Feliz ano novo!
Quero começar esse ano contando uma novidade que esqueci de contar no último artigo: lancei em dezembro passado, em parceria com a E.B.A.C., um curso de Produção de conteúdo em áudio, que passa por todas as etapas, desde a história deste formato até a criação de histórias, produção, comercialização e divulgação. São mais de 24 horas de aula, com muito conteúdo e convidados incríveis dentro de uma das melhores plataformas de EAD do Brasil. Um curso para quem já está no mercado e para quem quer começar!
Quem quiser conferir e se inscrever é só acessar aqui.
E antes de começar o artigo propriamente, quem quiser ouvir esta coluna, temos ela gravada em voz também:
Vamos lá! O título desse artigo é uma pergunta que volta e meia aparece. Durante muito tempo o conteúdo em áudio foi visto como um formato absolutamente focado em auxiliar pessoas com deficiência auditiva a terem acesso a histórias que não conseguiriam acessar em livros e textos. É claro que este papel é importantíssimo, mas o áudio é um formato atrativo para muito mais pessoas.
Outra coisa que também se tornou quase um senso comum no mercado editorial brasileiro é sobre as categorias que funcionam para os audiobooks. Se você perguntar, 11 entre cada 10 pessoas responderiam automaticamente: não ficção, especialmente livros de negócios e desenvolvimento pessoal.
E por último, mas não menos clichê - ou pra ser mais educado, crenças que precisam ser revistas - é dizer que o áudio é multitarefa, aquele tipo de conteúdo que você vai consumir somente quando estiver com a cabeça livre e o corpo ocupado, fazendo alguma tarefa manual ou qualquer outra coisa que lhe permita ouvir algo ao mesmo tempo.
Todas estas três coisas são, ou foram, verdades quando falamos de histórias para ouvir. Mas é muito importante que a gente desconstrua cada vez mais estes pensamentos, porque o áudio não só é um formato extremamente versátil, como também é absolutamente conectado com a rotina que a maioria de nós humanos vivendo em 2022 tem: o celular o tempo todo com você (não deveria, mas isso é assunto pra outro texto).
Pois bem. Vamos começar pela primeira: o áudio é um formato para uma parcela específica das pessoas. Isso não poderia ser mais errado. Todos os números mostram o quanto o consumo de áudio (audiobooks, podcasts, audiodramas, audioseries) tem crescido de maneira exponencial de maneira geral. Segundo uma pesquisa da Globo e Ibope, somente entre setembro/2020 - fevereiro/2021, 57% dos entrevistados começaram a consumir programas em áudio digital e 31% intensificaram o consumo.
O Spotify divulgou ano passado que o Brasil é o país com maior consumo de podcasts entre todos os países em que o app está presente. O áudio junta a praticidade de ouvir um conteúdo sem demandar atenção visual, com uma rotina natural de acesso a internet e apps e em um modelo de negócios que a maioria dos brasileiros conhece, as assinaturas e o acesso via streaming. Então não, o áudio não é só para uma parcela restrita da população e sim um formato amplo, democrático, diverso e acessível.
Quando falamos das categorias mais consumidas, temos uma questão que traz o dilema do ovo e da galinha: o senso comum é de que se consome mais não ficção porque se produz mais não ficção ou se produz mais não ficção porque se acha que se consome mais esse tipo de conteúdo? Respondendo: ambos. Existe um histórico de produção de não ficção em áudio, justamente por esse conceito - limitado - de que o áudio é só multitarefa e interessa somente a quem quer se desenvolver profissionalmente. E aí consequentemente as editoras e plataformas apostaram ainda mais nesses conteúdos, gerando esse círculo vicioso.
Mas, queridos, estou aqui pra dizer que existe vida na ficção. Tenho muito orgulho de dizer que na Storytel fomos os primeiros a apostar com peso nesses conteúdos e já colhemos resultados bem interessantes: somente entre janeiro e setembro de 2021 foram ouvidas mais de 700 mil horas de conteúdos de fantasia em nosso app no Brasil. Fantasia, Sci-fi e Romance são nossos carros chefe. Claro que produzimos não ficção… como uma plataforma de streaming é nossa obrigação ter um catálogo diverso e deixar para o assinante decidir o que ele prefere ouvir. Um mix de escapismo, imersão em histórias em áudio e parcerias com grandes conteúdos nos trouxe esse resultado e provou que o áudio, principalmente o audiobook, não é só para não ficção.
Para finalizar, a questão da multitarefa: é claro que o áudio é um super aliado como companhia em tarefas manuais, viagens e exercícios. Mas por aqui temos muitos, muitos relatos de usuários que simplesmente sentam no sofá para ouvir uma saga de fantasia ou um lançamento de romance. Estamos vivendo uma fadiga de tela e o áudio vem como um bálsamo para o consumo de conteúdo sem necessidade de dedicação visual.
Vamos então aproveitar que o ano está começando e deixar para trás um monte de coisas que não funcionam mais ou que não precisam mais ser seguidas simplesmente porque talvez tenham sido verdade ou opiniões fortes em algum momento. Pensem o áudio como um formato pra muita gente, de todos os tipos, com todos os gostos.
Ouvir histórias é parte da nossa história desde sempre, é só a gente se lembrar disso :)
Palme é um empreendedor e executivo do mercado de publishing, liderando e sendo pioneiro em importantes inovações do setor, especialmente com conteúdos em áudio.
Possui mais de 20 anos de carreira, sendo 13 deles no mercado de livros e na liderança de projetos que envolvem marketing, tecnologia e principalmente conteúdos em todos os seus formatos. Nos últimos anos liderou projetos que somam mais de 12 mil horas de conteúdo em áudio, entre audiolivros, podcasts e audioseries. Liderou também toda produção da versão brasileira dos audiolivros da saga de Harry Potter.
Atualmente, está em um período sabático na atuação como executivo, mas segue como colunista, professor, mentor e coordenador da Comissão de Inovação e Tecnologia da Câmara Brasileira do Livro (CBL).
** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews
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