A conversa foi além das manchetes – que indicam queda de 40% do faturamento do mercado editorial desde 2006 – para esmiuçar os resultados, debater os porquês da queda e sobre as possibilidades econômicas de reverter esta diminuição drástica do mercado demonstrada pela série. Um spoiler: o Brasil enfrenta uma necessidade urgente de formação de novos leitores.
Na conversa, Mariana Bueno explicou como o setor poderia reverter a tendência de queda – são necessários ganhos de escala e recuperação de preços ("é muito difícil recuperar a inflação", afirmou), mas ela destacou ainda que "existe uma restrição estrutural de demanda" (em relação ao setor editorial). Ela diferenciou de uma demanda reprimida. "Uma restrição estrutural é um problema estrutural que impede as pessoas de acessar (um produto ou serviço). Dados de diversas pesquisas apontam quase 60% da população com um nível até intermediário de leitura, que permite que um indivíduo leia textos mais simples e determinados livros, mas há um limite. O número de leitores totalmente proeficientes no Brasil é baixo. Existe uma parte enorme da população brasileira que está fora da demanda do setor editorial. Destaco também que não há uma relação direta entre capacidade leitora e classe social ou renda", explicou.
Para Luciana Borges, há uma redução perceptível no tamanho do mercado a cada ano, mas algumas mudanças são setorizadas. "Alguns nichos especificamente sofreram uma transformação. Há um público mais jovem lendo mais, há um público voltando para livrarias, e o e-commerce chegando a lugares onde não temos pontos de venda", analisou. "É importante destacar que ao longo dos anos tivemos importantes acréscimos de custos na operação. Temos também que voltar este olhar a uma indústria muito diferente do que era antes. Os custos de insumos impactam diretamente na formação de preços dos livros. A indústria precisa entender onde alocar essas despesas que não existiam cinco ou 10 anos atrás. A queda real de 40% é muito significativa. A indústria passa por dificuldades porque precisa repensar suas operações como um todo, não é fácil. Mas precisamos tentar olhar para a metade do copo vazia e a metade cheia, porque há alternativas, o mercado tem espaço para buscar novas oportunidades também".
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