A 23ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) será realizada de 30 de julho a 3 de agosto. A data marca a volta ao período tradicional da Festa, entre julho e agosto. A curadoria continua com a editora Ana Lima Cecilio. Por conta dos efeitos da pandemia, a Flip foi adaptada para o formato virtual em 2020 e 2021. No retorno aos encontros presenciais, foram realizadas duas edições em novembro, em 2022 e 2023. Na sequência, em 2024, houve uma antecipação para o começo de outubro até que, em 2025, o retorno para o período original pôde ser concluído. “Estamos muito contentes com o engajamento dos agentes locais de Paraty, sobretudo prefeitura, pousadas e restaurantes, e a sensibilização dos patrocinadores, que tornou possível a volta da Flip para sua época original", diz Mauro Munhoz, diretor artístico, em nota. Desde sua primeira edição, a escolha pela realização da Festa no meio do ano foi tomada em conjunto com o poder público e moradores de Paraty para minimizar o esvaziamento da cidade fora da alta temporada, de acordo com a organização. "Com a realização da Flip nos meses de julho e agosto, ao longo dessas últimas duas décadas, a cidade conseguiu equacionar economicamente essa sazonalidade, consolidando uma segunda alta temporada no ano”, completa Munhoz. Clique no Leia mais para acessar a íntegra desta nota.

O ano do Nirvana, de Walther Moreira Santos, é o livro vencedor da 9ª edição do Prêmio Kindle de Literatura. O anúncio foi feito na noite desta segunda (17) em um evento descontraído para convidados. A obra foi avaliada pelo júri – composto por Cidinha da Silva, Andréa Del Fuego e João Silvério Trevisan – que esteve presente na cerimônia. Walther recebe o prêmio de R$ 50 mil – sendo R$ 40 mil em dinheiro e R$10 mil em adiantamento de royalties. Ele terá ainda o seu livro impresso por um dos selos do Grupo Editorial Record e será enviado aos assinantes da TAG Experiências Literárias, na modalidade curadoria. Além disso, a Audible premiará todos os cinco finalistas com a produção e publicação de seus audiolivros. Walther, que foi finalista do prêmio em 2022, leu o mesmo discurso que preparou na época. “Se ainda fizer sentido é porque eu escrevo alguma coisa que vale a pena ser lida”, brincou. “Sempre entendi que escrever é colocar uma mensagem em uma garrafa e soltar no mar. E se isso é uma metáfora, a Amazon transformou essa metáfora em realidade. Sou escritor porque o sofrimento humano me deve explicações, sou escritor porque a maldade me deve explicações, mas sobretudo sou escritor porque o gesto de generosidade dá sentido a vida como nenhum outro gesto”, disse. Ao PublishNews, Walther contou que escreveu a obra aos 20 anos e que decidiu inscrevê-la para o prêmio por ver que ela ainda é atual. "Ela faz perguntas do tipo 'como seria o Brasil daqui a 30 anos?'. É uma máquina do tempo", definiu. Walther concorria com Desafogo, de Lucas França; da morte sua, de Bruno Crispim; Histórias escritas na água: Romance, de Sonia Zaghetto; e Destinas, de Yara Fers. Clique no Leia mais para acessar a íntegra desta nota.

O mercado de audiolivros na região nórdica continua seu crescimento notável, impulsionado por serviços digitais baseados em assinatura e uma preferência crescente por conteúdo de ficção. Este artigo resume insights da minha apresentação no Parix Audio Day 2025 em Madri, na semana passada, onde examinei as últimas tendências na Suécia, Dinamarca, Noruega, Finlândia e Islândia. Com base em dados das Associações de Editores Suecas, Dinamarquesas, Norueguesas e Finlandesas, a apresentação fornece uma análise aprofundada de cada mercado para garantir uma precisão. Com uma população de 10,5 milhões, a Suécia continua sendo um dos mercados de livros digitais mais avançados do mundo. O mercado total de livros foi avaliado em 5 bilhões de coroas suecas (€ 441 milhões) em 2023 a preços ao consumidor, com os audiolivros representando 33,9% das receitas das editoras. (...) A publicação digital na região nórdica é cada vez mais definida por três elementos principais: áudio, assinatura e ficção. Na Suécia, Noruega e Finlândia, o consumo de livros digitais é impulsionado por serviços de streaming de audiolivros, que continuam a expandir sua participação no mercado. A ficção domina as vendas de audiolivros, refletindo as preferências do consumidor por narrativas envolventes em formatos digitais. Clique no Leia mais para acessar a íntegra deste artigo.

A Feira do Livro de Londres anunciou nesta terça-feira (18) que Gloria Bailey, diretora associada de serviços de exportação da Publishers Association, é a vencedora do Lifetime Achievement Award 2025. A Publishers Association é a associação de editoras e outras empresas do mercado editorial no Reino Unido. De acordo com a Feira, ao longo de sua carreira, Gloria desempenhou um papel fundamental no crescimento internacional das editoras do Reino Unido. Ela coordenou serviços de exportação e administrou o financiamento do Tradeshow Access Programme, ajudando inúmeras pequenas editoras a acessar mercados globais por meio de feiras internacionais – incluindo as feiras de Londres, Frankfurt, Bolonha, Xangai, Pequim, Sharjah, entre outras. Seu trabalho na promoção do setor editorial britânico no cenário internacional também envolveu uma estreita colaboração com o governo do Reino Unido. A influência de Gloria vai muito além do suporte logístico: ela é amplamente reconhecida por sua "profissionalismo, elegância e serenidade", além de seu "profundo conhecimento, ética de trabalho excepcional e personalidade acolhedora", segundo o comunicado da Feira. Ao dedicar mais de 40 anos ao apoio às editoras ao redor do mundo, Gloria teve um papel essencial no sucesso de empresas de diversos tamanhos e especialidades dentro do setor. "Quando entrei para a Publishers Association em 1983, nunca imaginei que estava iniciando uma jornada que me levaria a receber este prestigioso reconhecimento da comunidade editorial", disse a homenageada, em nota. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

José Rubens Siqueira, autor, tradutor, diretor teatral, cenógrafo e figurinista, morreu aos 79 anos nesta segunda-feira (17). Além de uma carreira sólida no teatro e do cinema, Rubens Siqueira teve uma importante atuação na literatura, traduzindo obras do inglês, espanhol, francês e italiano. Ao longo de sua carreira, traduziu, aproximadamente, 200 livros para editoras como Companhia das Letras, Objetiva, Record e Cosac Naify, incluindo obras de vencedores do Prêmio Nobel de Literatura, como J. M. Coetzee, Isaac Bashevis Singer e Toni Morrison. Ele também publicou, em 1995, o livro Viver de teatro: Uma biografia de Flávio Rangel, pela editora Nova Alexandria. Nascido em Sorocaba, em 1945, José Rubens era profissional da cultura há cinquenta anos, tendo escrito e dirigido peças teatrais, além de atuar e adaptar diversas montagens ao longo da sua vida artística. Sua última participação foi no elenco de O jardim das cerejeiras, peça de Anton Tchékhov, em cartaz pela Companhia da Memória, no Sesc Consolação em São Paulo. "Para a Companhia das Letras foi um parceiro de longa-data, tendo publicado mais de 90 livros ao longo dos anos", afirma a editora em um post nas redes sociais. "Tradutor do inglês, espanhol, francês e italiano, verteu para o português grandes obras da literatura mundial — entre seus principais trabalhos, destacam-se obras dos vencedores do Nobel de literatura Toni Morrison, J.M. Coetzee e Kazuo Ishiguro, além de clássicos de Salman Rushdie, Isaac Bashevis Singer e Vladimir Nabokov". Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

Na última semana, as profissionais do mercado Cassia Carrenho – vice-reitora da Faculdade LabPub – e Mariana Rolier – editora do selo Trama – anunciaram a criação do primeiro festival de literatura fantástica no Brasil, o FliFantasy. Marcado para o dia 13 de abril, no Marte Hall (Rua Domingos de Morais, 348 – São Paulo / SP), o evento irá homenagear Brandon Sanderson, um dos maiores nomes da literatura de fantasia contemporânea, e já conta com grandes nomes do cenário nacional confirmados, como Fábio Kabral, Tamirez Santos, Karen Soarele, Fábio Yabu, Mayra Sigwalt, Milena Enevoada, Leonel Caldela, Fábio Fernandes, Amanda Orlando e MM Izidoro. O evento ainda está em construção e com uma campanha de financiamento coletivo no Catarse para ajudar a tornar o evento possível. Além de ingressos antecipados, os apoiadores terão acesso a benefícios exclusivos, como encontros com convidados, materiais especiais e brindes temáticos. Cassia e Mariana responderam a três perguntas do PN. Clique no Leia mais para conferir a íntegra da entrevista.

Estão abertas as inscrições para a segunda edição do concurso literário Novas Leituras Curitibanas. Serão escolhidos 20 textos inéditos e ainda não publicados – nos gêneros de conto, crônica, poesia e dramaturgia – de escritores que residem em Curitiba ou em municípios da Região Metropolitana. O objetivo é valorizar os autores locais e dar espaço para que encontrem ou ampliem seus leitores. A lista com o nome dos 20 autores selecionados será divulgada no dia 10 de março. Todas as regras estão descritas no site e nas redes sociais da Pinguim Produções. Cada um dos selecionados vai receber cachê de R$ 800 e também vai participar de Rodas de Leitura, que serão realizadas nas Ruas da Cidadania, colégios, bibliotecas e outros espaços públicos da capital paranaense. Essas ações estão previstas para acontecer entre abril e julho deste ano e terão agendamento prévio. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

O Instituto Italiano de Cultura de São Paulo abre inscrições para o Clube de Leitura: Escritoras Italianas Contemporâneas, comandado por Maria Carolina Casati, professora e escritora. Serão quatro encontros (um por mês) e cada um discutirá um livro, todos escritos por mulheres. O ciclo é gratuito, mediante inscrição prévia por e-mail (stage.iicsanpaolo@esteri.it). Os livros poderão ser adquiridos com desconto pelos participantes. Os encontros serão presenciais, na sede do IICSP (Av. Higienópolis, 436 – São Paulo / SP), sempre entre 19h e 21h. Na programação estão: Cassandra em Mogadíscio, de Igiaba Scego, e Uma pluma escondida, de Lisa Ginzburg, ambos da Editora Nós. E A mais amada, de Teresa Ciabatti, e A reputação, de Ilaria Gaspari, da editora Âyiné. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

O escritor, editor e pesquisador Tiago Ferro vai ministrar o curso online Labirintos da Literatura Contemporânea. O curso se propõe a oferecer novas perspectivas de debate a partir da leitura cerrada de obras decisivas das últimas décadas e começa no dia 12 de março, sempre às quartas-feiras, 20h30. As aulas serão gravadas para quem não puder comparecer. Não é preciso ter formação em Letras ou realizar qualquer leitura prévia. As aulas têm duração de uma hora, totalizando 12 aulas. O curso custa R$160 mensais e o pagamento pode ser realizado via Pix. As inscrições devem ser realizadas pelo email tiagoferro2222@gmail.com. A ideia do curso é reunir interessados em literatura em geral para aprofundar a leitura e o entendimento da obra de autores como Annie Ernaux, Natalia Ginzburg, J.D. Salinger, Chico Buarque e Ricardo Piglia, entre outros. "Estudar a forma específica de uma obra literária e sua relação sempre difícil com a história é evitar as facilidades (e armadilhas) da linearidade histórica", explica Tiago. "É também entrar num labirinto de ideias, projetos, contingências, potências e frustrações. Os autores e autoras escolhidos cobrem boa parte dos principais debates do período que se inicia com o fim da Segunda Guerra e se encerra com o segundo mandato de Donald Trump. Partindo dessa hipótese, a literatura e seu labirinto formal jogam luz diversa em nosso presente". Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

A Editora Proverbo, em colaboração com a Fundação Quixote, acaba de lançar oficialmente o Prêmio Proverbo de Literatura 2025, um concurso literário de alcance nacional que visa reconhecer e incentivar escritores brasileiros. As inscrições estão abertas até 15 de março de 2025, contemplando duas modalidades: romance inédito e poema livre. Formulário e edital completo estão disponíveis no site do prêmio. O Prêmio Proverbo celebra os cinco anos da Editora Proverbo e reforça seu compromisso com a literatura brasileira, segundo a casa. Além de fomentar a criação literária, a iniciativa busca estimular a leitura e fortalecer parcerias entre diferentes regiões do país. "Nosso objetivo é abrir espaço para novos autores e valorizar a produção literária em língua portuguesa. Queremos que essa premiação se torne uma vitrine para escritores talentosos que ainda não tiveram a oportunidade de publicar suas obras", afirma Vilson Ferreira, editor na Proverbo. Na categoria romance, o vencedor receberá um prêmio de R$ 5 mil, a publicação do livro pela Editora Proverbo e o lançamento da obra no SALIPI – Salão do Livro do Piauí. Na categoria poema, o primeiro colocado ganhará R$ 3 mil, com publicação em coletânea e lançamento no mesmo evento. Segundo e terceiro lugares também serão premiados, e outros 27 poetas terão seus textos incluídos na coletânea. Podem participar maiores de 18 anos, de qualquer lugar do Brasil. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

Essa história é verdade verdadeira. Digo isso já, porque verossímil ela não é. Não raro as mais verdadeiras histórias são as mais inverossímeis. Pois bem, ainda no outro milênio tive um namorado. Esse namorado era um tanto mais velho que eu e em seus anos de faculdade havia sido comunista – comunista de verdade, de se filiar em partido e tudo. O partido decidiu investir nele e o mandou para uma viagem de um ano na Alemanha Oriental (eu disse que o relato é antigo...). Ele tinha um codinome, Ronaldo, algo assim. Pois Ronaldo se apaixonou por uma alemã, que o acolheu muito bem. Divertida, queria aproveitar a vida ao máximo e encontrou naquele brasileiro um ótimo companheiro. Vamos chamar a alemã de Hanna. Hanna, o primeiro amor de Ronaldo. Ronaldo era engraçado, popular, sempre teve facilidade de fazer amigos, mesmo em línguas nas quais não dominava. Assim, quando Juan chegou, a conexão foi imediata. Argentino, vivera recentemente a guerra das Malvinas, o que o fez ter ainda mais horror ao governo ditatorial de seu país e mais convicto que só o comunismo salvaria a América Latina. Juan e Ronaldo se tornaram inseparáveis. Ronaldo foi convidado para uma semana em outra cidade alemã para conhecer alguns meandros do regime então vigente no então país. Clique no Leia mais para conferir a íntegra desta crônica.

O grupo agreste-pb: literaturas e pesquisas sociais periféricas, sediado no Departamento de Ciências Sociais (DCS) e vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), divulgou a abertura de processo seletivo para a segunda turma do projeto de extensão “Jovens escritoras periféricas (Oficina literária)”. As inscrições vão até o dia 7 de março de 2025 e podem ser realizadas neste formulário. A coordenação é do Prof. Marcio Sá (DCS/PPGS/UFPB), doutor em Sociologia, autor de Além do barro (Cepe Editora), Filhos das feiras (Massangana) e Feirantes (Ed. UFPE), dentre outros. A ministrante é Ana Carolina Lemos, MSc. em Ciências da Linguagem e autora de diversos livros infanto juvenil (publicados pela Ciranda Cultural, Paulus e Suinara, dentre outras editoras). A segunda edição do projeto terá início em 20 de março e segue até junho de 2025. Serão 12 encontros (três módulos de quatro encontros cada), todos remotos, quinta-feira, das 19h às 21h30. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

Deserto azul (Rua do Sabão, 100 pp, R$ 60) é, como o autor Alexandre Sgreccia define, uma coletânea de registros fragmentados, soltos no tempo, sem unidade aparente. Misturam o vivido com o sonho, como se um fosse parte do outro, fantasias em que o pensamento se perde ao criar estórias para passar o tempo. Os três primeiros contos reunidos neste livro têm uma linguagem que junta o Sertão nordestino às terras áridas do norte de Minas, universo imaginário percorrido pelo personagem Zé da Cabrita, que intitula uma das histórias curtas. Na sequência, os contos remetem ao personagem angustiado que sente a proximidade do fim e se refugia nas lembranças, ora das pessoas que mais amou, ora de momentos ternos da sua infância, ora da rebeldia de sua juventude. O último conto revela o propósito do personagem que se prepara para a morte. “O que seria o exercício de colocar na tela do computador, esse lento e seletivo resgate de memórias erigidas numa morada do tempo, senão o ato precípuo de se desfazer lentamente delas?”, interroga. Uma possível unidade entre os diversos contos, frágil e ambígua, pode ser buscada pelo leitor a partir dessas revelações.

Uma coletânea publicada postumamente, A casa de bonecas e outras histórias (Cabriolé, 188 pp, R$ 52,90 – Trad.: Vanessa Rodrigues Thiago, Danilo Téo, Eduarda Amorim, Fernanda Alves Corrêa, Lara Freitas e Matheus Mitre El Tayar) traz 21 contos que remetem à infância da escritora, com o toque de sarcasmo característico de Katherine Mansfield. A coleção é composta ainda por A festa no jardim e outras histórias, Em uma pensão alemã e Êxtase e outras histórias. A obra de Mansfield capta múltiplos matizes de humor das personagens (com frequência, femininas) em situações do cotidiano, e continua atual em sua abordagem a relações sociais, conflitos e sentimentos. Nascida na Nova Zelândia, em 1888, Mansfield é uma das principais expoentes do modernismo de língua inglesa e é hoje celebrada no mundo todo como uma mestra da narrativa curta. É considerada uma pioneira da escrita do fluxo de consciência e uma das autoras mais talentosas em sua execução, admirada por nomes como Virginia Woolf e D. H. Lawrence.

Namorada de Jim Morrison, fotografada jogando xadrez nua com Marcel Duchamp, com artigos publicados em revistas como Rolling Stone e Esquire, a americana Eve Babitz estreia no Brasil com Dias lentos, encontros fugazes: o mundo, a carne e Los Angeles (Amarcord, 240 pp, R$ 64,90 – Trad.: Cecilia Madonna Young). Na obra ela compartilha a sua LA: quente, veloz, efêmera, imperiosa, sensual. Uma cidade que não se desculpa por não ser uma cidade, apesar dos olhares tortos que alguns lançam para sua sujeira, desorganização e cores vibrantes. Na L.A. dos anos sessenta e setenta, você pode encontrar Janis Joplin numa piscina, dar uma volta de carro com um famoso diretor de cinema, ir a festas na companhia de estrelas angustiadas e até visitar amigos escondidos no famoso Chateau Marmont. Mas, para isso, você precisa conhecer a galera certa. E Eve Babitz faz parte dela. Em dez contos, a escritora e artista visual descreve o glamour e a decadência da L.A. que só quem viveu a era do “sexo, drogas e rock and roll” sabe contar. Mas o que à primeira vista pode parecer uma aventura extravagante é, na verdade, uma deliciosa, ácida e inteligente autoficção que expande as fronteiras da imaginação e os limites da própria cidade. Eve Babitz foi por si só um acontecimento. Reconhecida por sua beleza e por experimentar livremente seus desejos, cultivou amigos, amantes e histórias de bastidores daqueles anos boêmios.

No primeiro conto de O veranista (7Letras, 152 pp, R$ 69,90), O capote de Baltazar, a metalinguagem é protagonista. Fabiano, um escritor ambicioso, divide com seus amigos o personagem que está criando, um velho misantropo. Em seu processo de escrita, memórias afetivas dissolvem os contornos de criador e criatura. A efervescente vida noturna em uma ilha é o ponto de partida para o conto A muralha de Ibiza, que narra o encontro homoerótico e furtivo entre dois estrangeiros à procura de companhia, e quem sabe, de si mesmos. A grande atriz Yedda Távora é a protagonista do conto que leva seu nome, em que o leitor é surpreendido com a mistura de diversos gêneros textuais e compartilha as experiências amorosas da adorável artista. E no conto-novela que dá título ao livro, o protagonista recebe dois hóspedes adolescentes para uma temporada em seu apartamento no Rio de Janeiro, e a convivência com os jovens desperta os desejos mais profundos. Com a prosa leve, Jorge Sá Earp apresenta histórias que parecem reais, nos deixando sem saber se é a vida que imita a arte ou se a arte imita a vida.

A obra Giraflor (FTD, 48 pp, R$ 70) realiza uma união de arte visual e literatura: a escritora Heloisa Pires Lima inspirou-se em dez telas do pintor mineiro Gildásio Jardim para criar dez contos. Carregados de prosa poética, eles ora transportam o leitor para mundos de encantamento, carregados de metáforas e cheios de fantasia e simbolismo, ora ressignificam objetos ou situações simples do cotidiano. A arte de Gildásio está enraizada na realidade do Vale do Jequitinhonha, onde vive, mas dialoga com a memória afetiva de pessoas em qualquer parte do planeta. Suas telas usam tecidos coloridos como a chita para destacar personagens e cenas da cultura popular brasileira. Giraflor e outros jequitinhonhas é o livro que surge dessas pinturas, em contos que retratam os diversos “jequitinhonhas”, os microcosmos ao mesmo tempo particulares e universais que habitam a região. A página de rosto informa ao leitor que se trata de um livro de Gildásio ilustrado com textos de Heloisa. Ou seja, ao contrário do que ocorre em outras criações literárias, nesta obra a ilustração precede o texto escrito, inspirando-o. A arte visual é protagonista do livro e assume papel fundamental em toda a trajetória narrativa.