Juiz bloqueia fusão entre Penguin Random House e Simon & Schuster
PublishNews, Talita Facchini, 1º/11/2022
Durante sua participação na Publishers Conference em Sharjah, Markus Dohle, CEO da empresa, comentou a decisão. “Estou muito desapontado”.

Depois de um julgamento que reuniu diversos depoimentos para analisar a fusão de US$ 2,2 bilhões da editora Penguin Random House com a Simon & Schuster, a juíza federal responsável pelo caso decidiu bloquear a fusão entre as duas empresas. A decisão é vista como uma vitória significativa para o governo Biden, que tenta expandir as fronteiras de fiscalização antitruste.

A juíza Florence Y. Pan disse em sua ordem jurídica que o Departamento de Justiça havia demonstrado que a fusão poderia prejudicar “substancialmente” a concorrência no mercado de direitos de publicação nos EUA.

Em comunicado oficial, a Penguin Random House disse que irá recorrer e chamou a decisão de “um revés infeliz para leitores e autores”. A editora argumentou ainda que “o foco do Departamento de Justiça em avanços para os autores mais bem pagos do mundo em vez de focar nos consumidores ou na intensa competitividade no setor editorial é contrário à sua missão de garantir uma concorrência leal".

Markus Dohle
Markus Dohle
Em sua conversa com Bodour Al Qasimi durante a Publishers Conference, na Feira do Livro de Sharjah, Markus Dohle comentou a decisão. “Estou muito desapontado”, disse. “A ideia de juntar a Simon & Schuster à Penguin era muito simples. Somos uma comunidade de 325 selos e trabalhamos uma história e um autor de cada vez. E nós investimos muito em distribuição, distribuição global, distribuição local distribuição para vender nossos livros, e estávamos convencidos desde o início de que podemos vender mais livros da Simon & Schuster do que eles fazem hoje. por causa de nosso investimento de 250 bilhões apenas nos EUA nos últimos 10 anos em nossa distribuição”.

Dohle disse ainda que os leitores teriam se beneficiado com a fusão já que, segundo ele, a Penguin vende seus livros “através de mais varejistas do que qualquer outra” e os autores também, por conta de todos os royalties. “E depois da fusão, seríamos menos de 20% do comércio dos Estados Unidos, enquanto a Amazon tem 50% no lado do varejo”. “Estou muito desapontado e acho que essa decisão está completamente errada”, finalizou.

Em contrapartida, o procurador-geral assistente Jonathan Kanter, da divisão antitruste do Departamento de Justiça argumentou que “a fusão proposta reduziria a concorrência, diminuiria a remuneração dos autores, diminuiria a amplitude, a profundidade e a diversidade de nossas histórias e ideias e, por fim, empobreceria nossa democracia”. Ele acrescentou ainda que a consolidação teria causado danos lentos mas constantes a escritores, leitores, livreiros independentes e pequenas editoras. “A publicação deve estar mais focada no crescimento cultural e na realização literária e menos nos balanços corporativos.”

[01/11/2022 08:00:00]