
O Mercado Livre optou por não se posicionar sobre o assunto.
Conforme noticiado pelo PublishNews no dia 30 de janeiro, o Mercado Livre – empresa de e-commerce mais popular da América Latina e uma das líderes do segmento também no Brasil – já está operando a sua nova loja de livros, no modelo 1P. Ou seja, nos próximos meses, o país ganha uma nova livraria online que pode conquistar um bom espaço no mercado editorial – não sem enfrentar alguns desafios.
Os pedidos para editoras já se iniciaram. Por enquanto, o ML fechou contratos com um grupo pequeno entre as maiores editoras do país.
Atualmente, o Mercado Livre vende livros no modelo marketplace (3P) – que conta com lojas importantes do setor editorial, como a Livraria Leitura e A Página, além de diversas editoras. Agora, a varejista chega à operação direta no mercado editorial. A principal concorrente, claro, é a Amazon, e embora alguns editores e gerentes comerciais tenham manifestado preocupação sobre uma eventual guerra de preços entre as duas gigantes do varejo, eles também ouviram promessas de que algo parecido não vai ocorrer.
Veja a íntegra da nota, assinada pela direção da ANL:
"A Associação Nacional de Livrarias reafirma a importância das livrarias para o Brasil e defende um mercado equilibrado, com concorrência e sem monopólio.
O Mercado Livre, antes um marketplace que reúne mais de 1.200 livrarias e revendedores de livros, agora atua como vendedor direto (1P), competindo e inviabilizando seus próprios parceiros, fragilizando seus concorrentes.
A plataforma, ao atuar simultaneamente como marketplace e vendedora, favorece a si mesma prejudicando livrarias que ajudaram a consolidar sua presença no setor editorial.
Além de adotar preços agressivos, às vezes indevidamente usando a marca de "loja oficial" de editoras, ainda impôs uma taxa extra de R$ 3,00 a R$ 4,00 por livro de até R$ 79,00, onerando ainda mais os seus parceiros.
Essa prática repete o que já aconteceu com grandes varejistas como Lojas Americanas, Magalu e Via Varejo, que entraram na venda direta de livros com guerra de preços, operaram com prejuízo e depois descontinuaram as vendas, desestabilizando o setor.
A Amazon também utiliza o livro como isca, vendendo com prejuízo e pressionando editoras e livrarias.
Isso contribuiu com a falência da Saraiva, o fechamento de lojas da Livraria Cultura e a saída da Fnac do Brasil, entre outras.
Nos EUA, a Borders (2ª maior livraria dos EUA) também faliu, assim como centenas de livrarias independentes.
Para evitar esse colapso no mercado, muitos países como França, Alemanha, Portugal e Argentina adotaram leis limitando descontos em lançamentos.
O Brasil precisa proteger sua bibliodiversidade e garantir um mercado equilibrado.
As livrarias são essenciais para o acesso à cultura e não podem ser prejudicadas por estratégias predatórias que concentram poder em poucas plataformas, que exigem do editor mais descontos obrigando-os a aumentar o preços dos livros."