
Também na Folha está uma resenha sobre Segunda casa (Todavia), novo livro da canadense Rachel Cusk. Conhecida mundialmente pela trilogia Esboço, a autora conta agora a história da mecenas de arte americana Mabel Dodge Luhan (1879-1962). Em mais uma obra na qual tenta extrair o essencial na experiência feminina, Cusk resgata a vida dessa mulher que usou sua herança para ajudar artistas novos, mas acabou esquecida pela maior parte da literatura dedicada à arte americana.
No Globo, o destaque foi para Ed Wood Jr.: contos e delírios (DarkSide Books), coletânea de histórias curtas lançadas no início dos anos 1970, escrita por este que é considerado, de um modo quase folclórico, o pior diretor de cinema da história de Hollywood. Ed Wood (1924-1978) era mesmo uma figuraça. Suas ideias eram delirantes, e seus filmes, pessimamente realizados. Por isso mesmo, ganharam status de sucesso cult longas como Plano 9 do espaço sideral, Glen ou Glenda e A noiva do monstro, lançados nos anos 1950. Seu livro de contos segue a tradição de bizarrices de suas produções no cinema. Um detalhe: o livro é ilustrado pela cartunista Laerte, fã do cineasta.
O Globo também dedicou espaço a Samarcanda (Tabla), romance do escritor franco-libanês Amin Maalouf que trata do dilema entre medo e violência. O livro tem como fio condutor a figura de Omar Khayyan (1048-1131), literato, filósofo, médico e astrônomo que também é autor de Rubáiyát, conjunto de poemas cujo original se perdeu, mas que na ficção de Maalouf reaparece em meados do século 19. A narrativa se divide em duas partes, uma no século 11, quando Khayyan escreve sua obra-prima, e no século 19, com a busca de um americano pelo manuscrito.
No Valor, há uma análise de As convidadas (Companhia das Letras), livro de contos da argentina Silvina Ocampo (1903-1993). Ela já teve publicados no Brasil A fúria e Antologia da literatura fantástica, que organizou em conjunto com seu marido, Adolfo Bioy Casares, e Jorge Luís Borges, com textos de autores como Kafka, Joyce e Julio Cortázar. Em As convidadas, publicado originalmente em 1961, os 44 contos mostram muito da proposta da autora em criar incômodo para o leitor, com absurdos que brotam sem parar de situações comuns como convivência familiar, afetos e contraste entre classes sociais.
O Estadão publicou entrevista com o filósofo e economista americano Francis Fukuyama, que acaba de lançar nos EUA Liberalism and its discontents (Farrar, Straus & Giroux), uma defesa curta e firme dos valores liberais clássicos contra aquilo que ele vê como ameaças tanto da esquerda identitárias quanto, muito mais perigosamente, da direita populista e nacionalista. Na entrevista, original do jornal The New York Times, ele faz previsões sobre a crise na Ucrânia. Fukuyama teve sucesso mundial com seu ensaio Fim da história?, de 1989, onde ele comentava que o declínio do comunismo marcava o fim de uma grande luta ideológica e a universalização da democracia liberal ocidental.