Apanhadão da semana: Livro de Ziraldo é censurado em Minas Gerais e entidades do livro se manifestam
PublishNews, Redação, 21/06/2024
Veja também mais detalhes do livro 'Sobre desistir' (Ubu), do psicanalista Adam Phillips, e do lançamento de Virginia Woolf publicado pela editora Nós

Temas abordados no livro 'O menino marrom' foram considerados agressivos | © Reprodução
Temas abordados no livro 'O menino marrom' foram considerados agressivos | © Reprodução
A principal notícia da semana foi mais um caso de censura na literatura, desta vez no município de Conselheiro Lafaiete, em Minas Gerais. O Uol relata que o livro infantil O menino marrom, de Ziraldo, foi retirado das escolas municipais, após pressão das famílias de estudantes que consideram a obra "agressiva", por conta de um trecho que menciona um "pacto de sangue" entre as personagens, o que não acontece na obra.

A obra aborda a relação de dois amigos, sendo um deles negro e o outro branco. O enredo do livro trata sobre racismo, conforme o Menino Marrom e o Menino Rosa passam a refletir sobre o que significa ser chamado de branco e de preto. No g1, um texto que detalha mais sobre a divisão de opiniões do caso de censura. O episódio também foi tema do podcast O Assunto desta sexta (21).

Em nota enviada ao PublishNews, as entidades do livro - Câmara Brasileira do Livro (CBL), Associação Brasileira da Indústria Gráfica (ABIGRAF), Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais (Abrelivros), Associação Nacional de Livrarias (ANL), Liga Brasileira de Editoras (Libre) e Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) - se manifestaram sobre o assunto. "As entidades do livro repudiam veementemente a censura a livros. A recente censura ao livro "Menino Marrom", de Ziraldo, é um inaceitável ataque à liberdade de expressão, um pilar fundamental para a democracia e o desenvolvimento de um país. Censurar livros é atacar a democracia, a liberdade de expressão e a formação de cidadãos e cidadãs. O futuro do Brasil e o combate às desigualdades sociais dependem do crescimento intelectual de sua população, no qual o livro desempenha um papel imprescindível.", diz parte da nota que você confere na íntegra no final da página.

O Painel das Letras produziu um vídeo explicando mais do livro Sobre desistir (Ubu), do psicanalista Adam Phillips. A Folha de S.Paulo também listou os melhores livros de tecnologia do primeiro semestre de 2024.

Houve, no Globo, a cobertura da 21ª edição do Prêmio Faz Diferença 2023. Na reportagem da noite da premiação, o presidente do conselho de administração do Grupo Globo, João Roberto Marinho lembrou que o Faz Diferença deste ano é permeado também pelo início do ciclo de comemorações do centenário do Globo, em julho de 2025: "O Faz Diferença é o momento em que celebramos aqueles que mais se destacaram na vida brasileira. (...) O jornalismo pode se expressar por diversas formas e por muitos meios. Quando criamos este prêmio, há 21 anos, entendemos que dar visibilidade a quem faz diferença é parte do nosso desafio de informar", afirma. Na categoria Livros, a vencedora foi a Academia Brasileira de Letras.

O Estado de S. Paulo fez uma lista sobre oito livros que falam sobre produtividade que especialistas em gestão realmente usam. O veículo também abordou sobre o lançamento O diário de Asheham (Nós), que mostra retorno de Virginia Woolf à escrita após um colapso mental que a afastou completamente de sua produção. E Maria Fernanda Rodrigues usou sua coluna para comentar o livro O vício dos livros (Dublinense). O título escrito pelo português Afonso Cruz reflete sobre o papel de livros, autores e obras no cotidiano.

No Omelete, Cassandra Clare revela capa e detalhes de seu novo livro The Ragpicker King (O rei dos ladrões).

O caderno Pensar, do Estado de Minas, publicou uma resenha de Dueto dos ausentes (Reformatório), estreia de Fernando Rinaldi como romancista.

Confira na íntegra a "nota de repúdio à censura de livros" assinada pelas entidades do livro e que cita também o recente caso ocorrido em São José dos Campos com obra publicada pela Editora Mostarda.

As entidades do livro repudiam veementemente a censura a livros. A recente censura ao livro Menino Marrom, de Ziraldo, com publicação pela Editora Melhoramentos, nas escolas municipais de Conselheiro Lafaiete (MG), e o recolhimento da obra Meninas Sonhadoras, Mulheres Cientistas, da juíza Flávia Martins de Carvalho e publicada pela Editora Mostarda, das salas de leitura da rede municipal pela prefeitura de São José dos Campos (SP), são atos inaceitáveis que configuram um claro ataque à liberdade de expressão, pilar fundamental para a democracia e o desenvolvimento de um país.

Censurar livros é atacar a democracia, a liberdade de expressão e a formação de cidadãos e cidadãs. O futuro do Brasil e o combate às desigualdades sociais dependem do crescimento intelectual de sua população, no qual o livro desempenha um papel imprescindível.

A liberdade de expressão é um direito fundamental garantido pela Constituição Federal do Brasil, em seu artigo 5º. A censura de livros, além de violar o direito à liberdade de expressão, também prejudica o acesso ao conhecimento e à cultura.

Ziraldo é um autor consagrado, que contribuiu significativamente, por décadas, para a consolidação da literatura infantil em nosso país, conquistando milhões de leitores. Sua obra Menino Marrom aborda temas fundamentais, como diversidade e inclusão, que são cruciais para a formação de uma sociedade mais justa e igualitária.

Da mesma forma, a obra Meninas Sonhadoras, Mulheres Cientistas, da juíza Flávia Martins de Carvalho, destaca a importância de promover a igualdade de gênero e incentivar meninas a perseguirem carreiras na ciência. A censura desta obra impede que jovens leitoras tenham acesso a histórias inspiradoras que podem influenciar positivamente suas vidas e escolhas profissionais.

As entidades reiteram seu compromisso com a defesa da liberdade de expressão e com a promoção de um ambiente literário em que todas as vozes possam ser ouvidas e respeitadas. Continuaremos a lutar contra qualquer tentativa de censura e a defender o direito ao livre acesso à cultura e ao conhecimento.

ABIGRAF - Associação Brasileira da Indústria Gráfica
ABRELIVROS - Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais
ANL - Associação Nacional de Livrarias
CBL - Câmara Brasileira do Livro
LIBRE - Liga Brasileira de Editoras
SNEL - Sindicato Nacional de Editores de Livros

[21/06/2024 09:00:00]