vendeu, o poder de desligar uma livraria, pausar as vendas de um eBook, trocar conteúdo (miolo, capa e metadados) e a atualização de todas as lojas após as modificações. Seus arquivos não serão espalhados e o que será enviado para as livrarias são os metadados. No final da compra, quando tudo for finalizado na loja, o leitor, sem perceber, baixará o arquivo com DRM (Digital Rights Management) diretamente do banco da Xeriph. O valor que eles cobram é somente sobre o download (modelo de clearing – 2% + 0,22 USD pela taxa de download – taxa de DRM) ou no modelo de distribuição 50% do valor de capa sem a taxa de DRM, também somente com base nas vendas. A hospedagem não é cobrada.

As lojas Saraiva e Cultura não aderiram ao agregador. A primeira possui um sistema bem prático, no qual você cadastra seus eBooks, sobe os arquivos de miolo e de capa e controla as vendas. No entanto, não possui um botão para “indisponibilizar” uma obra digital, mas também dá relatórios em tempo real. Sua porcentagem é 50/50, e não consegui negociar para melhorar isso para a Caki, coitadinha... toda pequenininha. Para comercializar em seu canal, você deve entrar em contato com o setor de negócios digitais e colocar seus arquivos e metadados no sistema deles. Já na Cultura, não consegui contato e não experimentei o processo. Veja o livro “case” da @CakiBooks distribuído pela agregadora Xeriph aqui e aqui.

2) Distribuição na Amazon: a vantagem de se comercializar na Amazon é poder distribuir em quase todo mundo. Lá você pode optar pela venda somente dentro dos EUA, onde a divisão contratual é de 70% para editora e 30% para loja se o preço estiver entre 2.99 e 9.99. Não sei se isto vale para os editores estrangeiros... Ah! E neste caso a taxa de download de US$ 0.15 por MB é cobrada pela Amazon (taxa de DRM). Ora bolas, mas eu queria vender meus livros em Portugal, Espanha, Argentina, França... Então eles oferecem a opção wireless international, onde você disponibiliza para todo o mundo e ainda via wireless dentro do leitor digital Kindle. Mas, como nada é tão perfeito, nesse caso as porcentagens se invertem: 35% para a editora, 65% Amazon. “Well”- pensei – para fazer isso, aumentamos os preços dos livros em 100%, peguei a autorização dos autores e começamos a subir os arquivos.

Porém, nem todo PDF entra no sistema deles e é necessário fazer upload de seus arquivos contando ainda com um tempo para aprovação. O ideal é transformar seus livros em ePub, e então, para .mobi, uma vez que o .mobi entrará lá e não dará problema algum. Além disso, eles dão um sistema de relatórios online exportável para Excel e controle para alterações de metadados. No entanto, as vendas não são tão boas por causa do preço alto. Usamos a Amazon, por enquanto, como nossa vitrine mundial (ai, que chique!). Os pagamentos referentes às vendas são feitos em cheque internacional, onde temos que pagar 50 USD para compensar, e ainda 30% de imposto (eca!). Mais informações #aqui#. Veja o “case” na loja da Amazon aqui

3) Apple Store (Loja de aplicativos da Apple): aqui “o buraco é mais embaixo” (desculpem a linguagem nada apropriada, mas é a pura verdade). Primeiro, é necessário um programador que possa transformar seu livro em aplicativo (tipo de programação onde seu livro vira um programinha executável nos devices da Apple). No tempo que seu livro levar em processo de programação, você deverá se cadastrar como empresa desenvolvedora, #veja aqui#. O problema é que isso custa 99 USD anuais. Porém, o processo é rápido: você recebe o aplicativo, publica na página de controle com seu login e senha de desenvolvedor e aguarda a aprovação.

Você estipula o preço, e a Apple garfa 30% dele. O pagamento é feito com transferência bancária e se paga os impostos referentes à transferência internacional (Uia!). A Apple também é uma excelente vitrine. Isso eu fiz com o livro estático, pois um livro animado demanda mais dinheiro para a programação, mas seguiria o mesmo processo. Coloquei o mesmo preço do livro para não competir com o mesmo no aplicativo da Gato Sabido. Veja nosso aplicativo aqui

4) Ibooks: ainda em construção. Espero ter novidades em breve!

Dá para perceber o quanto é fácil distribuir seus livros digitais, não é?! Mas, ainda assim, percebo que falta nas editoras gente disposta a começar este projeto, colocá-lo na rotina da produção editorial e reestruturar o marketing, que, em sua totalidade, é muito mais voltado para o mercado de livros impressos. Tudo bem, engloba também uma parte muito muito chata, que é a renovação e upgrade contratual, mas nada que requer um esforço de outro mundo.

Me dá uma tristeza ver esta lentidão porque parece que só vão acordar depois que o governo começar a fazer compras digitais... e, acreditem, não está longe! Se as editoras resolverem fazer isso na correria, vai ser um caos. Por que não começar agora, quando se tem chance de reestruturação e manobras? Por que não deixar rixas de mercado impresso para lá e buscar um desenvolvimento sem traumas?

Sugestão: editoras, por favor, contratem gente capacitada e de fácil adaptação ao mercado, coloquem o projeto em andamento... não custa tanto. Na verdade, custa muito menos que a logística para uma distribuidora, espaço para estoque ou investimento para uma grande tiragem.

Outra coisa que percebemos é que existem vários envolvidos e altos “cuts” que impossibilitam a diminuição dos preços dos eBooks como gostaríamos, mas acredito que o mercado ditará porcentagens mais humildes num futuro próximo.

Próxima coluna, vamos falar sobre self publishing e a ameaça deste “monstro” para as editoras?

Agradecimentos: Cristina Satchko Hodge (a Ki, da Caki) que colocou toda esta teoria em prática, me ajudando a provar as possibilidades que vinha maquinando. A @SouzaLaura pela revisão especialíssima. Ao Akira Toriyama pela ilustração com a Arale Norimaki, meu mangá favorito! E ao Carlo Carrenho, que me ajudou a aprimorar detalhes das informações aqui colocadas.

Camila Cabete (@camilacabete no Twitter e Instagram) tem formação clássica em História. Foi pioneira no mercado editorial digital no Brasil. É a nova Head de Conteúdo da Árvore e a podcaster e idealizadora do Disfarces Podcast.

Link para o LinkedIn

camila.cabete@gmail.com (Cringe!)

** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.

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