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De volta ao começo - a vida por dentro de uma Edtech
PublishNews, Camila Cabete, 10/03/2022
Em nova coluna, Camila Cabete explica como funciona uma Edtech, como é chamada uma empresa de tecnologia com missões ligadas à educação

Olha eu aqui de novo trabalhando com algo supernovo, que ninguém sabe muito bem como funciona. E como tudo o que se ignora, acaba virando mito ou se transformando em medo. Estou falando de Edtech. Resolvi escrever sobre o assunto porque acho que pode ser esclarecedor ao mercado, assim como explicar de onde eu estou falando agora. Minha visão deste lado do mirante.

Em 2014 surgiu a Edtech da qual faço parte hoje. Edtech é uma empresa de tecnologia que tem como missão algo ligado à educação. Na concepção e no significado da palavra, a Árvore é a única Edtech 100% brasileira que trabalha com conteúdo editorial em um dos segmentos. Temos dois produtos: livros e atualidades.

Trata-se de um negócio em crescimento e transformação. Uma repetição do que vivi em 2009, com o surgimento de uma livraria digital, pela primeira vez no Brasil, nos moldes que conhecemos hoje.

Cada Edtech no mundo tem uma missão diferente. A da Árvore é fomentar a leitura e transformar a educação através dos livros, pois acreditamos que a leitura pode mudar o mundo. Mas a principal expertise da empresa é a tecnologia e a biblioteconomia. Sim, também sempre pensei que fossem áreas opostas.

A Edtech precisa prover a tecnologia de entrega em todos os cantos do país, conteúdo de qualidade, curado e devidamente catalogado de acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Essa informação ainda não vem nos metadados, e quando vem, precisa ser confirmada. Esse trabalho é uma das coisas que faz da Árvore uma empresa múltipla: o conteúdo não entra direto (nem deveria), mas passa por uma catalogação onde juntamos inteligência artificial com a expertise das bibliotecárias. Com as obras já dentro da plataforma, entram as pedagogas. Não é simplesmente vender a plataforma. Os fundadores são brasileiros, gente normal e empreendedora que ama a educação, e vieram também de uma vivência com o mercado editorial.

A plataforma foi construída com um time brasileiro de engenharia e desenvolvimento, com design gamificado (afinal, queremos roubar o tempo de tela de TikTok, Minecraft, YouTube etc.) também nacional, devidamente segura com todas as LGPD’s possíveis. Pronto! Precisamos das editoras, as melhores, as que oferecem o melhor conteúdo possível para os estudantes. É firmado um acordo de biblioteca, com pagamentos recorrentes e uma inteligência de dados, que inclusive poderia servir de guia para muita empresa já capaz de trabalhar com inteligência de mercado.

Com livros na plataforma, entram as escolas, instituições de ensino e secretarias de educação. Entram em cena as equipes comerciais, que vão entender as dores do mercado e oferecer o produto ideal para cada um, personalizado. Contrato fechado, o jogo está só começando.

Ok, a pandemia deu uma acelerada no ensino à distância, mas o sucesso do produto Edtech depende do trabalho frente a frente que nossa equipe pedagógica e de bibliotecárias fará em cada instituição para engajamento, curadoria, construção de trilhas de leitura, letramento digital de todos os profissionais envolvidos, curadoria regional, atendimento ao cliente para qualquer problema e desenvolvimento das novas versões do produto digital (desktop e aplicativos para dispositivos iOS e Android), que mudam o tempo todo. Afinal, precisamos manter tudo sempre atualizado, além de sempre aperfeiçoar as seguranças financeira e da informação, lidar com inadimplências e ativação dos clientes. Isso tudo num país de maioria não leitora (por enquanto). Digo, não leitora de literatura, porque no WhatsApp tem gente lendo desinformação o tempo todo.

Ufa! Muita coisa, né? Mas isso não tem fim, o trabalho é feito ao longo de todo o ano letivo! Muito investimento de dinheiro e energia envolvidos. Acabou? Não! Tem a qualificação em LGPD, financeiro, automatização de relatórios, engajamento dos produtores de conteúdo (editoras, parceiros pedagógicos, assessoria de imprensa etc.). Pedir dinheiro a investidores, prestar contas, proteger os arquivos com DRM, passar por auditoria internacional. O ano letivo começa, e tem curadoria para fazer, além do elo entre editoras e escolas, o desenvolvimento de eventos (digitais e, agora, também presenciais), levar autores em evento nas escolas, fazer eventos de letramento na plataforma... É uma correria, mas nós vamos fazer o povo ler! E os resultados do nosso trabalho são mensuráveis: algumas escolas parceiras apresentam médias de leitura que são o dobro da média nacional. E queremos ir muito além!

É muito gratificante ver o conteúdo de uma escola de alto padrão financeiro da capital ser o mesmo das escolas ribeirinhas do interior de Manaus. Dá vontade de chorar ao ler algumas reviews de produto nas lojas de aplicativos e na nossa plataforma. É lindo quando levamos bibliotecárias de formação, com expertise em catalogação digital, para trabalhar junto às bibliotecárias internas escolares. O fruto disso tudo é muito lindo.

Uns passarinhos me contaram que já podemos dizer que pagamos mais do que o varejo para obras digitais de segmento infantil e infantojuvenil - o montante anual não mente. E remunerar as editoras neste segmento, finalmente no digital, é nosso grande orgulho.

Não se esqueçam que a Árvore não compete com os grandes programas de compra de livros físicos, como o PNLD literário. O que vendemos é serviço de plataforma, não livro. Então tem zero de competição nas verbas destinadas à compra de livro impresso/digital. Não vendemos livros, vendemos uma solução de leitura com plataforma, conteúdos, serviços especializados, inteligência artificial com foco em aprendizagem, formação de professores, projetos de leitura, sequências didáticas alinhadas a BNCC, gamificação.

Hoje ainda oferecemos pouco ao mercado editorial, se compararem com gigantes do mercado de varejo em outros segmentos. Mas esta Edtech da qual estou fazendo parte vai crescer, levando junto todos os atores desse mercado, e de forma transparente e integrada.

Eu poderia estar mais acomodada, menos estressada, mas o desafio me move e a inovação parece estar no meu karma. Então, continuo no mercado assim, morrendo de raiva e amores. Isso faz com que eu me sinta viva.

Se tiver qualquer dúvida a respeito, não acredite em mensagens de grupo de WhatsApp. Venha me perguntar que esclareço com o maior prazer e respeitando a confidencialidade de todos os envolvidos ;). Você me acha em todas as redes sociais como @camilacabete.

Camila Cabete (@camilacabete no Twitter e Instagram) tem formação clássica em História. Foi pioneira no mercado editorial digital no Brasil. É a nova Head de Conteúdo da Árvore e a podcaster e idealizadora do Disfarces Podcast.

Link para o LinkedIn

camila.cabete@gmail.com (Cringe!)

** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.

Tags: Árvore, EdTech
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