Copa derrubou vendas de livros, demonstra Nielsen
PublishNews, Leonardo Neto, 09/08/2018
Queda no período do evento esportivo foi de 9,28% em volume e de 3,19% em faturamento. Apesar disso, o varejo de livros acumula ganhos no ano.

Varejo de livros apresenta nova queda em julho | © Livrarias Curitiba
Varejo de livros apresenta nova queda em julho | © Livrarias Curitiba

Um dos assuntos que se tornou recorrente nas rodas de pessoas que acompanham o mercado de livros no Brasil é a crise que o varejo de livros tem enfrentado. O assunto ganhou proporções tão sérias que o presidente da República chegou a receber representantes do setor e, a partir daí, criou-se em Brasília um Grupo de Trabalho para se discutir e debater esse momento de dificuldades.

O Painel das Vendas de Livros no Brasil, documento divulgado mensalmente pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e pela Nielsen, acompanha o varejo de livros no país e demonstra, por meio de seus números, a evolução desse segmento do mercado. De fevereiro de 2017 até maio passado, o Painel manteve a sua seta apontada para cima, com crescimentos importantes tanto em número de exemplares vendidos, quanto em faturamento que crescia, até então, acima da inflação no período. Isso mudou em junho, quando o Painel demonstrou os efeitos da greve dos caminhoneiros no setor. Naquele mês e em comparação com igual período de 2017, livrarias, supermercados e lojas de autoatendimento perderam 2,92% do seu faturamento apurado com a venda de livros.

Mas o pior ainda estava por vir, alertou na época Ismael Borges, gestor da ferramenta Bookscan que é responsável pelo monitoramento do varejo de livros no País. E de fato, o pior veio. O mais recente relatório aponta que, por conta da Copa do Mundo de Futebol e do início das férias escolares, o varejo de livros teve nova queda. Dessa vez, o faturamento perdeu 3,19% e, em volume, a queda foi de 9,28%. O relatório é referente ao intervalo que vai do dia 18 de junho a 15 de julho. “Além dos fatores macroeconômicos e sazonais, não podemos perder de vista o impacto causado pela própria crise dentro do setor, que vem alterando o comportamento de vendas no varejo nos últimos dois meses”, observou Ismael.

Para Marcos da Veiga Pereira, presidente do SNEL, chama atenção a redução do número de ISBNs nesse 7º período do Painel, que indica uma menor bibliodiversidade. “A crise das principais redes de livrarias no Brasil tem feito o mercado se adequar, com a diminuição do número de lançamentos. Evidentemente, isto tem impacto nas vendas, mas precisamos continuar a trabalhar na valorização do livro para reverter este quadro a médio prazo”, afirma. Em igual período do ano passado, o varejo de livros movimentou 128.784 diferentes ISBNs. Em 2018, houve queda de 0,7% nesse número e passaram pelas livrarias 127.888 diferentes ISBNs.

Ao se comparar as 28 primeiras semanas de 2018 com igual período de 2017, no entanto, o que se vê é que houve crescimento de 9,97% do faturamento e de 5,24% no volume de livros vendidos. Em julho, o varejo de livros já ultrapassou a marca de R$ 1 bilhão, totalizando R$ 1.074.799.218,57. No ano passado, essa marca só seria ultrapassada em agosto. Ainda falando em números absolutos, nas 28 primeiras semanas de 2018, foram comercializados 24.169.190 exemplares ante os 22.966.049 vendidos em igual período do ano passado. Em outras palavras, em 2018 varejistas monitorados pela Nielsen já venderam mais de 1,2 milhão de exemplares a mais do que em 2017, demonstrando que a crise do setor não parece ser causada pela falta de demanda, apesar dos números negativos apurados nos dois últimos meses.

Para conferir a íntegra do documento preparado pela Nielsen e pelo SNEL, clique aqui.

[09/08/2018 10:50:00]