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O escritor como agente de cultura
PUBLISHNEWS, VANESSA PASSOS, 16/11/2022
Entrar em contato com clubes de leitura e possibilitar a valorização da leitura coletiva é uma ferramenta poderosa para a formação de leitores no país; este movimento pode ganhar muito com a participação do autor

Muitos escritores têm se preocupado com as mudanças no mercado editorial e com a postura exigida do escritor. As redes sociais se multiplicaram, a presença digital tem sido cada vez mais necessária. E então, o escritor agora precisa também ser um influencer? Fazer dancinha no TikTok?

Eu gosto de ver por outra perspectiva. Gosto de pensar em como nós, escritores, podemos ser agentes de cultura. Como, além de escrever, e, claro, depois desse processo de criação, porque até que o livro esteja pronto, nada mais importa, podemos erguer pontes e não escudos em direção aos nossos leitores.

Antonio Candido, ao falar sobre o sistema literário, não esquecia o leitor. Para ele, o sistema era formado a partir de três elementos que compunham um triângulo: autor, obra e leitor. Sendo assim, não era possível falar em sistema literário, mesmo que existissem pessoas escrevendo e publicando, se esses textos e livros não alcançassem as pessoas.

Concordo com Candido. É por isso que proponho utilizar todas as estratégias de que dispomos para chegar aos leitores, seja no formato online, seja no offline.

Para isso, aponto uma iniciativa importantíssima que funciona nos dois formatos e até no híbrido: os clubes de leitura. Entrar em contato com eles e possibilitar a valorização da leitura coletiva é uma ferramenta poderosa para a formação de leitores no país. Este movimento pode ganhar muito com a participação do autor e com essa interação de quem escreve com quem lê.

Temos diversos clubes de leitura espalhados pelo Brasil e, quanto mais, melhor. Esses movimentos, ainda que com a participação de poucas pessoas, podem ser considerados pequenas revoluções, tanto para o mercado literário quanto para a formação de leitores.

No entanto, eu me deparo constantemente com reclamações de que os clubes de leitura são fechados e não permitem a participação de novos escritores. São nesses momentos que me lembro das palavras de Conceição Evaristo sobre forçar passagem. Abrir portas que estavam fechadas. Eu, por exemplo, decidi desenvolver um Clube de Leitura chamado de Autoras Vivas, para que não só o meu livro pudesse ser lido, mas de várias escritoras. Nosso lema é: não precisamos morrer para sermos lidas. O Clube já tem dois anos de existência.

E desse clube, algumas participantes, que são leitoras, mas também escritoras, criaram outro Clube de Leitura com autoras independentes para que possam divulgar, ler e avaliar os livros que estão concorrendo ao Prêmio Kindle de Literatura neste ano, na sétima edição.

Gosto de pensar na cultura como forças que se somam e se multiplicam. Sem disputas ou concorrências. Quanto mais o mercado literário cresce, todos ganham. A cadeia inteira do livro: os escritores, revisores, preparadores de texto, diagramadores, capistas, editores, gráficas, livrarias, livreiros e os leitores.

Não tenho dúvidas de que as pequenas revoluções acontecem quando o escritor sai da sua toca e se propõe a ser um agente de leitura. Tenho vivenciado isso com os projetos que tenho desenvolvido, unindo minha atuação como escritora e produtora cultural, sendo também agente de leitura. Penso que se gastamos tanto tempo e energia para escrever e revisar o livro, por que não se dedicar em divulgá-lo? Ganhar um leitor é um presente, para quem escreve, mas também para o mundo.

Vanessa Passos é escritora, roteirista, professora de escrita criativa, doutora em Literatura (UFC) e pós-doutora em Escrita Criativa (PUCRS), sob orientação de Luiz Antonio de Assis Brasil. É idealizadora do Programa 321escreva, do Método Mais Vendidos e do Encontro Nacional de Escritoras. Lidera uma comunidade de escritoras que tem voz em mais de 9 países, orientando centenas de escritoras a escrever, publicar e divulgar seus livros. Autora do volume de contos A mulher mais amada do mundo (2020). Seu romance de estreia A filha primitiva foi vencedor do Prêmio Kindle de Literatura (2021), do Prêmio Jacarandá (2022), do Prêmio Mozart Pereira Soares de Literatura (2023) e vai ser adaptado para o cinema pela Modo Operante Produções, agora publicado pela José Olympio. É colunista do Jornal O POVO e do PublishNews. Nas redes sociais, a escritora pode ser encontrada no perfil: @vanessapassos.voz.

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