O que estou lendo: Adelaide Ivánova
PublishNews, Guilherme Sobota, 20/07/2023
Poeta e 'organizadora comunitária' indicou o romance 'As mulheres de Tijucopapo', de Marilene Felinto, publicado em nova edição pela Ubu

Adelaide Ivánova há anos se destaca como poeta no cenário literário brasileiro. Ela mesma se define como "extrovertida antisocial" e "organizadora comunitária pernambucana". Em 2018, ganhou o Prêmio Rio de Literatura por seu quinto livro, o martelo (Garupa), publicado também em Portugal, EUA, Reino Unido, Alemanha, Argentina e Grécia. Em 2020, foi indicada aos prêmios Derek Walcott e National Translation Awards. Em 2021 foi bolsista-pesquisadora do Senado de Cultura de Berlim, onde vive desde 2011. Atualmente, a poeta trabalha na sucursal alemã da revista Jacobin e é organizadora comunitária no movimento social por moradia DW&Co. Enteignen.

O PublishNews perguntou a Adelaide Ivánova o que ela está lendo, e esta foi a resposta:

“Terminei há alguns dias As mulheres de Tijucopapo, de Marilene Felinto, e estou até agora meio assombrada. É um daqueles livros maiores que a vida que, de um lado, inspiram muito um leitor-autor a escrever e, de outro, nos paralisam, por darem a sensação de que nada mais precisa ser dito. Todas as minhas inquietações existenciais, sexuais, afetivas e políticas estão, de certa forma, lá dentro. E, mesmo assim, é uma leitura muito dinâmica, não somente porque o livro é curtinho, mas sobretudo porque a escrita é muito fluida, apesar de tratar de temas tão complexos. Extremamente refrescante é ler um romance brasileiro que não se passa com Rio-SP como pano de fundo, e outra coisa incrível é um livro sobre migração Nordeste -> Sudeste na perspectiva de uma jovem mulher. Em resumo: espetacular”.

As mulheres de Tijucopapo
Autora: Marilene Felinto
Editora: Ubu
240 pp. | R$ 64

Sinopse da editora: Escrito em 1982, quando a autora tinha 22 anos, o livro narra a viagem de retorno da narradora Rísia a Tijucopapo, localidade fictícia onde sua mãe nasceu, que evoca a história real de Tejucupapo, no Pernambuco. No século XVII, a cidade foi palco de uma batalha entre mulheres da região e holandeses interessados em saquear o estado. Nas entrelinhas de As mulheres de Tijucopapo, conta-se a história das mulheres guerreiras de Tejucupapo. O livro se constrói como um fluxo de consciência literário cujo teor histórico, feminista e antirracista se evidencia no trajeto que a narradora faz de volta a essa terra mítica, iluminando as contradições inerentes à sociedade e à cultura multirracial brasileira. Nas palavras da poeta Ana Cristina Cesar, a narrativa autobiográfica é "traçada em ziguezague, construída toda em desníveis, numa dicção muito oral, atravessada de balbucios, repetições, interrupções, associações súbitas".

[20/07/2023 09:50:00]