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Diário de Bolonha. Dia 1: Tortellini versus Currywurst
PublishNews, Julio Silveira, 07/03/2023
Em seu primeiro dia na Feira do Livro Infantil de Bolonha, Julio Silveira faz comparações entre o evento italiano e a Feira do Livro de Frankfurt

Com 25 anos de estrada (a sinuosa e esburacada estrada editorial) eu achava que já tinha feito de tudo. Mas nós editores sabemos o quanto é preciso rebolar e eis-me aqui começando algo novo (para mim): publicar livros para crianças e jovens.

Desde a última vez que fiz um livro infantil (há inacreditáveis 20 anos) o mercado mudou completamente e agora, me vejo aprendendo tudo de novo, do zero, no principal evento editorial infantojuvenil, a Feira do Livro Infantil de Bolonha. É a minha primeira vez aqui e minha referência/expectativa é a Feira de Frankfurt, aonde fui tantas vezes em nome de três ou quatro editoras. Posso ilustrar a diferença entre as feiras alemã e italiana em termos de comida. Enquanto na Buchmesse a gente come uma salsicha fria correndo para a próxima reunião, aqui na Feria meu evento mais demorado hoje foi o almoço (principalmente por conta da fila) onde escolhia entre tortellini, cotelette ou melanzane parmegiana.

Explicando a metáfora, quero dizer que Bolonha é uma feira mais humana, no que tem de acolhedora e também de confusa. Embora o espaço seja bem menor que em Frankfurt, achei bem mais complicado navegar entre os pavilhões muito por conta da sinalização aleatória. Por sinal, ao chegar, não achava o caminho e acabei entrando na feira por um portão traseiro, junto com os caminhões que entregavam o vinho.

O lado humano apareceu no que ouvi de duas editoras hoje, quando eu estava para fazer uma proposta: "não fechamos negócio na feira". Elas preferiram que eu lesse o PDF e continuasse a conversa depois por e-mail. Acostumado com os ansiosos pre empts de Frankfurt, admito que gostei desse ritmo mais contemplativo. Por sinal, as negociações (ou melhor, as conversas) acontecem nos multicoloridos estandes das editoras, e não na monocromática sala dos agentes em Frankfurt, um alívio. Como algumas editoras gostam de contar a história do livro que propõem, algumas vezes me sentia como se ouvisse uma contação de história (não estou reclamando!): "então a coruja feliz contou para a raposa esperta...".

Por falar em cor, senti que o que sofria em Frankfurt por esforço físico (correndo entre os pavilhões) aqui em Bolonha sofro por esforço visual. Os estandes, e os livros que os recheiam, têm tons chamativos e vibrantes. Chegou a um ponto, no meio da tarde, que esse excesso de estímulos visuais casou com duas noites mal dormidas e quase me nocauteou. Uma piadina di formaggio e uma conversa com colegas brasileiros me recompuseram.

Agora é de noite e vim comer algo no Centro Histórico, justamente em uma livraria (da Eataly). Daqui a pouco sigo para uma festa e poderei fazer mais uma comparação entre as feiras: será que as festas bolonhesas a base de vinho superam os forrobodós regados a cerveja de Frankfurt? Se eu sobreviver (ou, mais honestamente, se eu tiver forças para ir) eu conto no diário de amanhã.

Estande do Brasil na Feira
Estande do Brasil na Feira

Videomapping em homenagem à feira no Centro Histórico
Videomapping em homenagem à feira no Centro Histórico

Julio Silveira é editor, escritor e curador. Fundou a Casa da Palavra em 1996, dirigiu a Nova Fronteira/Agir e hoje dedica-se à Ímã Editorial, no Brasil, e à Motor Editorial, em Portugal. É atual curador do LER, Festival do Leitor.

** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.

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