Sobre a exposição, segundo a curadora Lilia Schwarcz: “O lugar em que ela se realiza é quase autorreferente ou até metalinguístico: a icônica Biblioteca Mário de Andrade, instituição cuja vocação primeira vincula-se ao modernismo paulistano, a despeito de não se limitar a ele. A exposição significa também uma espécie de abreviado da obra consistente e coerente de Thiago Honório. Essa exposição recobre 21 anos de produção — de 2003 a 2023 —, deste artista mineiro, em diálogo com o barroco das Minas Gerais, e com o modernismo paulistano que selecionou esse tempo e esse lócus para pensar Brasil. Composta por 18 trabalhos, Leituras nos convida a pensar no livro como matéria, como conhecimento acumulado, como ‘substância inflamável’, (conforme o artista gosta de definir) e como forma estética”.
A mostra também ocorre em torno das celebrações dos 130 anos do nascimento de Mário de Andrade, uma vez que a produção do escritor já apareceu em nove trabalhos do artista Thiago Honório. Logo, gravitando em torno de parte da produção de Mário de Andrade, Leituras colige, ainda, trabalhos desenvolvidos em diálogo com a produção textual e visual de escritores e artistas como Oswald de Andrade (1890-1954), Tarsila do Amaral (1886-1973), Flávio de Carvalho (1899-1973), Antonio Candido (1918-2017), Manuel Bandeira (1886-1968) e Michel Foucault (1926-1984); e também a partir de outros trabalhos do artista.
A expografia e os displays para os trabalhos foram elaborados em colaboração com Sol Camacho, do escritório de arquitetura RADDAR, para a apresentação dos 18 trabalhos, sendo 8 deles inéditos, e a produção de Ana Helena Curti, Arte3.
“Leituras é assim uma homenagem aos deslocamentos que a obra de arte faz. É uma homenagem também ao universo dos livros com suas utopias e impedimentos. É por fim uma homenagem às próprias bibliotecas que têm como utopia conter todo o conhecimento do mundo. Por isso são também as primeiras a arder diante de governos autoritários, e as primeiras a ressurgir em governos democráticos. Livre da censura e afeita a todo tipo de ressignificação pois a cultura é isso: não a pedra que fica no fundo do rio, mas o próprio rio. A obra de Thiago Honório é feita do deslocamento incessante da água do rio”, explica ainda Lilia Schwarcz, em nota.
SERVIÇO
Leituras | Thiago Honório
Curadoria: Lilia Schwarcz
Local: Biblioteca Mário de Andrade – BMA (Sala Tula Pilar Ferreira, fachada da Biblioteca e o entorno, na Rua da Consolação, em São Paulo)
Rua da Consolação, 94 – República
Visitação: de 23 de março a 16 de junho de 2024.