A editora Record compartilhou com o PN uma comparação das obras de García Márquez de março de 2024 com as vendas de março de 2023. Sem considerar as vendas de Em agosto nos vemos, os demais títulos do autor tiveram um aumento de 101,5% no período analisado. Confira o ranking dos dez livros mais vendidos:
- Em agosto nos vemos
- Cem anos de solidão
- Crônica de uma morte anunciada
- O amor nos tempos do cólera
- Box Gabriel García Márquez (Edição de colecionador)
- Memória de minhas putas tristes
- Do amor e outros demônios
- Doze contos peregrinos
- Relato de um náufrago
- A revoada (O enterro do diabo)
Gabriel García Márquez e o jornalismo
Além de seu trabalho na literatura, é necessário pontuar sua formação como jornalista e a influência jornalística no seu processo de escrita. Joana Rodrigues, professora de Letras da Universidade Federal de São Paulo e Franklin Valverde, mestre em Língua Espanhola e Literaturas Espanhola e Hispano-americana (FFLCH-USP) e doutor em Ciências da Comunicação pela ECA-USP ressaltam que o fazer jornalístico está presente de maneira significativa em suas obras.
Joana é estudiosa das crônicas produzidas por Gabriel García Márquez e fala de "um entrecruzar bastante positivo, sedutor e prazerozo" presente na obra do escritor. Em sua tese de Mestrado na USP, ela analisa 200 crônicas escritas por García Márquez entre 1980 e 1984. A obra Notas de prensa 1980-1984, segundo ela, é um espaço em que ele requinta seu laboratório de escrita e ajusta sua forma de escrever: "Essas crônicas trazem temas muito corriqueiros mas universais, a partir de observações do cotidiano ele faz reflexões sobre escrita, filosofia, jornalismo, paixões, música, política. Ele tem um estilo único, marcado por uma escolha lexical, vocábulos que apenas ele usa". Durante o período da escrita das crônicas, Gabo escrevia uma crônica por semana para o jornal El Espectador.
Conheça mais sobre obras consideradas fundamentais para compreender a obra de Gabriel García Márquez:
- Relato de um náufrago (1955)
"[Relato de um náufrago] Mostra o talento dele como jornalista, profissão que atuava na época, e como esse talento aflorou a sua habilidade como escritor", afirma Franklin.
- Cem anos de solidão (1967)
Franklin destaca que Cem anos de solidão é um dos títulos de um "boom" na literatura no continente: "é o livro que inaugura o 'realismo mágico', marcando um período 'boom' da literatura latino-americana nos anos 1960 e 1970. Esses livros revelaram, de certa forma, para o mundo, a potência da literatura latino-americana", comenta.
- O outono do patriarca (1975)
O mestrado de Franklin foi centrado nessa obra de García Márquez. "É uma obra que ele mais trabalha o experimentalismo, que foi escrita sem ponto final. As frases vão seguindo umas atrás das outras, mostrando esse ditador que é uma figura presente na história de muitos países da América Latina", comenta o professor formado pela PUC-SP.
No texto, Gabo incorpora textos do diário do Cristóvão Colombo, reescreve fatos históricos do continente: "Essa maneira como ele relata é fascinante porque faz com que você embarque na aventura dele e repense uma série de capítulos da história da América Latina de forma romanceada, mas sem perder a força política de denúncia que a escrita do García Márquez sempre mostrou", comenta o pesquisador
- Crônica de uma morte anunciada (1981)
"É uma história absurdamente bem contada por personagens movidos pelo amor. E tem uma carpintaria espetacular para contar algo que ele anuncia desde a primeira página que havia acontecido. É uma combinação da capacidade extraordinária de contar uma história, com a capacidade extraordinária das reportagens", afirma a professora da Unifesp.
- O amor nos tempos do cólera (1986)
- A incrível e triste história de Cândida Eréndira e sua avó desalmada (1972)