Conforme chegamos ao fim de julho, os próximos meses prometem semanas agitadas para o mercado editorial e literário brasileiro. Além da Bienal Internacional do Livro de São Paulo (que começa no dia 6 de setembro), precedida pela Convenção Nacional de Livrarias, outubro verá a 22ª edição da Flip, em Paraty (dias 9 a 13), colada com a Feira do Livro de Frankfurt (16 a 20), e, para quem ficar no Brasil, o IV Festival Mário de Andrade (SP), 19 e 20, que está com edital de chamamento aberto. Em agosto, Bahia e Paraíba têm agenda movimentada, bem como o interior de Minas Gerais. No campo internacional, setembro terá dois eventos que podem atrair profissionais brasileiros – o International Summit of Audio Publishers, nos EUA, e a Feira do Livro de Gotemburgo, na Suécia –, e em novembro começam as feiras internacionais do livro de Sharjah (nos Emirados Árabes) e de Guadalajara (no México), a principal do mundo hispânico. Ainda nesta semana, começam a Comic Con San Diego (um dos maiores eventos de quadrinhos do mundo, nos EUA) e, em São Paulo, o 2º Festival Arena da Palavra e a 4ª edição da PerifaCon. O PublishNews preparou o calendário de eventos literários e editoriais do segundo semestre de 2024. Anote na agenda, planeje-se e boas viagens! Clique no Leia Mais para ver o calendário.

A Feira de Frankfurt (16 a 20 de outubro) lançou uma nova plataforma online chamada Frankfurt Connect, que tem como objetivo disponibilizar digitalmente mais serviços e recursos entre empresas (B2B) participantes da Feira durante todo o ano. Em maio, a organização anunciou a criação da plataforma e a classifica como “um LinkedIn para publishing” e que enfatiza o potencial de mídia social para o desenvolvimento do segmento. O Frankfurt Connect reúne também digitalmente os participantes da edição e os seus serviços comerciais num único local. A nova plataforma é moldada com a tecnologia da ExpoPlatform para feiras comerciais, como a adotada na IMEX Frankfurt. “O que é que queremos na Feira de Frankfurt? Queremos a troca de ideias para além das fronteiras nacionais. Queremos apresentar os nossos produtos e serviços. Queremos revitalizar velhos contatos e estabelecer novas relações comerciais. A partir de agora, vamos atrás de todos estes desejos também digitalmente: com o Frankfurt Connect como uma espinha dorsal digital para a nossa comunidade”, diz Juergen Boos, Diretor da Feira de Frankfurt. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

O Troféu HQMIX abriu inscrições de votantes já existentes e novos até o dia 10 de agosto. A convocação é para todos(as) que trabalham com quadrinhos no Brasil e queiram participar do maior troféu sul-americano da nona arte. A importância do HQMIX para desenhistas, roteiristas, editores e até para quem lê quadrinhos vai além de uma necessária premiação dos melhores no ano e coloca em destaque a produção de todos(as) que estão por trás desta área cultural, que está em constante crescimento no Brasil. Atualmente são mais de dois mil votantes, todos que necessariamente trabalham com a produção e edição de quadrinhos. Essa nova abertura de cadastramento geral é importante para arregimentar o crescimento na produção e edição observado a cada ano. Nos três últimos anos, por exemplo, cresceu muito a participação das mulheres na área, o que mostra esta evolução dentro da produção no mercado editorial. Neste ano foram mais de 1.500 inscritos para concorrer às 32 categorias listadas. A Comissão Organizadora do Troféu HQMIX analisará as solicitações e aprovará aquelas que cumprem os requisitos estipulados no cadastro. Quem trabalha com quadrinhos poderá se inscrever por meio do site no link. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

A atriz, roteirista e escritora Morgana Kretzmann foi vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura em 2021 com seu primeiro romance, Ao pó (Patuá). A autora gaúcha também roteirizou a série Tarã, série nacional prevista para estreia no Disney+ e que será estrelada por Xuxa. Agora, Morgana lança seu segundo romance, a ficção climática Água turva (Companhia das Letras). O livro se passa no Parque Estadual do Turvo, Rio Grande do Sul, fronteira com a Argentina, onde a guarda-florestal Chaya é a responsável por combater a caça exploratória de animais silvestres no parque. Em julho, a autora participou do seminário d'A Feira do Livro, realizado na Praça Charles Miller, no Pacaembu. Ela esteve presente com Ana Carolina Carvalho e Dianne Melo na mesa Ler na tempestade: por que recorremos à literatura para elaborar tragédias e momentos de incerteza?, que fez parte da programação de seminários Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas. Morgana Kretzmann respondeu a três perguntas do PN. Clique no Leia mais para ler a entrevista.

O PublishNews publica regularmente a Área Indie, espaço publieditorial que reúne informações sobre livros lançados de forma independente ou autopublicados. Para saber como participar da seção, escreva para o comercial no e-mail comercial@publishnews.com.br. Essa semana a Área Indie traz duas novidades. O médico e escritor Kallikrates Wallace, de Caraguatatuba (SP), apresenta ao mundo a fascinante Saga Barnard (Uiclap)! Uma obra de ficção científica que transporta os leitores para um futuro distante. Composta por sete livros repletos de ação e aventura, a saga gira em torno de um império autocrático que ameaça tanto a Terra quanto a própria humanidade. No enredo, uma troca de tecnologias entre os governos terrestres e uma dinastia tirana desencadeia um apocalipse iminente, quando robôs microscópicos utilizados para testes nucleares perdem o controle. Já na 2ª edição de Somos todos importantes nos caminhos da sustentabilidade (Clube de Autores), de Maria Rosana Navarro, atualizada e revisada após quase 12 anos da 1ª edição, foram adicionadas algumas novas informações de cunho construtivo para ampliar a nossa percepção de vida e suas mais diversas possibilidades. E evidenciar o conteúdo anteriormente exposto da nossa importância para a reconstrução do nosso mundo com valores mais humanos de amor, respeito, solidariedade. Clique no Leia Mais para ler a nota na íntegra.

A crítica literária e professora Ligia Gonçalves Diniz fará parte do programa principal da 22ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que será celebrada de 09 a 13 de outubro. Em maio, Ligia publicou O homem não existe: masculinidade, desejo e ficção (Zahar), livro de inspiração ensaística, no qual a autora reflete, a partir do olhar feminino e da teoria literária, a respeito das figurações do que é ser um homem. “A Ligia é uma intelectual rara: além da inteligência e da erudição, ela é muito bem-humorada e com essa leveza faz o leitor se sentir muito mais perto da literatura. Em seu O homem não existe, ela cria um catálogo literário, revisitando a tradição com uma necessária releitura das masculinidades e do feminismo”, diz Ana Lima Cecilio. Outros nomes já confirmados na edição deste ano são Édouard Louis, Juan Cárdenas, Ilaria Gaspari e Eliana Alves Cruz. O escritor João do Rio (1881-1921) será o autor homenageado. Ligia Gonçalves Diniz nasceu no Rio de Janeiro, em 1979. É doutora em literatura pela Universidade de Brasília (UnB) e professora de Teoria da Literatura e Literatura Comparada na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Também é autora de Imaginação como presença: o corpo e seus afetos na experiência literária (Editora UFPR, 2020), e, na imprensa, contribui com artigos para veículos como Folha de S. Paulo, El País, Nexo e Quatro cinco um. Clique no Leia Mais para ler a nota na íntegra.

No domingo, dia 4 de agosto, o público que gosta de ler e que deseja aumentar seu conhecimento a respeito da cultura judaica terá a oportunidade de conferir a 6ª edição da Feira do Livro Judaico em Português, no Espaço Orá Vessimchá (Rua Newton Prado 76, Bom Retiro – São Paulo / SP). O evento traz a oportunidade de encontrar importantes livros em português, inglês e hebraico, de diversas editoras, com muitos lançamentos e republicações de campeões de venda, com até 70% de desconto. Participam as editoras Sefer, Lubavitch, Ateret Israel, Bait, Or Yossef, Dor Leon, Makon, Maayanot. A Feira do Livro Judaico contará ainda com palestras e lançamentos de assuntos diversos. Entre os destaques, Marc Tawil, estrategista de comunicação e colunista da Época Negócios, sobre o impacto da Inteligência Artificial no trabalho e na comunicação; e um workshop sobre Paz no Oriente Médio, que contará com a presença de vários especialistas. Clique no Leia Mais para ler a matéria na íntegra.

O Radar de Licitações – seção fixa do PublishNews+ que reúne, semanalmente, informações sobre processos licitatórios para a compra, confecção de livros e demais serviços editoriais – traz mais dois novos editais. O primeiro visa a aquisição de livros didáticos para rede municipal de ensino na região nordeste do Brasil, e o valor chega a R$ 1,8 milhão. Já o segundo edital tem como objeto ata de registro de preço para eventual fornecimento de kit de livros paradidáticos atendendo a crianças e professores de diferentes níveis. O valor chega bem próximo a R$ 15 milhões. A seção, exclusiva para os assinantes do PN+, é alimentada pelo Radar de Licitações, consultoria de Natália Vieira que, além de buscar novas licitações, presta um serviço de apoio aos editores e distribuidores interessados em vender para governos, nas mais diversas esferas de poder. Para acessar o Radar dessa semana, clique aqui.

No próximo dia 27 de julho (sábado), o escritor Tiago Ferro estará presente no programa Segundas Intenções, realizado na Biblioteca Parque Villa-Lobos (Av. Queiroz Filho, 1205, Alto de Pinheiros – São Paulo / SP). O encontro, que acontece na oca da biblioteca, será conduzido pelo jornalista Manuel da Costa Pinto, a partir das 15 horas. O escritor e editor brasileiro, autor dos romances O pai da menina morta (vencedor dos prêmios Jabuti de melhor romance e São Paulo de Literatura de melhor romance de estreia) e O seu terrível abraço (2023), ambos lançados pela editora Todavia, tem suas obras publicadas na Colômbia, Argentina, Portugal e Suécia. Além de sua carreira literária, colabora com textos sobre cultura e política para a Folha de São Paulo e a revista Piauí. Doutor em história social pela Universidade de São Paulo, desenvolveu uma pesquisa sobre a obra do crítico literário Roberto Schwarz e foi visiting fellow na Princeton University em 2023-2024. É um dos fundadores da editora independente e-galáxia e da revista de ensaios Peixe-elétrico, responsável por publicar no Brasil autores renomados como Diamela Eltit e Ricardo Piglia, entre outros. Clique no Leia Mais para ler a nota na íntegra.

No próximo dia 25 de julho (quinta-feira), das 18h às 23h, a Janela Livraria (R. Maria Angélica, 171 - loja B - Jardim Botânico – Rio de Janeiro / RJ, vai receber um lançamento triplo. A atriz, roteirista e diretora Alice Carvalho lançará seu terceiro livro, a dramaturgia Inkubus, ilustrado pela artista Dapenha, que também estará presente. Já o cartunista, quadrinista e roteirista Arnaldo Branco autografa seu primeiro livro de crônicas, A Bíblia tinha que ser um PowerPoint. Além deles, o cronista e editor Carlos Fialho assinará o seu Não peça nudes, papai!. O evento é promovido pela Escribas Editora, de Natal (RN), que lança os três livros. A partir de vivências que fazem parte da milhares de mulheres mundo afora, a narrativa de Inkubus conta a história de Mosquitto, uma artista de rua com histórico de abusos físicos e psicológicos que nutre uma relação conturbada com a mãe. Alice Carvalho é atriz, autora, diretora e artista visual brasileira. Já o trabalho criativo de Arnaldo Branco é um dos mais consistentes e versáteis entre os autores de sua geração. Desde que brotou com os quadrinhos do Capitão Presença e seguiu com as tirinhas do Mundinho Animal, já dava mostras de seu talento narrativo, potencial humorístico e poder de síntese. Em A Bíblia tinha que ser um PowerPoint, estão algumas de suas crônicas que mereciam ser publicadas em livro. Clique no Leia Mais para ler a nota na íntegra.

Com uma abordagem clara e concisa, a obra Narrativas literárias na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental (Global, 336 pp, R$ 79 – Trad.: Judith Nuria Maida) destaca o que um plano de educação de leitores para a primeira infância deve privilegiar. O livro sugere um vasto número de atividades de aprendizagem que podem ser facilmente implementadas nas salas de aula da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental, além de oferecer suporte teórico e prático para futuros professores em formação universitária. A obra é um recurso essencial para educadores, coordenadores pedagógicos e demais profissionais da área, e busca promover o desenvolvimento artístico, emocional e lúdico das crianças por meio da literatura. Ao estimular a imaginação e a reflexão crítica desde cedo, os livros contribuem para a formação integral dos pequenos leitores. Escrito por Teresa Colomer, Mireia Manresa, Lucas Ramada Prieto e Lara Reyes López, o trabalho oferece uma visão aprofundada e inovadora sobre a relevância das narrativas literárias no desenvolvimento dos alunos. O livro é fruto de mais de uma década de pesquisa e prática desenvolvidas pelo Gretel (Grupo de Investigação em Literatura Infantil e Juvenil e Educação Literária da Universidade Autônoma de Barcelona), coordenado pela professora Colomer. A experiência acumulada na formação contínua de professores e na atuação em escolas e institutos públicos é apresentada em dez capítulos que abordam desde a familiarização inicial com os livros até a compreensão mais complexa das obras literárias.

Em março de 2024, O avesso da pele (Companhia das Letras), livro de Jeferson Tenório que discute o racismo, foi recolhido de escolas em três estados do país, depois da diretora de uma instituição no Rio Grande do Sul pedir que a obra fosse banida, por considerá-la imprópria para alunos de ensino médio, que têm entre 14 e 18 anos. Esse é apenas o caso mais recente de uma série que vêm se desdobrando nos últimos anos e demonstram o que se passa no Brasil em termos de censura à arte e, mais especificamente, à literatura. Organizado por João Luís Ceccantini, Eliane Galvão e Thiago Alves Valente, o livro Literatura infantil e juvenil na fogueira (Aletria, 552 pp, R$ 85) é fruto de uma iniciativa do Grupo de Trabalho Leitura e Literatura Infantil e Juvenil da Associação Nacional de Pós-Graduação em Literatura e Linguística (ANPOLL) e apresenta uma coletânea de capítulos que problematizam a questão da censura. O objeto central é composto de um conjunto de obras literárias editadas especificamente para crianças e jovens que têm sido alvo de críticas pesadas, ainda que despropositadas e impertinentes. O livro reúne em torno da discussão sobre a censura especialistas na literatura infantil e juvenil cujos trabalhos constituem uma importante base de sustentação teórica e metodológica para pesquisas em âmbito nacional. Sua proposta é trazer para uma esfera mais ampla o debate sobre a qualidade literária dos textos sob ataque e o questionamento franco da legitimidade dessas investidas. É uma obra que se configura como movimento de resistência a esse processo, espaço de manutenção do diálogo e convite ao debate, além de uma referência essencial para pesquisadores e entusiastas do campo.

Virginia Woolf não foi nem queria ser uma autora anônima. Longe disso. Tampouco era uma leitora comum. Aliás, a autora anônima é inseparável da leitora comum. Estão ambas ligadas à ideia do caráter democrático da arte poética ou narrativa: de um lado, está a pessoa que por gosto, talento ou estratégia produz e ao mesmo tempo transmite, anonimamente, o conto ou o canto que resulta de seu dom e sentimento; e, do outro, quem ouve ou lê por prazer ou curiosidade ou seja, a ouvinte comum, ou, na era da imprensa, a leitora comum. Este livro, organizado e traduzido por Tomaz Tadeu, tenta cobrir os dois lados da equação. Do lado da produção, está o texto Anon (Autêntica, 192 pp, R$ 79,80 – Trad.: Tomaz Tadeu), escrito por Virginia um pouco antes de sua morte em 1941. Do lado da audição ou da leitura, está O leitor, texto que ela esboçara juntamente com o primeiro. A obra se completa com outros textos de Virginia que têm relação com a questão do anonimato. Num mundo e numa época em que reinam a visibilidade e a exposição, essas reflexões ainda têm sua importância. O anonimato é, em geral, resultado da repressão e do veto, mas também pode ser, como demonstra Virginia, um instrumento de protesto e rebelião. Anon vive.

A obra Clubes de leitura (Solisluna, 192 pp, R$ 59,90) apresenta as concepções centrais de clubes de leitura e formação de leitores sobre as quais o trabalho das autoras se estrutura: a literatura como o fio condutor, o acolhimento, a escuta atenta, livre de preconceitos. Os clubes de leitura são entendidos como rodas de conversas em que todos têm protagonismo; como espaços de abertura irrestrita ao diálogo. O livro não tem como pretensão agir como material manualísticouem e é, na verdade, um convite à reflexão ao leitor sobre o poder revolucionário que a leitura literária pode ter em comunidades diversas. Dividido em cinco partes, o livro mescla textos de análise e crônicas inspiradas em fatos, pessoas e experiências reais (mas que receberam tratamento ficcional como forma de preservar identidades). É uma obra sobre práticas, que está ancorada em um robusto referencial teórico, tendo Antonio Candido e Paulo Freire como alguns dos pilares.

Quando Claude Lefort publicou o livro O trabalho da obra Maquiavel (Todavia / Editora UFMG, 800 pp., R$ 189,90 – Trad.: Gabriel Pancera, Helton Adverse e José Luiz Ames) na França, há cinquenta anos, estava inaugurando uma leitura de Maquiavel absolutamente inovadora, resultado de uma pesquisa de doutorado, realizada sob a direção de Raymond Aron. Nesta interpretação o autor nos apresenta sua própria leitura, avançando em uma direção pouco explorada: aquela que conduz ao conflito como um aspecto estruturante da vida política. O Maquiavel de Claude Lefort está muito além do conselheiro do príncipe ou do fundador da ciência política. Ele é o pensador da divisão social, dos impasses da política e dos desafios da liberdade. O que esses textos ensinam o leitor não é propriamente uma “ciência política”, no sentido de um saber completo que nos daria um acesso privilegiado à cena pública. Maquiavel, de acordo com a perspectiva de Lefort, segue outra direção: aquela que denuncia nos saberes “totalizantes” a marca da “ideologia".