Publicidade
Publicidade
Conteúdo é comunidade!
PublishNews, André Palme, 31/10/2023
Em novo artigo, André Palme fala sobre o poder e a importância da comunidade e como ter pessoas engajadas com seu conteúdo pode fazer a diferença

Não é de hoje que a internet fala de comunidades. Eu mesmo escrevi um texto em julho de 2020 que você pode conferir clicando aqui sobre o assunto, com um exemplo real de um projeto do lançamento de um audiolivro que liderei. Quero então começar esse artigo com um breve parágrafo da conclusão deste meu texto de 2020:

"Não existe nada mais importante que sua audiência. Você também pode chamar audiência de leitor, consumidor, fã, etc. Parece aquele clichê de “o cliente tem sempre razão”. Ele tem!

O fã de um autor, de um título ou de um universo de interesse precisa – sempre – ser o primeiro grupo em que você vai pensar na hora de lançar um conteúdo e montar um plano de marketing. O fã adora ser tratado com o carinho que merece, como retribuição à lealdade que demonstra".

É isso, esse artigo poderia terminar aqui, como terminou o outro, mas dessa vez esse é nosso ponto de partida.

Antes da chegada da internet, o fluxo de consumo de conteúdo era uma mão única: alguém produzia e alguém consumia. Ou seja, havia pouca (ou nenhuma) interferência de quem consumia o conteúdo – fosse ele em qual formato fosse – sobre quem o produzia. Até tinham aquelas reportagens do Fantástico dizendo que o Manoel Carlos ouviu "o clamor popular" e matou o personagem X da novela das nove. Muito mais como uma forma de ampliar a conversa sobre o tema e aumentar o Ibope da novela do que qualquer real interação entre criador e consumidor.

Mas aí chegou a internet, esse lugar que mudou radicalmente duas mecânicas no mundo do conteúdo: a proximidade e a criação. Para falar da primeira, todo mundo hoje se sente muito mais próximo e tem – realmente – muito mais pontos de contato com os criadores de conteúdo do que jamais teve. Você pode mandar uma DM no Instagram, comentar um capítulo lançado em uma plataforma, curtir um stories, enviar uma pergunta em um podcast ou muitas outras coisas.

Quando falamos do segundo ponto, é ainda mais óbvio: a internet tirou barreiras de criação e publicação de conteúdos que fizeram o mundo ficar inundado de histórias, quer você ache elas boas ou não. Gravar um vídeo requer só um celular e uma conta no YouTube ou em alguma rede social, publicar uma música requer só um instrumento, um microfone – que pode ser o do celular – e uma conta em uma agregadora e escrever e publicar um livro não exige mais do que acesso à internet, um editor de textos (como esse do Google Drive que uso agora pra escrever) e uma conta em uma das muitas plataformas que existem de autopublicação. Se preferir você pode fazer isso no seu próprio blog gratuito ou em pílulas em alguma rede social.

Mas o fato é que existe um terceiro elemento, que vem transformando não só o consumo do conteúdo, mas a sua criação e a influência que quem consome tem sobre quem cria: comunidade.

Essa palavra não é desconhecida de ninguém, mas talvez o uso que vou dar a ela aqui não seja tão familiar a todos. Quando falamos de comunidade aqui, estamos falando de um grupo de usuários que se utiliza de alguma ferramenta para criar, consumir e conversar sobre determinado conteúdo.

Vou começar por um exemplo da podosfera. Imagina que você tem seu podcast, com episódios semanais e encontrou seu público, aquela galera que é fiel e ouve seus episódios todas as terças-feiras. Aí você começa a receber mensagens de que essa galera queria poder falar mais com você, conversar mais sobre o assunto da semana, saber mais do entrevistado. Eis que você cria um clube fechado, cobrando R$ 10 por mês para dar acesso exclusivo a três coisas para seus fãs: um grupo fechado para conversar sobre os assuntos dos episódios, o episódio sem cortes (mais conteúdo, mais assunto) e ainda, para gerar um ar de exclusividade o episódio da próxima semana antes da publicação para todo mundo. Você faz isso, e de repente tem 1.000 assinantes pagando R$ 10 por mês (1.000 ouvintes fiéis para um podcast estabelecido não é nada) e pronto! Você criou uma comunidade ao redor do seu universo (que claro, precisa ser nutrida e cuidada) que te gera R$ 10 mil por mês em receita adicional, além do que você ganha com advertising no seu podcast, entre outras receitas possíveis. Conheço pelo menos uma dezena de podcasters que tem essa mecânica que descrevi aí em cima.

Agora vamos para o mundo do livro: você é uma autora de romance hot, começa a publicar seus livros em uma plataforma de autopublicação, cria uma base de fãs que são leitores dos seus livros, começa a gerar uma receita. Esses fãs pedem mais conteúdo e você abre também uma comunidade fechada, dessa vez não cobra, mas a galera compra os livros, fala sobre eles e você cria uma relação onde todo livro novo, além de você consultá-los para escolher nome de personagens, votação de capas e outras coisas, você sabe que eles vão comprar seu novo título assim que lançá-lo. Isso chama a atenção de uma editora grande, que procura não só bons conteúdos, mas comunidades prontas a comprar o que ela editar (e investir). Vocês lançam esse título, ele é comprado e replicado por esses fãs e com isso você vira assunto na internet. Aí uma plataforma de streaming te enxerga e compra os direitos para fazer um filme do livro. Boom! Mais um estouro. Nesse caso também conheço quem tenha seguido essa fórmula e tido sucesso, algumas pessoas inclusive.

Quer um terceiro caso? Esse eu vou dar nome: Reese Witherspoon. Talvez você conheça ela de Legalmente Loira, Big Little Lies, ou como eu, é um fã apaixonado por The Morning Show (que ela atua e produz). Pois bem, Reese entendeu faz tempo o poder da comunidade em conteúdo e criou um clube do livro, que tem hoje mais de 2.5 milhões de inscritos. Sabe o que ela faz? Sugere o título, sente a aderência nesse clube e, quando um título é muito lido, comentado e desejado, ela vai lá e compra os direitos para produzir o filme ou a série. Claro, não é tão simples assim, tem muito estudo, números, advogados e dinheiro envolvidos, mas tudo tem em sua essência a comunidade!

Outro exemplo rápido: plataformas de publicação de conteúdos em comunidade e interativos. O exemplo mais conhecido: Wattpad. Ali está o poder da comunidade, que não só consome capítulo a capítulo o que é criado, como também opina, conversa com os autores, e com isso cria uma conversa que gera engajamento ao redor do conteúdo.

E para fazer um jabá rápido, aqui no Skeelo lançamos mês passado recursos de gamificação no app. Ou seja, quanto mais você lê, mais nozes (a moeda do nosso esquilo) você ganha e com isso troca por outros livros sem pagar nada. Tudo isso baseado na comunidade de leitores que todos os dias formamos e fomentamos. Resultado? No primeiro mês já aumentamos a retenção de leitores no app em 12% e já tivemos mais de 13 mil livros resgatados.

Outro exemplo, nossa maratona de Halloween, chamada de Skeeloween, que reuniu três creators do mundo do livro para leituras coletivas no app. Tudo isso você pode conferir acessando nossas redes sociais e nosso app.

Quis aqui trazer alguns exemplos pra dizer que hoje em dia, conteúdo não é mais (só) sobre o que você cria e publica, em qual formato for. É sobre além disso você criar uma comunidade que esteja engajada com seu conteúdo, que crie uma conversa sobre o tema, para que o conteúdo não só nasça, mas cresça e se fortaleça, gere atração e com isso chegue a muito mais gente.

É sempre bom lembrar que nosso mercado não é o mercado do conteúdo pura e simplesmente, é o mercado da atenção. É sobre alguém que em um momento de disponibilidade vai escolher consumir um determinado conteúdo ou qualquer um dos outros milhões disponíveis por aí. Se você tem uma comunidade para te puxar de volta, que te faça se sentir pertencente (algo tão humano e universal) e onde você encontra mais gente que gosta do mesmo que você, pode ter certeza: sua atenção vai estar a maior parte do tempo lá!

Palme é um empreendedor e executivo do mercado de publishing, liderando e sendo pioneiro em importantes inovações do setor, especialmente com conteúdos em áudio.

Possui mais de 20 anos de carreira, sendo 13 deles no mercado de livros e na liderança de projetos que envolvem marketing, tecnologia e principalmente conteúdos em todos os seus formatos. Nos últimos anos liderou projetos que somam mais de 12 mil horas de conteúdo em áudio, entre audiolivros, podcasts e audioseries. Liderou também toda produção da versão brasileira dos audiolivros da saga de Harry Potter.

Atualmente, está em um período sabático na atuação como executivo, mas segue como colunista, professor, mentor e coordenador da Comissão de Inovação e Tecnologia da Câmara Brasileira do Livro (CBL).

** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews

Publicidade

A Alta Novel é um selo novo que transita entre vários segmentos e busca unir diferentes gêneros com publicações que inspirem leitores de diferentes idades, mostrando um compromisso com qualidade e diversidade. Conheça nossos livros clicando aqui!

Leia também
Em novo artigo, Palme fala sobre a experiência da leitura comunitária e como o livro pode ser, mesmo no ambiente digital, ser um elemento agregador e comunitário
Em novo artigo, André Palme fala sobre a natureza híbrida do consumo cultural atual e na integração inteligente dos dois mundos
Em novo artigo, Andre Palme reflete sobre os avanços, desafios e oportunidades vistos em 2024
Em novo artigo, André Palme compartilha o que viu de interessante na sua 11ª ida a Feira do Livro de Frankfurt: de tendências a destaques da programação
Em novo texto, Palme fala sobre a importância de cuidarmos da nossa saúde mental e como sem ela, não tem como existir carreira, negócios e sucesso
Publicidade

Mais de 13 mil pessoas recebem todos os dias a newsletter do PublishNews em suas caixas postais. Desta forma, elas estão sempre atualizadas com as últimas notícias do mercado editorial. Disparamos o informativo sempre antes do meio-dia e, graças ao nosso trabalho de edição e curadoria, você não precisa mais do que 10 minutos para ficar por dentro das novidades. E o melhor: É gratuito! Não perca tempo, clique aqui e assine agora mesmo a newsletter do PublishNews.

Outras colunas
Livro de Jandeilsom Galvão Bezerra se volta para quem deseja entender o caminho que dá origem às palavras poéticas e seu resultado
Espaço publieditorial do PublishNews apresenta nesta semana obras escritas por Lella Malta e Jandeilsom Galvão Bezerra
Novas edições da série romântica best-seller é para quem ama sentir tudo; evento de lançamento no dia 8/05 marca uma década de carreira da autora brasiliense e contará com sessão de autógrafos e jazz ao vivo
Podcast do PN conversou sobre o retorno do fenômeno dos livros de colorir – suas particularidades, importância e influência – com Daniela Kfuri (HarperCollins) e Nana Vaz de Castro (Sextante)
'Linha da vida: a costura de nós', romance de Monique de Magalhães costura destinos marcados por violências ancestrais com uma habilidade rara: a de revelar sem julgar, de mostrar o horror sem perder a beleza da linguagem
Em literatura, o meio mais seguro de ter razão é estar morto.
Victor Hugo
Poeta francês (1802-1885)

Você está buscando um emprego no mercado editorial? O PublishNews oferece um banco de vagas abertas em diversas empresas da cadeia do livro. E se você quiser anunciar uma vaga em sua empresa, entre em contato.

Procurar

Precisando de um capista, de um diagramador ou de uma gráfica? Ou de um conversor de e-books? Seja o que for, você poderá encontrar no nosso Guia de Fornecedores. E para anunciar sua empresa, entre em contato.

Procurar

O PublishNews nasceu como uma newsletter. E esta continua sendo nossa principal ferramenta de comunicação. Quer receber diariamente todas as notícias do mundo do livro resumidas em um parágrafo?

Assinar