Os últimos artigos foram sobre cases e projetos de áudio. Agora, podemos abstrair um pouco e falar de algo mais amplo: o áudio como formato de transmissão de conhecimento e entretenimento. Pra mim, um pouco de abstração tem sido uma boa fuga nessa quarentena!
Ouvir é algo que está presente na raça humana há alguns milhares de anos (historiadores me perdoem, mas não sei a data exata). Ou seja, o conhecimento – e o entretenimento - foram transmitidos pelo áudio antes de qualquer outro formato.
Passamos então para outras etapas: começamos a fazer registros na escrita, milhares de anos depois imprimindo, veio o vídeo e a internet. Mas nesse meio do caminho o áudio sempre esteve lá, como um disseminador de conhecimento e entretenimento, em qualquer língua, em todos os lugares. O que me faz pensar que o áudio talvez seja o mais visceral dos formatos. Com certeza, o mais antigo.
As histórias em volta da fogueira, as pessoas reunidas para ouvir uma pessoa, tudo isso é transmissão de conhecimento via áudio (saraus, slams, por exemplo).
Vamos então falar de algo muito próximo do audiobook, a radionovela. Eu poderia dizer o que é uma radionovela, mas nada vai superar a elegância dessa definição da Wikipédia: “Radionovela é um tipo de drama radiofônico no formato de uma narrativa folhetinesca sonora, nascida da dramatização do gênero literário novela, produzida e divulgada em rádio, principalmente na América Latina.”
Para quem não se lembra ou nunca ouviu, é uma narrativa em áudio, com vários atores que contam uma história. Começou no Brasil em 1922 e foi a mãe das telenovelas. Era um formato super popular, liderado principalmente pela Rádio Nacional. Entre 1941 e 1958 foram 807 títulos e 118 autores, era algo realmente grande! Com a chegada da TV e a migração da verba publicitária, elas acabaram diminuindo e sumindo no final da década de 50.
A radionovela permitia uma coisa que o vídeo nos tirou: a imaginação. Como o único recurso artístico é a voz (e alguns efeitos sonoros), cada ouvinte cria seu cenário, seus personagens, suas cenas.
Para quem quiser entender um pouco como isso pode ser nos dias de hoje, a Storytel lançou três peças incríveis do Edney Silvestre, inéditas até então e exclusivas em áudio na plataforma, que classificamos como áudio dramas, mas que são muito similares a uma radionovela.
Vivemos desde o surgimento da TV um domínio do vídeo e da imagem, mas é fato que o áudio vem ganhando cada vez mais espaço, no formato de podcasts e audiobooks. Algumas hipóteses surgem para explicar esse fenômeno, entre elas a fadiga da tela (passamos nossos dias olhando pra uma tela, seja o monitor do computador do trabalho, o celular ou a TV) e a característica multitarefa do áudio (você ouve enquanto faz outras coisas, outras atividades).
Se falarmos só do consumo de conteúdos em áudio (excluindo aqui a música), o consumo de podcasts apenas em 2019 cresceu três vezes mais, dependendo da plataforma acessada. Na Storytel, só este ano o consumo deverá crescer mais de 60%.
O áudio, então, começa a aparecer - ou renascer - como um formato que se encaixa cada vez mais na rotina. Talvez porque você tenha uma rotina corrida e quer usar seu tempo entre ou durante tarefas para se entreter ou se informar, seja porque você quer ouvir uma história com seu filho ou porque você só quer sentar no sofá, colocar o fone de ouvido e esquecer o mundo lá fora.
O áudio já faz parte da nossa vida, consumimos áudio, muito áudio. Ouvimos histórias, contamos histórias para outros ouvirem.
Você já parou pra pensar que o audiobook é um áudio gigante de WhatsApp, roteirizado, bem narrado e bem editado? Parece mas não é tão simples assim. Só para você perceber o quanto ouvir histórias já faz parte do seu dia a dia.
Em um país onde uma parcela expressiva – e tristemente preocupante – da população não lê, o áudio aparece, ainda mais, como suporte de conhecimento, como motor de cultura e como acesso à informação. Sem dúvida, um dos aspectos mais bonitos que explica a disseminação do áudio no Brasil.
O áudio sempre chega!
Pra quem quiser saber mais:
A radionovela
Aqui um trecho de uma radionovela
Audiodramas Edney Silvestre na Storytel
Palme é um empreendedor e executivo do mercado de publishing, liderando e sendo pioneiro em importantes inovações do setor, especialmente com conteúdos em áudio.
Possui mais de 20 anos de carreira, sendo 13 deles no mercado de livros e na liderança de projetos que envolvem marketing, tecnologia e principalmente conteúdos em todos os seus formatos. Nos últimos anos liderou projetos que somam mais de 12 mil horas de conteúdo em áudio, entre audiolivros, podcasts e audioseries. Liderou também toda produção da versão brasileira dos audiolivros da saga de Harry Potter.
Atualmente, está em um período sabático na atuação como executivo, mas segue como colunista, professor, mentor e coordenador da Comissão de Inovação e Tecnologia da Câmara Brasileira do Livro (CBL).
** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews
A Alta Novel é um selo novo que transita entre vários segmentos e busca unir diferentes gêneros com publicações que inspirem leitores de diferentes idades, mostrando um compromisso com qualidade e diversidade. Conheça nossos livros clicando aqui!
Mais de 13 mil pessoas recebem todos os dias a newsletter do PublishNews em suas caixas postais. Desta forma, elas estão sempre atualizadas com as últimas notícias do mercado editorial. Disparamos o informativo sempre antes do meio-dia e, graças ao nosso trabalho de edição e curadoria, você não precisa mais do que 10 minutos para ficar por dentro das novidades. E o melhor: É gratuito! Não perca tempo, clique aqui e assine agora mesmo a newsletter do PublishNews.
Precisando de um capista, de um diagramador ou de uma gráfica? Ou de um conversor de e-books? Seja o que for, você poderá encontrar no nosso Guia de Fornecedores. E para anunciar sua empresa, entre em contato.
O PublishNews nasceu como uma newsletter. E esta continua sendo nossa principal ferramenta de comunicação. Quer receber diariamente todas as notícias do mundo do livro resumidas em um parágrafo?