Adelaide Ivánova há anos se destaca como poeta no cenário literário brasileiro. Ela mesma se define como "extrovertida antisocial" e "organizadora comunitária pernambucana". Em 2018, ganhou o Prêmio Rio de Literatura por seu quinto livro, o martelo (Garupa), publicado também em Portugal, EUA, Reino Unido, Alemanha, Argentina e Grécia. Em 2020, foi indicada aos prêmios Derek Walcott e National Translation Awards. Em 2021 foi bolsista-pesquisadora do Senado de Cultura de Berlim, onde vive desde 2011. Atualmente, a poeta trabalha na sucursal alemã da revista Jacobin e é organizadora comunitária no movimento social por moradia DW&Co. Enteignen.
O PublishNews perguntou a Adelaide Ivánova o que ela está lendo, e esta foi a resposta:
“Terminei há alguns dias As mulheres de Tijucopapo, de Marilene Felinto, e estou até agora meio assombrada. É um daqueles livros maiores que a vida que, de um lado, inspiram muito um leitor-autor a escrever e, de outro, nos paralisam, por darem a sensação de que nada mais precisa ser dito. Todas as minhas inquietações existenciais, sexuais, afetivas e políticas estão, de certa forma, lá dentro. E, mesmo assim, é uma leitura muito dinâmica, não somente porque o livro é curtinho, mas sobretudo porque a escrita é muito fluida, apesar de tratar de temas tão complexos. Extremamente refrescante é ler um romance brasileiro que não se passa com Rio-SP como pano de fundo, e outra coisa incrível é um livro sobre migração Nordeste -> Sudeste na perspectiva de uma jovem mulher. Em resumo: espetacular”.
As mulheres de Tijucopapo
Autora: Marilene Felinto
Editora: Ubu
240 pp. | R$ 64
Sinopse da editora: Escrito em 1982, quando a autora tinha 22 anos, o livro narra a viagem de retorno da narradora Rísia a Tijucopapo, localidade fictícia onde sua mãe nasceu, que evoca a história real de Tejucupapo, no Pernambuco. No século XVII, a cidade foi palco de uma batalha entre mulheres da região e holandeses interessados em saquear o estado. Nas entrelinhas de As mulheres de Tijucopapo, conta-se a história das mulheres guerreiras de Tejucupapo. O livro se constrói como um fluxo de consciência literário cujo teor histórico, feminista e antirracista se evidencia no trajeto que a narradora faz de volta a essa terra mítica, iluminando as contradições inerentes à sociedade e à cultura multirracial brasileira. Nas palavras da poeta Ana Cristina Cesar, a narrativa autobiográfica é "traçada em ziguezague, construída toda em desníveis, numa dicção muito oral, atravessada de balbucios, repetições, interrupções, associações súbitas".