A pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro é, de longe, o mais longevo estudo que acompanha a evolução do mercado de livros no Brasil. Desde 2006, adota a mesma metodologia, o que possibilitou criar uma série histórica que revelou, entre outras coisas, que o mercado editorial brasileiro encolheu 20% nos últimos 14 anos.

Até a edição publicada no ano passado – referente a 2018 –, o estudo era realizado pela Fipe. Em 2019, passou para as mãos da Nielsen e, junto, veio uma novidade: um paper público em que os números do estudo são esmiuçados, em cada um dos seus detalhes. No documento, a equipe responsável pelo estudo – encabeçada pela economista Mariana Bueno – detalha subsetor por subsetor, destacando, além dos gráficos, o que há de mais revelador em cada um deles.

Em anos anteriores, o que ia ao público era a versão ilustrada do estudo, ou seja, as tabelas e gráficos. Agora, o que a Nielsen entrega são comentários em cima de cada um destes elementos gráficos, apontando informações que raramente se perceberiam só olhando os gráficos.

Por exemplo, ao analisar a produção de 2013 para cá, o paper explicita o fenômeno provocado pelo PNLD Literário, que explica o aumento de 10,4% na produção de livros em 2019.

O documento explica ainda o crescimento de canais - até então classificados como alternativos - para a comercialização dos livros produzidos, em especial as "Livrarias Exclusivamente Virtuais" que apresentaram crescimento de 300% no seu faturamento, saltando de R$ 125 milhões em 2019 para meio bilhão de reais no ano seguinte. Em outras palavras, as livrarias exclusivamente virtuais, que em 2018 eram responsáveis por 3% do total faturado pelas editoras, passaram a representar 13% desse faturamento. Ainda sobre essa questão, a dos canais, o paper demonstra o crescimento das vendas diretas sejam as realizadas em escolas e colégios ou aquelas via marketplaces. Ao fim, o estudo lança um olhar para o futuro:

"O resultado positivo alcançado em 2019, somado à mudança no comportamento do mercado editorial e à forma de comercialização das editoras, pode ser fator determinante para enfrentar a situação imposta pela pandemia da Covid-19 em 2020. Dois dos canais que apresentaram alta significativa na participação percentual operam na internet. O canal Internet e Marketplace pode ter um papel ainda mais relevante, por se tratar de uma venda direta da editora para o consumidor final, o que acaba possibilitando uma margem maior, fator importante num período de retração econômica."

Outra nuance que ganha cores no paper é a produção de livros de HQ, que aparece como uma nova categoria na última edição do estudo. O relatório mostra que foram produzidos 1,8 milhões de unidades desta categoria, números suficiente para aparecer no estudo pela primeira vez.

Ao analisar as vendas, o paper demonstra que 2019 teve a maior taxa de crescimento nas vendas de livros em uma década e é a primeira vez neste período que a taxa de crescimento do mercado é maior que a registrada pelo conjunto da economia, que foi de 1,1%.

Enfim, é um documento para ler, guardar e torcer para que se repita nos próximos anos.

Nunca demais lembrar que a pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro é realizada pela Nielsen a pedido do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e da Câmara Brasileira do Livro (CBL).

Clique aqui para baixar o paper.