Nos próximos dias, a São Paulo Fashion Week (SPFW) será palco de um movimento simbólico e, ao mesmo tempo, estratégico: a Estante Virtual patrocinará um desfile. À primeira vista, pode parecer uma ação inusitada para uma marca do universo do livro. Mas, na prática, esse gesto sinaliza uma transformação mais ampla — a literatura ocupar espaços centrais da economia criativa, rompendo a fronteira tradicional das livrarias e feiras literárias para dialogar com novos públicos e linguagens culturais.
Até hoje, como mercado, interagimos menos do que poderíamos com o ecossistema criativo. Moda, música, audiovisual e games aprenderam a construir narrativas que extrapolam seus produtos: vendem experiências, criam comunidades e definem comportamentos. O livro, apesar de historicamente ser um dos grandes vetores culturais, manteve-se em um território mais restrito, muitas vezes por tradição, outras por falta de estratégia integrada. Ao apoiar um desfile, a Estante Virtual sinaliza uma mudança nesse paradigma: o livro começa a sair da estante para circular onde as conversas culturais realmente acontecem — passarelas, palcos, festivais e timelines.
Essa aproximação não é cosmética; é estratégica. Num cenário em que a atenção das pessoas é disputada por diferentes expressões culturais, a literatura precisa se reposicionar. Ao entrar na passarela, o livro se conecta com públicos que muitas vezes não se definem como leitores — mas que consomem cultura intensamente. Essa presença amplia a relevância simbólica do livro, reposiciona marcas editoriais como players culturais e cria pontes com uma geração mais jovem, diversa e conectada. É um movimento de marca que, na prática, também é um convite para que o livro volte a ocupar o lugar de onde nunca deveria ter saído: o centro da cultura.
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Não se trata de seguir tendências, mas de se reconhecer como parte ativa delas. Assim como a moda aprendeu a contar histórias, a música se transformou em experiência coletiva e o audiovisual domina a lógica das franquias culturais, a literatura pode — e deve — operar nesse mesmo território híbrido, em que estilo de vida, comportamento e narrativas se encontram. Capas podem inspirar estampas, autores podem dividir o palco com designers e histórias podem influenciar coleções. O livro, afinal, sempre foi matéria-prima de imaginação.
O patrocínio da Estante Virtual na SPFW é, portanto, mais do que uma ação de visibilidade: é uma afirmação de pertencimento. É dizer, com clareza, que o livro não precisa esperar que as pessoas cheguem até ele — ele pode, sim, ir até onde as pessoas estão. E ao fazer isso, ganha potência, atualiza seu papel na cultura contemporânea e abre caminho para novas formas de conexão. Talvez a pergunta mais interessante, agora, não seja “por que o livro está na passarela?”, mas “por que demoramos tanto para colocá-lo lá?”.
Palme é um profissional do mercado de publishing, liderando e sendo pioneiro em importantes inovações do setor, especialmente com conteúdos e negócios digitais.
Possui mais de 20 anos de carreira, sendo 13 deles no mercado de livros e na liderança de projetos que envolvem marketing, tecnologia e principalmente conteúdos em todos os seus formatos. Nos últimos anos liderou projetos que somam mais de 12 mil horas de conteúdo em áudio, entre audiolivros, podcasts e audioseries. Liderou também toda produção da versão brasileira dos audiolivros da saga de Harry Potter.
Atualmente, é head da Estante Virtual, marketplace de livros do Magalu, e também segue como colunista, professor, mentor e coordenador da Comissão de Inovação e Tecnologia da Câmara Brasileira do Livro (CBL).
** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews
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