
O ponto de partida é o conteúdo. Currículos que promovem leituras que conectam ciência, cidadania e clima, com diversidade de autores, territórios e vozes, aumentam pertencimento e engajamento. Bibliodiversidade não é ornamento: é condição para que cada estudante se veja no material e avance.
A acessibilidade precisa estar presente na origem, na concepção dos projetos editoriais. Há grandes avanços no Brasil, derivados da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI), também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência. Formatos como ePUB acessível, braile, fonte ampliada, contraste adequado, descrição de imagens e audiolivros já são uma realidade. Plataformas compatíveis com formatos digitais acessíveis ampliam o alcance para estudantes com baixa visão ou dificuldades de leitura. Inclusão é qualidade pedagógica.
Novas tecnologias podem (e devem) ajudar na jornada pela inclusão. Dados e inteligência artificial (IA) precisam servir ao aprendizado, não o contrário. Há uma grande possibilidade se abrindo, com um uso de uma IA ética e responsável, que contribua para incluir alunos com necessidades especiais e, assim, evoluirmos para mais equidade na Educação.
Recursos como medir adoção, tempo de leitura, conclusão de capítulos e dificuldades recorrentes podem ajudar professores a intervir melhor na formação dos nossos jovens leitores e trazer mais elementos para que editoras ajustem suas propostas — sempre com governança, consentimento e segurança. Algoritmos igualmente podem apoiar curadoria e personalização, mas precisam ser livres de vieses que reforcem exclusões que pretendemos combater.
Políticas públicas ampliam escala. Compras governamentais que combinem critérios pedagógicos, ambientais e de acessibilidade movem a cadeia na direção certa e asseguram que o melhor chegue às redes que mais precisam. Bibliotecas escolares e comunitárias, abastecidas e articuladas com mediação de leitura, transformam investimento em hábito.
Para sair do discurso e sustentar decisões, há algumas frentes que colaboram na construção desta evolução. A primeira é conteúdo e bibliodiversidade, sempre com obras que incorporam temas socioambientais e representatividade regional. A acessibilidade é o segundo ponto, com catálogos em formatos acessíveis e uso efetivo pelos estudantes. Em seguida, o desenvolvimento de estratégias para o uso de dados e IA responsável, que possam gerar indicadores de aprendizado e engajamento com governança, privacidade e auditoria de vieses. Por último, políticas e acesso envolvem cobertura de bibliotecas, tempo de reposição de acervos e taxa de empréstimo/leitura per capita em territórios vulneráveis.
Livros que educam com propósito, produzidos e distribuídos de modo responsável, formam escolas mais justas e resilientes. Ao alinhar curadoria, acessibilidade, baixo carbono, dados éticos e políticas de acesso, fazemos do ODS 4 uma prática diária — e não um slogan — sem deixar ninguém para trás.
Luciano Monteiro é diretor corporativo global de Comunicação e Sustentabilidade do grupo educacional Santillana, vice-presidente de Comunicação e Sustentabilidade da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Grupo de Editores Iberoamericano.
**Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews
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