Um olhar sobre a maior feira de livros da América Latina (capítulo final)
PUBLISHNEWS, GIL VIEIRA SALES*, 29/11/2016
Gil Vieira Sales manda o último capítulo do seu 'Diário de Guadalajara' e faz um balanço final da sua participação na feira: 'sem nenhuma dúvida, queríamos muito uma Feira de Guadalajara para chamar d

Gil encerra o seu 'Diário de Guadalajara' | © Brazilian Publishers / CBL / Divulgação
Gil encerra o seu 'Diário de Guadalajara' | © Brazilian Publishers / CBL / Divulgação
¡Bueno, bueno! É chegada a hora do balanço final. A Feira de Guadalajara encerrou nesta quarta-feira o período reservado aos profissionais. Por isso, muitos dos que vieram para cá para negociar já começam a partir, tal como eu...

A nostalgia já toma conta e o desejo de repetir a dose (sem forçar nenhum trocadilho) é imenso. Sem nenhuma dúvida, queríamos muito uma Feira de Guadalajara para chamar de nossa!

Mas, por ora, deixemos então os mexicanos curtirem intensamente essa feira linda que dá tanto orgulho a eles.

A propósito, o público com o qual cruzei nos dias em que estive aqui parece sempre muito ávido por conhecer, olhar, pegar os livros. Gente de todas as idades e de formação das mais diversas: jovens, crianças, pais, avós, professores, bibliotecários. Todos explorando cada recôndito da feira, com cada evento sempre sendo muito prestigiado por todos. São sempre multidões circulando pelos espaços do centro de exposições. Muito lindo ver isso.

No estande em que estive, o da Câmara Brasileira do Livro / Brazilian Publishers, foram muitas as vezes em que o público mexicano entrou para ver e quis comprar os livros expostos, mas não podia (infelizmente, nesse tipo de estande os livros não podem ser vendidos, são apenas para exibição). Uma frustração grande, pois é nítido o interesse deles pelo objeto-livro. E, modéstia à parte, o mercado editorial brasileiro produz coisas lindas, que realmente chamam a atenção. O bacana é saber que entre os milhares (ou milhões?) de títulos que a feira exibe, o Brasil faz bonito.

A programação da FIL segue até domingo e muita água ainda vai rolar por debaixo dessa ponte. Os editores partem com a sensação de missão cumprida, pois as muitas reuniões e conversas acontecidas darão suporte a novas ideias, novos projetos, e (re) alimentarão a alma com a grande esperança de que os livros têm o poder sim de melhorar o mundo. Um megaevento como este em Guadalajara é um alento para nós que acreditamos no poder transformador da leitura. Tempos obscuros pedem reflexão e inteligência para traçar estratégias para um futuro melhor; e um futuro melhor não se faz sem livros.

Enfim, a saudade da feira é gigantesca já. Mas ano que vem tem mais. Volvemos ao Brasil com o potente som dos mariachis na cabeça, com as belas cores de Frida Kahlo nos olhos e a grande esperança no coração de que podemos mudar o mundo com livros, sempre.

¡Viva el México, viva el libro!


* Gilsandro Vieira Sales (ou só Gil para os nem tão íntimos) é coordenador de Literatura Infantil e Juvenil na Editora do Brasil. Bacharel e licenciado em Letras pela USP, tem paixão por livros, cultura e formação de leitores. Atua há quase dez anos no mercado editorial e ama o Brasil - com tudo o que ele representa.

[01/12/2016 09:38:00]