
Em Mãe e Filho, Fosse consegue fazer com que o que é próximo se torne estranho e o que é estranho se torne próximo. Com um estilo poético de prosa bastante peculiar, a narrativa ganha uma simplicidade acentuadamente musical e rítmica em que o silêncio ocupa o lugar do que não é dito. Com direção de Lavínia Pannunzio e Carlos Gradim, a montagem representa essa jornada de dois sujeitos tentando se conectar.
Estranhos unidos por um acidente de nascimento décadas atrás, a mãe (interpretada por Vera Zimermann), reacendendo a memória; o filho (interpretado por Tiago Martelli) se perguntando se o melhor seria não ter nascido, ambos os personagens tentam se reconhecer após anos de hiato e tendo a maternidade como único elo que os conecta.
Projeto concebido originariamente pelo ator Tiago Martelli, a montagem se tornou possível com a formação dos núcleos criativo e técnico coordenados pela Mosaico Produções e com a realização do Sesc. Para os diretores, Lavinia e Carlos, em uma sociedade patriarcal e capitalista, há a insistência em perceber o corpo da mulher a partir do conceito de transmissão de autoridade e herança paternas. E faz isso enquanto subordina às mulheres à servidão doméstica, como se esta fosse a vocação delas.
O texto fala sobre isso. “Fosse nos mostra uma família em que todos e cada um são vistos apenas em seus papéis, sociais e de gênero. Um lugar em que o afeto precisa sempre ser (re)construído. O absurdo toma forma, e o que se tem, então, são dois estranhos unidos por uma gestação e um nascimento. Desesperadamente, nada além disso", afirmam.
Chamado popularmente de "o novo Ibsen", os personagens de Fosse não falam muito. As frases se repetem e permanecem em suspense. Os silêncios são fundamentais e demonstram que, mesmo juntas, as pessoas continuam sozinhas.
Fosse ficou conhecido por uma obra que aborda, de maneira profunda e sensível, questões que estão no cerne da existência humana, como as ansiedades e as inseguranças que perpassam a vida e a morte.
Serviço:
Teatro | Mãe e Filho
texto de Jon Fosse
Com Vera Zimmermann e Tiago Martelli
De 6/07 a 11/08
Sextas e sábados, às 20h | domingos, às 18h.
Classificação: 14 anos.
Duração: 60 minutos
Dia 2/08, sexta, 20h,
Sessão com intérprete de Libras
09/07 feriado, às 18h
Sesc Ipiranga (Rua Bom Pastor, 822 – São Paulo / SP)
Ingressos: disponíveis no portal do Sesc ou pessoalmente nas unidades do Sesc São Paulo.
Valores: R$ 50 (inteira), R$ 25 (estudante, servidor de escola pública, idosos, aposentados e pessoas com deficiência), R$ 15 (credencial plena).